31 Julho 2019
DNA modificado no laboratório, homens cyborg e desejos monitorados por máquinas. Este é o nosso futuro de acordo com o historiador e ensaísta israelense Yuval Noah Harari.
A entrevista é de Roberto Saviano, jornalista e escritor italiano, publicado por Repubblica, 28-07-2019. A tradução é de Luisa Rabolini.
Olhem para o ser humano. Olhem para os dedos dos pés, esses pequenos dedos frágeis, nada a ver com as garras de um puma; esse corpo sem pelos, tão diferente da pelagem de um urso; esse peito que, por mais inchado que seja, nada é comparado aos peitorais reforçados de um gorila; o olho míope que fica cego à primeira penumbra, incapaz de ver à noite como uma coruja; essas frágeis escápulas humanas que nada têm a ver com as magníficas asas de um falcão peregrino. Basta olhar para nós para entender o quão pouco seja dotado esse horrível ser humano que não é capaz de voar, mal consegue escalar e nada pior do que o último dos peixinhos dourados. E o olfato? Percebemos os cheiros a poucos metros de nós, enquanto um cachorro consegue senti-los a dois campos de futebol de distância.
Mesmo assim, essa criatura chamada Sapiens conseguiu se impor a todos os outros. A história da humanidade é realmente a épica história do fraco que triunfa sobre o forte? É uma pergunta que ninguém melhor do que Yuval Noah Harari, historiador israelense que com seus livros literalmente reescreveu a jornada humana na Terra, pode responder. "O poder dos homens não é determinado pelo indivíduo, mas por uma coletividade, pois os seres humanos sozinhos são criaturas fracas. Um homem não é apenas mais fraco que um mamute ou um elefante, mas também que chimpanzés ou lobos. Nós humanos, conseguimos dominar o mundo porque cooperamos melhor do que qualquer outro animal do planeta".
Eis o segredo do sucesso do homem: sua capacidade de criar comunidade. Sua inteligência, ou seja, a capacidade de ligar o múltiplo em torno dele, levou o Sapiens a ser um animal capaz de construir civilizações. A imaginação e a criatividade são os pilares da construção de seu domínio, mas o traço distintivo desta raça é um: a capacidade de exterminar seus rivais. A evolução do ser humano não é uma história pacífica. Vocês se lembram daquela imagem nos livros escolares em que, em uma linha do tempo de milhões de anos, víamos os vários hominídeos se erguerem do macaco para o Homo sapiens? Tudo falso. Como Harari descreve no primeiro livro da trilogia sobre a macro história humana, Sapiens. Uma breve história da humanidade, o Homo sapiens coexistiu com outros hominídeos e conseguiu emergir através do massacre de todos.
Yuval Noah Harari – Cinquenta mil anos atrás, a Terra não era povoada por uma única espécie humana, mas pelo menos por seis diferentes espécies de hominídeos, entre os quais nossos ancestrais Homo sapiens na África. A Itália era povoada pelos Neandertais e no Extremo Oriente havia o Homo erectus e assim por diante. Quando o Homo sapiens se espalhou pelo planeta, as outras espécies de hominídeos desapareceram. E muitos outros animais também desapareceram. De fato, parece que o Homo sapiens é uma espécie de assassino ecológico que sistematicamente aniquilou outros animais, especialmente aqueles que se parecem mais conosco. Quanto mais um animal se parece conosco, mais nós constituímos um perigo para tal espécie.
É quase engraçado pensar que muitos ficarão incomodados com a ideia de que todos os italianos descendem dos africanos. Mas os Neandertais só foram exterminados ou também foram assimilados?
Há evidências mostrando que, em alguns casos, o Homo sapiens teve relações sexuais com membros de outras espécies de hominídeos. Por exemplo, a maioria dos europeus contemporâneos e a maioria dos italianos têm alguns ancestrais Neandertais. 96-98 por cento do patrimônio genético pertence ao Homo sapiens, enquanto 2-3 por cento ao do Neandertal. Assim, cerca de quarenta mil anos atrás, os novos imigrantes da África, Homo sapiens, tiveram alguma relação romântica ou sexual com os Neandertais de onde descendeu uma prole fértil.
