03 Fevereiro 2020
Manaus acolheu na noite do último dia do mês de janeiro seu novo arcebispo, Dom Leonardo Ulrich Steiner. A Igreja da capital do estado do Amazonas se fez presente na catedral metropolitana a través de suas paroquias, áreas missionárias, comunidades, pastorais e movimentos. Leigos e leigas, religiosos e religiosas, e padres lotaram o interior do templo e a parte externa da Catedral.
A reportagem é de Luis Miguel Modino.
Também a Igreja do Brasil quis acompanhar a quem durante oito anos foi secretário geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil – CNBB. 28 bispos se fizeram presentes na cerimônia de posse do novo arcebispo de Manaus, dentre eles a atual presidência da CNBB, Dom Walmor Azevedo de Oliveira, Dom Jaime Spengler e Dom Mário Antônio da Silva, e os dois últimos presidentes, de quem Dom Leonardo foi secretário, o cardeal Raimundo Damasceno e o Cardeal Sérgio da Rocha.
O segundo vice-presidente da CNBB, Dom Mário Antônio da Silva, reconhecia que “é sempre uma alegria a vida missionária na Amazônia, de tantas pessoas que vem e que permanecem, e uma alegria também quando as pessoas vem para somar conosco”. Segundo o bispo de Roraima, que como Manaus faz parte do Regional Norte 1 da CNBB, “a chegada do novo arcebispo, Dom Leonardo, aqui em Manaus, simboliza toda essa preciosidade da missão na Amazônia, tanto para o Amazonas, como Roraima, e a Amazônia como um todo”. Dom Mário destacou “a nossa alegria, a nossa acolhida e o nosso desejo de caminharmos juntos”. Por isso, “quando vem alguém para caminhar conosco, nos sentimos fortalecidos na missão que nessa Igreja vem se desempenhando há muito tempo nesse chão sagrado da Amazônia”, segundo o bispo de Roraima.
Dom Leonardo (Foto: Luis Miguel Modino)
Para o Presidente do Regional Norte 1, Dom Edson Damian, “a chegada do novo arcebispo significa um enriquecimento muito grande para a nossa região amazônica, porque todos nós admiramos muito Dom Leonardo pelos oito anos em que ele foi secretário geral da CNBB”. O bispo de São Gabriel da Cachoeira destaca que “além das qualidades intelectuais, ele tem uma grande perspicácia pastoral e vai nos ajudar aqui a enfrentar os desafios da Amazônia, e principalmente nos ajudar a concretizar as decisões da exortação apostólica do nosso Papa Francisco”.
Seguindo as palavras do Papa Francisco, que em sua bulla de nomeação do novo arcebispo, lhe recordou que seu ministério deverá ser o tempo do Sínodo, da sinodalidade, o Presidente do Regional Norte 1 da CNBB, afirmava que Dom Leonardo, “nos chega numa hora em que a presença dele vai nos enriquecer muitíssimo aqui na Amazônia”. Dom Edson Damian lembrava que “a Amazônia está no coração dele, porque ele começou sendo bispo lá em São Felix do Araguaia, que faz parte da Amazônia. Agora ele chegou mesmo no coração da Amazônia”.
Na sua homilia, o novo arcebispo insistiu em alguns elementos que devem marcar seu ministério na arquidiocese. Ele afirmava que a Igreja de Manaus visibiliza o Reino, destacando a importância da missionariedade na Igreja local. Nessa dimensão cobram especial importância as comunidades missionarias, presentes nas diretrizes da CNBB, aprovadas no ano de 2019, com a participação de Dom Leonardo em seu processo de elaboração, dada sua condição de secretário da CNBB naquele momento.
Partindo da missionariedade, o arcebispo pedia àqueles que lhe foram confiados, “esforço para sermos uma presença transformadora, para sermos fermento e luz na realidade, que se presenta desigual, violenta, desequilibrada, social e ambientalmente”. Ele fez um chamado para ser “uma Igreja que cuida dos ministérios, das relações ecumênicas e inter-religiosas, da arte, da educação, dos meios de comunicação, da política, da justiça”. Nesse sentido, Dom Leonardo tem destacado tantos que “ajudam na transformação da realidade para vivermos em fraternidade, na liberdade, na justiça, em paz”.
Um elemento importante na vida da Igreja de Manaus, segundo seu arcebispo, deve ser a Palavra, presente em seu lema episcopal “Verbum caro factum”. Junto com a ideia de uma Igreja missionária, Dom Leonardo tem destacado que a Igreja deve ser “da caridade, misericordiosa, em saída, que busca as periferias geográficas e existenciais para oferecer o Evangelho da Vida”. Essa presença deve ter um olhar preferencial aos mais pobres, afirmando que “não tenhamos medo de ir ao encontro dos excluídos”.
Diante da situação de violência presente na sociedade, Dom Leonardo tem insistido em que essa realidade, “não se supera com as armas e a repressão, mas com a acolhida, educação, saúde, políticas públicas, justiça social, cuidado da casa comum, solidariedade, dignidade, arte”. Em consequência, a Igreja de Manaus tem sido desafiada a assumir essas atitudes e poder faze-las presentes na sociedade local.
A poucos dias da publicação da exortação do Sínodo para a Amazônia, o novo arcebispo, enfatizava que “desejamos ser uma Igreja na dinamicidade da exortação pós-sinodal que o Papa Francisco nos enviará”, definindo essa nova situação como “uma Igreja viva e vivaz, capaz de ver as necessidades e buscar soluções em favor dos povos indígenas, dos povos originários, de toda obra criada”.
Ao longo de toda a celebração tem estado presente um sentimento de gratidão da parte do novo arcebispo. Ele dizia ser grato a tantos que dedicam e dedicaram sua vida ao serviço da Igreja de Manaus, mas também aqueles com quem trabalhou na CNBB e como bispo auxiliar de Brasília. Ele mostrou especial gratidão a Dom Sérgio Castrini, que mesmo limitado na sua saúde, se dedicou no seu serviço como arcebispo. O trabalho, entrega e dedicação do arcebispo emérito tem sido reconhecido em diferentes momentos da celebração pelos presentes, que bateram palmas em sinal de agradecimento para com quem tem sido seu arcebispo nos últimos anos. Com Dom Leonardo começa um momento novo, o tempo da sinodalidade.
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A Igreja de Manaus acolhe seu novo arcebispo, que pede “não tenhamos medo de ir ao encontro dos excluídos” - Instituto Humanitas Unisinos - IHU