05 Setembro 2022
A sinodalidade sempre foi um distintivo da Igreja de Manaus, algo que Dom Leonardo Steiner apoiou e incentivou desde sua chegada em janeiro de 2020. De fato, ele convocou uma Assembleia Sinodal Arquidiocesana, que neste domingo 4 de setembro entregou ao povo de Deus o Instrumento de Trabalho que será trabalhado na Assembleia Sinodal, programada para o mês de outubro.
Acolhida ao Cardeal Leonardo Steiner. Foto: Reprodução | Luis Miguel Modino
A reportagem é de Luis Miguel Modino.
Foi nessa celebração na Catedral Nossa Senhora da Conceição que o Cardeal da Amazônia, um título que ele reconheceu gostar, pois entende seu cardinalato não como algo pessoal e sim em função do seu serviço na Igreja da região amazônica, à qual está tão ligado o Papa Francisco, foi acolhido pela Igreja de Manaus, um povo que não oculta sua alegria diante da uma nomeação que pela primeira vez na história tem um arcebispo de Manaus como protagonista.
Acolhida ao Cardeal Leonardo Steiner. (Foto: Reprodução | Luis Miguel Modino)
Uma celebração onde se fez presente todo o povo de Deus, que acolheu calorosamente seu pastor, agora purpurado. Dom Leonardo, agradecendo essa acolhida, mais uma vez insistiu em que “eu entendo o cardinalato como serviço”. Ele lembrou sua família de 16 irmãos, destacando a figura do seu pai e sua mãe, pessoas de uma fé muito profunda, uma fé que agradece ter herdado no leite materno, uma fé que levou adiante através da sua vocação. Também lembrou e agradeceu por ter sido introduzido na espiritualidade de Francisco de Assis, “uma espiritualidade da gratuidade, do serviço", que tem orientado sua vida.
Do mesmo modo que ele falou para as autoridades no evento do sábado 3 de setembro, o Cardeal Steiner disse ser “muito grato por todas as manifestações de carinho, de afeto, que tenho recebido, mas o que me alegrou mesmo foi ouvir de várias pessoas que mais uma vez o Papa Francisco se lembrou de nós”. Algo que leva o Arcebispo de Manaus a querer ficar “junto aos pequenos e pobres, e ajudar a que nossa Igreja seja cada vez mais sinodal”, uma forma de ser Igreja que reconheceu presente na Igreja da Amazônia ao longo da história.
Cardeal Leonardo Steiner. (Foto: Reprodução | Luis Miguel Modino)
O novo cardeal afirmou que “títulos não nos fazem mais filhos e filhas de Deus”, pedindo que “Deus me dê a graça da simplicidade”. Tudo isso na perspectiva da Palavra, especialmente neste mês de setembro, esperando “nos ajude a descobrir a grandeza e tomar a Cruz sobre os ombros e caminhar, no meio das dificuldades, mas especialmente no meio das alegrias”.
Uma celebração que é continuidade da realizada no mesmo local no dia anterior, onde a sociedade e autoridades amazonenses acolheu aquele que tem sido nomeado em função do território amazônico, “por causa da sua importância estratégica, merece cuidados que passam por novos caminhos de evangelização e de ecologia integral”, segundo o padre Zenildo Lima, que conduziu o evento.
Cardeal Leonardo Steiner. (Foto: Reprodução | Luis Miguel Modino)
Nessa acolhida o primeiro em fazer uso da palavra foi Dom Luiz Soares Vieira, que após mostrar sua alegria, definiu a Amazônia como “uma região que empolga, uma região de um povo que entusiasma, uma região de um povo que luta pela vida”. Se dirigindo ao novo cardeal, Dom Luiz Vieira insistiu em que “nós precisamos gostar dessa região, gostar de nosso povo, é um povo que nos ensina muita coisa”. Uma região onde o arcebispo emérito disse ter aprendido a “pensar no presente”, algo que segundo ele modificou completamente sua vida.
Como conselheiro do Papa, o Arcebispo emérito de Manaus, disse que Dom Leonardo “vai ser a voz da nossa região amazônica no pastoreio universal da Igreja”, insistindo em que “a voz da Amazônia chega, graças a Deus e ao Papa Francisco, ao pastoreio universal da Igreja”, algo que vê como um momento bonito. Isso em uma região que ao longo de “muitos e muitos anos que nós fomos considerados colônia”. Uma região que já foi chamada de inferno verde, de paraíso, insistiu o Arcebispo emérito de Manaus.
Em sua intervenção, o prefeito da cidade, que definiu como uma honra para o Amazonas a nomeação do novo cardeal, mesmo vivendo sua fé na Igreja Adventista, reconheceu a importância da Igreja católica na vida da sociedade, uma Igreja que vive a fé na prática, uma Igreja que faz o bem sem olhar a quem, algo que ele disse ter experimentado na vida da sua família. Ele reconheceu e mostrou sua gratidão pelo trabalho que a Igreja católica faz, inclusive chegando ondo o governo não chega.
Cardeal Leonardo Steiner. (Foto: Reprodução | Luis Miguel Modino)
Palavras na mesma linha proferiu o Governador do Estado do Amazonas, mostrando sua felicidade diante de “mais um gesto que o Papa Francisco faz com a Amazônia”. O Governador definiu Dom Leonardo como “representante da Amazônia”, destacando a importância de a Amazônia ter essa voz junto ao Vaticano, junto à Igreja católica, junto ao Papa, porque o mundo todo conhece a palavra Amazônia, o mundo todo ouve falar da Amazônia. O governador, que vê o cardinalato como mais uma voz junto ao Papa Francisco das populações da Amazônia, indígenas, os negros, os ribeirinhos, os caboclos. Por isso, o governador desejou sucesso na missão e as bençãos de Deus para o novo cardeal.
Finalmente, o Cardeal Steiner, após agradecer aos presentes e mostrar sua alegria, que não é algo pessoal, afirmou que “o Brasil era conhecido um tempo pelo futebol e pelo samba. Hoje mundialmente quando se vai, se escuta sempre de novo Amazônia”, um tema sempre presente nas muitas entrevistas que teve que dar em Roma com motivo do consistório.
Acolhida ao Cardeal Leonardo Steiner. (Foto: Reprodução | Luis Miguel Modino)
Alguém que se sente em casa na Amazônia, disse que “o Papa Francisco pensou na Amazônia ao nomear um bispo cardeal”, afirmando ser o cardeal da Pan-Amazônia, que inclui nove países. Diante disso, Dom Leonardo disse ir fazer “todo o esforço para que a nossa Igreja de Manaus continue sempre a ser uma Igreja profundamente missionária, com uma presença contínua, para que nossa Igreja esteja junto aos nossos pobres, para que todas as pessoas que têm necessidade possam ser acolhidas, independentemente da religião, de raça, de cor, independente também de nação”.
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Cardeal Leonardo Steiner: “Títulos não nos fazem mais filhos e filhas de Deus”, afirma em acolhida em Manaus - Instituto Humanitas Unisinos - IHU