O homem, portanto, avançou "na marra" da história, acumulando massacres sobre massacres para chegar aonde chegou. Eu me pergunto se é parte do pacto para dominar este planeta a ferocidade desse homem...
Não tenho certeza que seja necessário. Acredito que os seres humanos sempre têm a possibilidade de escolher. Na história, os humanos optaram por eliminar determinados grupos étnicos ou religiosos. Mas não era necessário, não era inevitável. Sabe-se que no século passado os nazistas achavam que, para criar um mundo melhor, era necessário exterminar o que eles afirmavam serem raças humanas inferiores.
Na realidade, portanto, o que conta na evolução é como matar, como controlar o outro. O Sapiens não podia tolerar que os primos existissem. Somos a raça fruto do grande massacre de nossos semelhantes. Vence quem mata mais?
Não é bem assim. Os homens criaram um mundo melhor ao longo das últimas décadas graças à cooperação, não graças à guerra, à violência e ao extermínio.
Cooperação como resultado da evolução, da maior inteligência, assim eu acreditava. Pelos seus livros, em vez disso, é claro que pensar que nosso ancestral pré-histórico fosse menos inteligente é um erro absoluto. O progresso acabou por nos tornar mais burros?
Em nível individual, é assim. Provavelmente somos menos inteligentes e menos capazes que nossos ancestrais da Idade da Pedra: não saberíamos como sobreviver naquelas condições. Era necessário conhecer muitas coisas e ser dotado de capacidades intelectuais e físicas excepcionais. Capacidades das quais a maioria de nós é hoje desprovida. Por exemplo, se alguém me pegasse e me jogasse na savana africana e eu tivesse que sobreviver confiando apenas em minha força, eu morreria em poucos dias. Não sei como conseguir comida, não sei costurar as roupas que uso. Não sei como construir qualquer ferramenta. Eu sou um historiador e sei escrever livros. Eles me pagam para escrever livros e apresentar palestras sobre a história. Dessas atividades, recebo o dinheiro com o qual vou ao supermercado e para qualquer coisa de que eu precise, dependo dos outros. A maioria de nós só sabe fazer algumas coisas. Portanto, como indivíduos, somos menos capazes que nossos ancestrais. Mas como coletividade de indivíduos, como sociedades humanas, somos mil vezes mais poderosos. O que realmente aprendemos a fazer é conseguir cooperar de forma eficaz, com modalidades cada vez mais sofisticadas, em larga escala.
Observar o pensamento estratégico dos Sapiens, que lhes permitiu construir a melhor lança, racionar em como subjugar os outros animais, pode nos levar a interpretar a capacidade de domínio humano como baseado apenas na qualidade lógica. Você, por outro lado, consegue demonstrar que a especificidade humana é outra.
O fato realmente surpreendente é a maneira como cooperamos: a cooperação que nos distingue dos outros animais é baseada em nossa capacidade de criar histórias inventadas. Se olharmos para qualquer exemplo de cooperação humana no curso da história, vemos que ela não é necessariamente fundada na verdade, mas sim na capacidade de persuadir um número significativo de pessoas sobre a mesma história inventada, fruto de nossa imaginação.
É a imaginação, portanto, o que torna o Sapiens diferente de qualquer outra espécie animal com a qual compartilha esta Terra. A capacidade de fabricar mitos que permitem a construção de identidades e traçam uma direção comum é determinante na evolução biológica. Acreditamos nos mitos não porque são verdadeiros, mas são verdadeiros porque os narramos. Mas foi a capacidade de narração que tornou a Europa central na história da humanidade?
Existem todos os tipos de teorias, mas nenhuma é realmente convincente. Não parece haver nenhuma razão geográfica ou biológica europeia. Se tivesse sido algo profundamente enraizado na biologia dos europeus, como se explica o fato de que, antes dos séculos XIV e XV, nenhum grande desenvolvimento tenha ocorrido na Alemanha, na França ou na Espanha e que inclusive hoje estamos testemunhando uma redução da influência da Europa?
