14 Outubro 2020
Cecilia Marogna, a administradora de Cagliari de 39 anos que se tornou conhecida como a “dama do cardeal”, foi presa devido à relação de confiança que a vincularia ao ex-número dois da Secretaria de Estado do Vaticano, o cardeal Angelo Becciu.
A reportagem é publicada por Adnkronos, 13-10-2020. A tradução é de Luisa Rabolini.
Marogna foi presa em Milão pela polícia financeira: os investigadores do Vaticano emitiram um mandado de prisão internacional contra ela, ativando a Interpol. Na mira dos investigadores do Vaticano, conforme revelado por uma investigação das Iene (TV), as transferências de meio milhão de euros recebidas da Santa Sé para operações humanitárias secretas na Ásia e na África, e quase metade do valor acabou na compra de bolsas, cosméticos e outros produtos de luxo. Marogna, que estaria de posse de uma carta assinada por Becciu credenciando-a como pessoa de sua confiança, teria recebido o dinheiro em várias remessas entre dezembro de 2018 e julho de 2019 na conta-corrente da Logsic d.o.o., a empresa, com sede em Liubliana, da qual ela é a administradora. Todos os pagamentos com a finalidade de “contribuição para missão humanitária”. Daqueles cerca de 500 mil euros, porém, quase 200 mil teriam sido gastos em roupas, restaurantes e acessórios de luxo (entre outras coisas, 12 mil euros na Poltrona Frau, 2,2 mil na Prada, 1,4 mil na Tod's, 8 mil na Chanel).
Além disso, a própria Logsic teria se revelado uma empresa 'fantasma', tanto que no prédio de Liubliana, indicado como sua sede, as Iene encontraram apenas uma caixa postal - compartilhada com outras cinco empresas -, e um escritório fechado sem sequer uma placa. As transferências em questão teriam sido assinadas quando Becciu já havia sido sucedido como Substituto para Assuntos Gerais pelo monsenhor Edgar Pena Parra, mas teria sido o ex-prefeito da Congregação para as Causas dos Santos quem pediu a monsenhor Alberto Perlasca, na época chefe do escritório administrativo da SdE (agora sob investigação pelo Vaticano), que honrasse os acordos tomados com a diretora da Logsic. Marogna, que se apresenta como especialista em relações diplomáticas e diplomacia paralela, teria entrado em contato com o cardeal em 2016, propondo-se como mediadora em crises internacionais de vários tipos.
Becciu, após ter afirmado à luz das notícias divulgadas de que se sentia "enganado" e disposto a registrar queixa contra a senhora, também especificou, por meio de seu representante legal, o advogado Fábio Viglione, que "os contatos com Cecília Marogna dizem respeito exclusivamente a questões institucionais".
Quanto à senhora, reivindicou "o resultado de ter construído uma rede de relações na África e no Oriente Médio para proteger as Nunciaturas e as Missões dos riscos ambientais e de células terroristas", explicando que "os fundos na Eslovênia eram uma garantia para as operações na África" E sobre os gastos com bens de luxo esclareceu às Iene: “Foi como uma restituição dos adiantamentos que eu tinha usado como meus recursos...”. Por outro lado, “exerço uma profissão delicada, particular, nós não fazemos pagamentos por transferência bancária ou retenção na fonte...”, e, nos “dois anos anteriores” às transferências, “adiantei recursos de 220 mil libras...”.
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Vaticano, presa Cecilia Marogna, a “dama di Becciu” - Instituto Humanitas Unisinos - IHU