16 Setembro 2021
Na quarta-feira, 15-09, a Diocese de Roma está em oração e jejum pelo Afeganistão, em resposta a um apelo feito pelo Papa Francisco no mês passado pedindo ao mundo para superar a indiferença e para apoiar os refugiados da afligida nação.
A reportagem é de Elise Ann Allen, publicada por Crux, 15-09-2021. A tradução é de Wagner Fernandes de Azevedo.
Em uma circular de 03 de setembro, o arcebispo Gianpiero Palmieri, bispo-auxiliar da Diocese de Roma, apontou que “a tragédia do povo afegão está diante dos olhos de todos nós”.
“Sua história de aflição, seu abandono, e a falta de perspectivas de futuro nos faz temer por nossos irmãos e irmãs. Como vocês têm visto na mídia, muitas famílias chegaram precisando de tudo e pedindo por hospitalidade”, afirmou.
Palmieri então lembrou de um apelo feito pelo Papa Francisco durante sua mensagem do Angelus, em 29 de agosto, na qual o Papa demonstrou preocupação pelos recentes acontecimentos no Afeganistão e insistiu que “em momentos históricos, como este, nós não podemos permanecer indiferentes”.
Para esse fim, Francisco fez um apelo especial aos cristãos “para intensificar a oração e a prática do jejum” e para pedir a Deus “misericórdia e perdão”.
Em resposta a este apelo, Palmieri anunciou que no dia 15 de setembro, que marca a festa católica de Nossa Senhora das Dores, será celebrado em toda a diocese como um dia de oração, jejum e solidariedade ao Afeganistão.
“Convido todos vocês a se unirem como Povo de Deus”, disse Palmieri, acrescentando: “Faremos isso orando, sobretudo, por nossos irmãos e irmãs afegãos, pedindo a intercessão de Maria, em particular pelas mulheres, e transformando o jejum em uma contribuição de caridade para o acolhimento das famílias dos refugiados”.
No mês passado, o caos irrompeu no Afeganistão quando membros do Talibã assumiram o controle da capital, Cabul, gerando medo generalizado e um esforço de evacuação em massa.
Milhares de afegãos e estrangeiros foram levados de avião para fora do país nas semanas que se seguiram em um esforço de emergência para evacuar o máximo de pessoas possível antes da retirada das tropas ocidentais, com os Estados Unidos retirando-se formalmente em 31 de agosto.
A própria Itália acolheu quase 5 mil refugiados afegãos, mais do que qualquer outra nação europeia.
Em meio ao caos, cerca de 60 afegãos e 13 soldados dos EUA foram mortos, e pelo menos mais 140 afegãos foram feridos em um duplo ataque de homem-bomba em 26 de agosto, que teve como alvo um portão de aeroporto e um canal de esgoto onde as pessoas esperavam por horas na esperança de embarcar em um avião.
Embora os líderes do Talibã tenham se comprometido a ser mais tolerantes, inclusivos e abertos, sérias dúvidas surgiram sobre essas alegações depois que surgiram vídeos recentemente mostrando dois jornalistas que foram espancados por membros do Talibã depois de cobrirem um protesto de mulheres em Cabul.
Apesar das garantias do Talibã de que as mulheres ainda gozariam de seus direitos enquanto estivessem sob seu governo, elas foram desencorajadas a trabalhar, e mandadas ficar em casa, e o novo governo recentemente formado pelo Talibã é todo composto por homens.
Em uma reunião de ministros de alto nível sobre a crise em Genebra, o secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, alertou que o povo do Afeganistão está enfrentando “sua hora mais perigosa” e precisa desesperadamente de “uma corda salva-vidas”.
Guterres fez um apelo emergencial de 606 milhões de dólares para ajudar a atender às necessidades mais básicas do país, à medida que as taxas de pobreza estão aumentando e a economia, já prejudicada por décadas de conflito e o coronavírus, continua a se deteriorar.
De acordo com o Programa Mundial de Alimentos, que trouxe trabalhadores humanitários de volta a Cabul no domingo pela primeira vez desde a tomada do Talibã, cerca de 14 milhões de pessoas no Afeganistão estão à “beira da fome” e a situação só está piorando.
Como parte do dia de oração de Roma pelo Afeganistão, Palmieri presidirá às 21h uma oração na igreja dos Santos Fabiani e Venanzio, no bairro de Tuscolano.
“Convido todos vocês a se unirem espiritualmente, juntos ou em horários diferentes, cada um em sua própria comunidade”, disse Palmieri, dizendo que enviaria uma oração para as paróquias usarem em seus próprios cultos.
Ele pediu que todas as comunidades paroquiais e entidades eclesiais participem “na medida do possível”, e disse que a diocese está em contato com várias instituições, incluindo escritórios locais da Caritas, para ajudar no acolhimento dos refugiados afegãos.
“Eu sugiro que vocês dediquem o fruto de seu jejum ou das ofertas que vocês podem reunir a isso”, disse ele, expressando esperança de que paróquias, instituições religiosas e até mesmo famílias se disponibilizassem para hospedar uma pessoa ou família do Afeganistão.
“A esperança deles será mantida se eles experimentarem nossa solidariedade”, disse ele.
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Em resposta ao apelo do Papa Francisco, Diocese de Roma cobra apoio aos refugiados afegãos - Instituto Humanitas Unisinos - IHU