“Certificado antipedofilia”: o pedido para o novo presidente da Conferência Episcopal Italiana

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25 Mai 2022

 

Uma comissão independente de investigação sobre pedofilia e abusos cometidos pelo clero que tenha acesso livre e pleno aos arquivos eclesiásticos. Indenização às vítimas, obrigação de denunciar e abolição dos prazos de prescrição dos culpados. Supervisão de candidatos ao ministério presbiteral, extensão do "certificado antipedofilia" também a padres, religiosos e funcionários das instituições católicas.

 

A reportagem é de Luca Kocci, publicada por Il Manifesto, 24-05-2022. A tradução é de Luisa Rabolini.

 

São os pedidos dirigidos pela Coordenação contra os abusos na Igreja Católica aos bispos italianos, que até sexta-feira, - ontem se encontraram com o Papa no Vaticano, a portas fechadas - estão reunidos para a sua assembleia geral, que deverá indicar a lista tríplice de candidatos entre os quais o Papa Francisco escolherá o novo presidente da CEI.

 

A carta, enviada há vários dias ao presidente em saída da Conferência do Episcopado Italiano - CEI, cardeal Bassetti, e aos mais de 220 bispos italianos, foi promovida pelo movimento ItalyChurchToo, do qual fazem parte associações de vítimas como Rete L'Abuso, grupos para a reforma como Noi Siamo Chiesa e pela igualdade de direitos na Igreja (Donne per la Chiesa, Voices of Faith, Comité de la Jupe), o Observatório Inter-religioso sobre violências contra as mulheres e as revistas Adista e Left. Recebeu centenas de adesões de teólogos, biblistas, sacerdotes, religiosos e religiosas, bem como de dezenas de vítimas de abusos sexuais, mas também psicológicos e espirituais, como de pessoas que saíram dos movimentos, dos Focolares à Opus Dei.

 

"Os abusos perpetrados dentro da Igreja afetam as pessoas em seus corpos, em suas vidas, em suas consciências: são violações dos direitos humanos", e "se a Igreja não respeita os direitos humanos, não pode pregar o Evangelho", afirma o texto. Que em seguida lista os pedidos, segundo as palavras "verdade, justiça e prevenção".

 

A primeira é “a plena colaboração da Igreja italiana em uma investigação independente, conduzida por profissionais credíveis e super partes, que lance luz sobre os abusos cometidos pelo clero na Itália”, tendo pleno acesso aos arquivos. Ou seja, o que já aconteceu em vários países por iniciativa das próprias Igrejas nacionais e diocesanas, como na França e na Alemanha.

 

Isso é bem diferente do Observatório de Combate à Pedofilia e à Pornografia Infantil, criado no Ministério da Igualdade de Oportunidades e Família, do qual a CEI também participa. “Não estamos dispostos a aceitar sinergias com instituições estatais que não contemplem uma investigação séria do passado” e “um envolvimento direto das vítimas”, explicam da ItalyChurchToo, rejeitando também a proposta recebida nos últimos meses dos bispos: solicitar uma investigação interna ao Serviço Nacional de Proteção de Menores da CEI.

 

Além desse, os demais pedem: indenização “pelos danos biológicos, psicológicos, morais e econômicos” sofridos pelas vítimas; obrigação de denunciar às autoridades civis e "eliminação dos prazos de prescrição para os abusos"; "certificado antipedofilia" também para o clero (previsto pela Convenção de Lanzarote, ratificada pelo governo italiano).

 

Além daquele da ItalyChurchToo - na sexta-feira haverá uma entrevista coletiva para informar as reações da CEI -, há dois outros apelos para uma comissão independente de investigação sobre os abusos na Igreja: um de cerca de cinquenta teólogos e teólogas, outro de 26 grupos "conciliares” reunidos pela rede dos Viandanti. Um sinal de que o problema agora já é evidente. Resta saber qual será a resposta dos bispos.

 

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