Perlasca, a ‘mão direita’ de Becciu, ‘garganta profunda’ da investigação do Vaticano

Foto: La Stampa

Mais Lidos

  • A luta por território, principal bandeira dos povos indígenas na COP30, é a estratégia mais eficaz para a mitigação da crise ambiental, afirma o entrevistado

    COP30. Dois projetos em disputa: o da floresta que sustenta ou do capital que devora. Entrevista especial com Milton Felipe Pinheiro

    LER MAIS
  • "A ideologia da vergonha e o clero do Brasil": uma conversa com William Castilho Pereira

    LER MAIS
  • O “non expedit” de Francisco: a prisão do “mito” e a vingança da história. Artigo de Thiago Gama

    LER MAIS

Revista ihu on-line

O veneno automático e infinito do ódio e suas atualizações no século XXI

Edição: 557

Leia mais

Um caleidoscópio chamado Rio Grande do Sul

Edição: 556

Leia mais

Entre códigos e consciência: desafios da IA

Edição: 555

Leia mais

03 Outubro 2020

Alberto Perlasca teria revelado detalhes sobre o desvio de fundos na Secretaria de Estado

A reportagem é de Jesús Bastante, publicada por Religión Digital, 02.10.2020. A tradução é de Wagner Fernandes de Azevedo.

Durante anos, ele foi seu braço direito na Secretaria de Estado. Chefe do Gabinete Administrativo da infame Primeira Secção (invadida pela Gendarmaria em outubro passado) e um dos envolvidos na investigação de investimentos financeiros e imobiliários. Alberto Perlasca teve seus computadores confiscados em fevereiro. Agora, em meio ao “escândalo Becciu”, ele acusa o ex-prefeito de estar por trás de um complô que movimentou centenas de milhões de euros do Vaticano.

Perlasca, de acordo com Adnkronos, seria a “garganta profunda” na investigação do Vaticano que terminou com a defenestração de Becciu. O monsenhor, Gianluigi Torzi e Raffaele Mincione já estão sendo investigados pelo desvio de fundos da Secretaria de Estado e do Óbolo de São Pedro, que também terminará – segundo fontes consultadas – com a acusação do cardeal italiano (nominalmente continua sendo assim).

Segundo a agência, o padre, em um “grito por justiça” desesperado e sincero, teria contado a um cardeal próximo muitos dos segredos compartilhados durante os anos em que trabalhou com Becciu. Este cardeal foi quem informou os investigadores do Vaticano.

Perlasca teria focado suas acusações durante o tempo em que o secretário de Estado Pietro Parolin estava ausente por motivos de saúde, e na Cúria pensava-se que o verdadeiro homem do Papa na secretaria de Estado era Becciu, e não o ‘número dois’.

O monsenhor italiano revelou aos investigadores que tinha recebido um pedido do cardeal para fazer uma transferência de cem mil euros a uma cooperativa em dificuldades da Sardenha (a de seu irmão), bem como relações estreitas com alguns meios de comunicação, aos quais poderia ter vazado informações indiscretas sobre Parolin e sobre o sucessor de Becciu, Edgar Peña Parra. Por fim, revelou também o papel de Becciu – e de Mincione – na compra do famoso palácio da Sloane Square, em Londres.

Becciu: “espanto e dor extrema”

As acusações de Perlasca foram negadas por Becciu, “categoricamente”, expressando “espanto e dor extrema” pela “traição” de quem foi o seu principal colaborador.

“Embora simpatize com ele, humanamente e cristianamente, pelo difícil momento pessoal que atravessa devido à investigação em que está envolvido e da qual estaria a se defender, Becciu rejeita categoricamente qualquer tipo de alusão a relações privilegiadas com a imprensa, argumento que foi usado para fins difamatórios contra altos prelados”, observou o advogado de Becciu, Fabio Viglione, em uma nota.

“Dado que estes fatos são abertamente falsos, recebi mandato expresso para denunciar difamação de qualquer origem, a fim de proteger a sua honra e reputação, perante os órgãos judiciais competentes”, conclui o advogado Viglione.

Leia mais