Por que entre todos os continentes foi justamente a Europa que marcou o sinal de uma superioridade militar e tecnológica? No fundo havia também outros impérios - chinês, mongol, indiano, inca ... - que não eram menos ricos e vastos que os europeus, mas o colonialismo é uma invenção europeia ...
Na verdade essa ideia do colonialismo e do imperialismo não é apenas europeia, a encontramos em quase todas as culturas humanas. É verdade que, na era moderna, a Europa tornou-se o mais importante centro de desenvolvimentos tecnológicos e científicos e também aumentou seu poderio militar e seu domínio político. É um fenômeno novo. A Europa nunca havia desempenhado um papel tão fundamental na história. É o suficiente voltar a antes do século XIV ou XV. Mas então duas revoluções acontecem: aquela científica e aquela capitalista e ambas levam à revolução industrial que dá à Europa o poder de conquistar e dominar o mundo inteiro. Nós não dispomos de uma boa teoria que explique por que a centelha dessas revoluções se acendeu na Europa.
E agora, como está a centralidade europeia?
A Europa não será a potência dominante do próximo século. A era da dominação europeia foi bastante curta na história humana. Durou apenas três ou quatro séculos em comparação com os muitos milênios da história que já se passaram. Os polos mais influentes hoje são os Estados Unidos e a Ásia Oriental. No entanto, mesmo os Estados Unidos são o resultado ou o fruto do imperialismo europeu e até a atual Ásia oriental pode ser considerada uma derivação europeia. As instituições dessas áreas são em grande parte o resultado das ideias e das instituições europeias. Basta pensar na ciência, nos sistemas financeiros e nos sistemas políticos que hoje encontramos na China, Coreia e Japão.
O latim foi uma língua franca, a língua do Império; O francês foi a língua imposta por Bonaparte, a língua da diplomacia; a Espanha impôs castelhano no continente americano; o inglês depois foi imposto pelo comércio; o mandarim, a língua mais difundida no mundo, é falado por mais de 800 milhões de pessoas. Mas nenhuma delas, imposta pelo dinheiro ou pelo número de pessoas que a falam, alcançou uma verdadeira universalidade.
Hoje todos aqueles que vivem no planeta falam apenas uma língua: esta língua é a matemática. Se você mora na China, na Austrália ou no Brasil, não faz diferença: a língua que domina as instituições, a economia e a política é a matemática e é precisamente ela a linguagem cuja difusão o imperialismo europeu favoreceu em todo o globo.
Da linguagem universal da matemática nasceu a revolução dos algoritmos, talvez comparável à da identificação do primeiro trigo domesticado, que permitiu ao homem, de simples caçador e coletor, tornar-se agricultor. É do trigo domesticado que a sociedade se desenvolveu como a concebemos hoje.
Eu acredito que o que estamos testemunhando hoje provavelmente tem um impacto evolutivo ainda maior do que o da invenção da agricultura e da criação de gado, porque a atual revolução da inteligência artificial e da biotecnologia nos oferece a possibilidade de mudar a própria humanidade, e não apenas a nossa economia, o que comemos, a sociedade e a política. As revoluções anteriores, seja a revolução agrícola, a ascensão do Império Romano ou a difusão do cristianismo, mudaram as sociedades, mas não modificaram o corpo e a mente humanos. Mas agora esses novos conhecimentos possibilitarão pela primeira vez a transformação do corpo, do cérebro e da mente. Assim serão criadas novas formas de entidades com um número de características diferentes de nós maior do que o que nos diferencia de outros hominídeos ou dos chimpanzés.
Então uma superespécie está prestes a nascer? Somos os últimos exemplares de uma espécie destinada a ser superada? A velocidade da tecnologia tornou o Sapiens inadequado, muito limitado?
A transformação do Sapiens será capaz de começar com pequenas mudanças, por exemplo, a modificação do nosso DNA através da engenharia genética. Além disso, a única diferença entre os Neandertais e nós consiste em um pequeno número de diferenças genéticas: os Neandertais foram capazes de produzir apenas facas de pedra, mas produzimos ônibus espaciais e bombas atômicas. Mas um evento ainda mais extremo pode ocorrer, quando a inteligência artificial entra em ação em combinação com a biotecnologia: criar cyborgs, entidades que misturam o orgânico com partes inorgânicas, ou seja, algo que nunca vimos antes no curso de quatro bilhões anos de vida na Terra. Até agora, todas as evoluções da vida foram baseadas em componentes orgânicos. Agora estamos prestes a projetar entidades que, pelo menos em parte, não o são.
