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Os indígenas e a mudança da universidade

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17 Abril 2023

Da escola à pós-graduação, a educação brasileira permanece arredia e ignorante em relação aos povos originários. Mas uma mudança epistêmica está em curso – e a Academia precisará se pensar também a partir dos indígenas que a constituem

O artigo é de Telma Domingues da Silva, linguista e analista do discurso, professora aposentada e pesquisadora do discurso jornalístico e do discurso do ambiental, publicado por Outras Palavras, 13-04-2023.

Eis o artigo. 

As diversas populações indígenas, como sabemos, continuam a ser atacadas em seus territórios, pelas práticas vorazes de apropriação dos recursos, e no imaginário social, que mantêm o indígena fora da sua/nossa própria história.

Embora talvez não sejamos capazes de admitir, há na sociedade a dificuldade em se relacionar com o real da presença indígena – e os depoimentos dos sujeitos que passaram pela universidade brasileira são muito significativos em relação a esse fato.

Ailton Krenak, em um evento sobre sustentabilidade na Unicamp, em 10 de março deste ano (veja o vídeo), reconhece, na sua acolhida calorosa, o momento atual do país como especialmente promissor. No presente, parece possível que a sociedade brasileira comece a corrigir o que chama de “racismo institucional”, em relação às populações originárias, relacionado à segregação instaurada como marca fundadora em nossa história.

Krenak remete à imagem da subida da rampa na posse de Lula este ano, em que o presidente se faz acompanhar por um grupo representativo da diversidade, em meio ao qual estava Raoni, significando a população indígena. O palestrante Krenak repete algumas vezes a expressão “visibilidade flagrante”, talvez para que nossos ouvidos (brancos) não se façam de surdos, para que essa verdade promissora ecoe no espaço acadêmico e repercuta na sociedade (branca), para que sim possamos afirmar, reafirmar, confirmar.

E comemorar também: “Viva! – a visibilidade dessa gente invisível!”, diz Krenak.

Sim, viva!!! Finalmente, Krenak reconhecido, não é um elemento folclórico, mas é autor consagrado, alguém cuja palavra é ouvida cada vez mais.

De Juruna, com seu gravador, passando por Raoni, a Krenak, hoje, muita coisa mudou, não porque a sociedade tenha mudado muito em relação à questão indígena, mas sim porque houve muita luta e resistência por parte das próprias populações indígenas, que têm frutificado.

Quando nos dispomos a ouvir o depoimento dos sujeitos provenientes de comunidades indígenas, em seus percursos enquanto estudantes na nossa sociedade, deparamo-nos com a realidade massacrante das inúmeras dificuldades, que, de um centramento posto pela perspectiva histórica (ideológica) europeia, são ainda inimagináveis – o que indica que, nessa perspectiva, continuamos cegos, distantes, alheios à importância do reconhecimento da memória, da história dos povos originários como parte da nossa história/memória como país.

Se, com relação à escolarização, temos, na atual conjuntura, situações várias e variadas de uma escola em ambiente indígena, com professores indígenas ou que se habilitam para atuar especificamente com esse público, com relação à universidade isso não ocorre, ou seja, nesse grau da formação, o sujeito necessariamente se insere em um ambiente que é marcado como território branco. Há então um deslocamento mais flagrante, que começa por obrigar o sujeito a habitar grandes centros urbanos, afastando-o de seu modo de vida e de sua comunidade.

De um lado, o risco desse sujeito perder-se de seu pertencimento enquanto indígena (Bororó, Baniwa, Munduruku, Guarani Kaiowá, Tukano etc. etc. etc.), diante da dura resistência que se mostra no mundo não-indígena em receber, acolher, o sujeito indígena. Na realidade, pelo que ouvi dos depoimentos dos sujeitos provenientes das comunidades originárias, que conseguiram realizar uma formação universitária, diante do fato de sua presença, no cotidiano acadêmico, esta é ignorada. Ou seja, o corpo indígena ainda é invisível no próprio contexto da universidade que o recebe, não só aos olhos dos colegas de curso, mas muitas vezes aos olhos também dos professores, além de ser profundamente ignorado pela instituição, em termos de um acolhimento mínimo necessário.

Hoje professor na Universidade Federal da Bahia, Edson Kayapó (Cf. “Diálogos interculturais: povos indígenas e a universidade. O que os estudantes indígenas esperam da universidade? O que a universidade pública espera dos estudantes indígenas?”, evento ocorrido no Salão Nobre da FE da Unicamp, em 2 de março deste ano) diz que quando aluno era chamado de peruano, chileno, boliviano etc. pelos colegas. Na UFMG, nos anos 1990, “Nunca ninguém conversou comigo sobre temática indígena”. Em muitos outros depoimentos de alunos universitários, podemos ouvir das diversas situações em que são rejeitados quando se colocam como indígenas, por exemplo em atividades de grupo nas salas de aula.

O livro Universidade: território indígena, organizado por Edson Kayapó e Kassiane Schwingel, traz depoimentos de sujeitos que pertencem a populações originárias, e que são ou foram alunos em universidades brasileiras. Muitas questões estão aí expostas. Como é sair da convivência na sua comunidade para realizar um percurso acadêmico, o que isso pode significar para a sua comunidade de origem? Como é esse convívio com os não-indígenas?

