27 Mai 2021
“Uma distribuição justa de vacinas é um imperativo humanitário. Existe uma escolha. O mundo dos próximos 10 anos pode ser mais justo, com mais abundância e mais dignidade. Ou pode ser um mundo de conflito, insegurança e pobreza”. Assim começa o apelo que líderes religiosos e representantes de agências das Nações Unidas, bem como de organizações humanitárias internacionais, apresentaram ontem por ocasião da abertura da Assembleia Mundial da Saúde em Genebra.
A informação é de Agência SIR, 25-05-2021. A tradução é de Luisa Rabolini.
Entre os signatários, destacam-se os nomes do arcebispo de Canterbury Justin Welby, primaz da Comunhão Anglicana; do sheik Ahmed al-Tayeb, grande imã de al-Azhar; do card. Peter Turkson, prefeito do Dicastério do Vaticano para o Serviço do Desenvolvimento Humano Integral, e Rabino David Rosen, co-presidente do Religions for Peace. Também estão Peter Maurer, presidente do Comitê Internacional da Cruz Vermelha, Tedros Adhanom Ghebreyesus, diretor geral da OMS; Filippo Grandi, Alto Comissário das Nações Unidas para os refugiados.
No apelo, os assinantes se dizem preocupados com o impacto que a pandemia está tendo sobre a humanidade, ampliando as situações de injustiças, as desigualdades entre países ricos e pobres, os bolsões de miséria e instabilidade. “Os efeitos serão sentidos em escala global nos próximos anos” e “nenhum país do mundo foi poupado”. Daí a solicitação de garantir tanto um acesso universal às vacinas quanto uma assistência sanitária qualificada e adequada. “Devemos construir um mundo - escrevem os signatários - em que cada comunidade, independentemente de onde viva ou de quem seja, tenha acesso à vacinação: não apenas para o Covid-19, mas também para muitas outras doenças que continuam a causar danos e matar. Como a pandemia nos mostrou, em nosso mundo interdependente ninguém está seguro até que todos estejam seguros. Temos que escolher entre nacionalismo vacinal ou solidariedade humana”.
O apelo pede aos participantes da Assembleia Mundial da Saúde que garantam a todos os países o acesso às vacinas, compartilhando conhecimento e experiência, e assegurem, em cada país, que todos os setores da população sejam incluídos nos programas nacionais de distribuição de vacinas, em particular os grupos mais marginalizados. “É hora de demonstrar uma liderança decisiva. Países e organizações em todo o mundo têm uma oportunidade única de enfrentar a desigualdade global e reverter as tendências do ano passado. Assim poderão dar esperança não só aos mais pobres do mundo, mas a todos nós”.
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Vacinas: apelo dos líderes religiosos, “a distribuição justa é um imperativo humanitário”. Assinam também Turkson (Santa Sé), al-Tayeb (Al Azhar) e arcebispo de Canterbury - Instituto Humanitas Unisinos - IHU