Alguns sujeitos enfrentam as dificuldades de se inserirem nas universidades, procurando fazer uma formação acadêmica no contexto dessa sociedade – científica, urbana, capitalista. Realizam um percurso acadêmico no sentido mesmo de, ao adquirirem uma formação (na escola, universidade, pesquisa científica), estarem em condições políticas de atuar em favor de um outro modo de confrontar esse nosso des-encontro entre a história (ideologia) “branca” e a outra história, silenciada, que poderia SIGNIFICAR o país a partir de um outro lugar, considerando os povos originários, além dos povos da diáspora.

Para o movimento indígena, a universidade é mais uma luta, mais um território pelo qual as diversas populações têm de lutar para garantir seus direitos. No interior desse movimento, afirma-se que o Estado brasileiro deve acesso à Universidade a essa população, e permanência. Percebe-se ainda que, além de significar resistência, a participação na universidade para o sujeito indígena pode significar a “retomada de um território importante para a memória indígena e para as perspectivas de futuro” (Kayapó e Schwingel, 2021, p. 4).

Edson Kayapó nos lembra que a universidade é, ela também, um projeto colonialista. A nós que fazemos parte desse mundo acadêmico e que lutamos por um país de fato mais diverso, cabe-nos questionar sobre como sair dessa sociedade ainda colonialista, questionamento que pode, e de fato se dá, no interior da própria Universidade – pois esquecemos que a universidade compõe o projeto colonialista, atentos à educação enquanto luta política, atentos às potencialidades revolucionárias da ciência e/ou da reflexão acadêmica.

Assim, escutar é o que pode fazer a diferença. Escutar os sujeitos que se inscrevem nessa memória outra – o pertencimento à ancestralidade que o marca como parte de uma entre as várias comunidades que compreendem os povos originários no território brasileiro. E escutar significa “não saber antes”, ou seja, significa poder primeiramente escutar de e escutar sobre.

E isso não porque queiramos “salvar” as populações, mas justamente o contrário. A sociedade brasileira vem sistematicamente perdendo a oportunidade de se compreender a partir da autorização das outras perspectivas históricas que a compõem. Isso é muito grave, é desolador.

Algo assim como visitar uma exposição fotográfica chamada “Amazônia” em 2022 e ver como se continua a valorizar o olhar que estereotipa o sujeito indígena, colocando-o mais uma vez como objeto exótico – alimentando portanto o imaginário sobre o indígena no Brasil, imaginário colonial que pressupõe a manutenção/atualização da imagem de extermínio.

De diversos lugares, inclusive lugares importantes da cultura e da ciência, pode-se em algum grau produzir o desconhecimento, e permanecer diante desse alheamento ao qual, como cidadãos brasileiros, estamos submersos em relação às populações originárias: sobre sua memória, suas práticas sociais, econômicas, sua espiritualidade, suas formas de expressão artística, seus conhecimentos, línguas, permanecemos muito, muito ignorantes.

E sobretudo quanto à sua resistência. Entre os favoráveis aos direitos indígenas, ainda assim eventualmente ignoramos que as conquistas recentes não foram um presente das autoridades (brancas). E passeamos na exposição fotográfica, diante das belas imagens amazônicas, na fantasia de participar de um movimento de “conhecimento”, de valorização. Veja: seria este um lugar no contexto artístico, cultural, em defesa do indígena e nele mesmo pode-se manter o olhar sobre as populações originárias como passado longínquo, sobretudo como resto desse passado que podemos ainda observar (por pouco tempo!).

É um momento importante na conjuntura política, podemos talvez avançar mais em termos dos direitos. Mas dar lugar na sociedade à população indígena significa nos deslocar sobretudo em termos ideológicos, deslocar consideravelmente a perspectiva para que possamos olhar o indígena real, que faz parte hoje do país.

As populações indígenas vêm tendo acesso à escola, uma escola precarizada como a maior parte das escolas para as populações segregadas no país. O agravante é que a escola (o mesmo serve para a universidade) não leva em conta, de modo algum, o conhecimento dos povos originários.

Assim, participar da formação escolar muitas vezes significa ao indígena desaprender. No artigo “Desaprendendo na escola”, José Bessa conta como o pajé diz de um jovem que ele não sabe nada, infelizmente, porque ele foi para a escola (dos brancos).

Depois de 2000 (é de 2008 o Programa de Licenciatura Intercultural Indígena – PROLIND), a entrada da população indígena na universidade deixa de ser uma aventura de alguns indivíduos mais ousados, para de algum modo ser incluída timidamente como projeto político.

Assim, essa população tem tido acesso a cursos de graduação, acesso à atividade de magistério, forçando os limites da educação enquanto herança europeia. E essa formação retorna para o país como ganho.

No que tange à população indígena, podemos então deixar de olhar somente para a perda: a perda do número de nações indígenas, a perda do número de indivíduos, a perda da língua, a perda da cultura; e como universidade, deixar de olhar para a vida das comunidades como dado etnográfico que produz a realidade de um objeto enquanto cognoscível pela ciência, em vias de se extinguir.

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