Tivemos um vislumbre da mistura de corpo humano e robô na literatura de Isaac Asimov, Ursula Le Guin, Philip Dick e Aldous Huxley. Agora humano e tecnológico estão se fundindo, e isso está acontecendo em nosso presente.
Esta é a mudança mais significativa na evolução da vida que já ocorreu. É uma mutação que a vasta maioria das pessoas não consegue perceber, não compreende a enormidade da revolução a que estamos vivendo. Se minha mão for separada do corpo e colocada em outra sala, ela não funcionará, mas isso não acontece com um cyborg. Um cyborg não precisa da coincidência espacial para funcionar, então é possível conectar o cérebro orgânico a um braço biônico. O braço não precisa necessariamente estar preso ao resto do corpo, pode estar na sala ao lado, na casa ao lado dele, mesmo na cidade mais próxima ou mesmo em outro país e, ainda assim, ele pode continuar a funcionar. Portanto, a ideia geral do que significa ser um organismo vivo mudará quando dispormos da capacidade de conectar diretamente, por exemplo, os cérebros aos computadores.
Apresentada dessa forma, a fusão de humano e tecnológico poderia parecer um suporte capaz de ajudar o homem a superar seus limites biológicos. No entanto, lendo seu Homo Deus, fica claro que já estamos presenciando uma inversão da relação entre humano e tecnológico: o suporte parece ter se tornado o orgânico e a dominar é cada vez mais o inorgânico, na forma de algoritmo ou de inteligência artificial. Quando usamos um smartphone, não somos apenas nós que o olhamos, mas é o smartphone que está nos olhando.
Hoje, as pessoas entram em contato umas com as outras através de seus smartphones, seus computadores e um número crescente de decisões sobre nossas vidas são tomadas por esses instrumentos. Mas em vinte ou trinta anos, a tecnologia contida em um smartphone será inserida diretamente em nossos cérebros por meio de eletrodos e sensores biométricos. Será capaz de monitorar o que está acontecendo dentro do corpo e do cérebro em todos os momentos. Poderá conhecer meus desejos, minhas sensações, meus sentimentos, inclusive com mais precisão do que eu mesmo os percebo, e essa tecnologia se encontrará cada vez mais em posição de tomar decisões por mim. Vamos pensar nas aplicações no campo da prevenção médica, nos negócios ou nas relações sentimentais. Podendo confiar no poder desses computadores e algoritmos, nos deixaremos guiar cada vez mais por eles, que assim se tornarão partes integrantes de nós mesmos.
É o totalitarismo das máquinas? A ditadura do algoritmo? As redes sociais e as empresas de computadores que têm nossos dados podem controlar todos os aspectos de nossas vidas? Agora já estamos cientes que somos guiados pelo algoritmo sempre que somos induzidos a comprar ou a ver o que o nosso computador nos sugere. Mas quando se pode falar de uma situação de regime?
Os sintomas de uma situação perigosa são essencialmente de dois tipos. O primeiro é quando muito poder e informação estão concentrados nas mãos de cada vez menos pessoas, de uma minoria ou de uma única instituição. Se uma única instituição, seja ela um governo, uma empresa ou um grupo religioso, tem muito poder sobre a sociedade, esta é a premissa para um regime totalitário. O outro sintoma da ascensão de um regime totalitário ocorre quando se torna impossível buscar a verdade ou publicar a verdade. O ditador, ou o partido autoritário no poder, alegando representar a vontade popular, usam esse argumento para impedir as pessoas ou as instituições que têm a tarefa de encontrar a verdade. Afirmam que as pessoas não estão interessadas na verdade. É importante lembrar que mesmo as eleições democráticas não giram em torno da busca da verdade, mas sim dos desejos das pessoas.
Em seu último livro, 21 lições para o século 21, você mostra que os dados são para a era contemporânea o que a terra era antigamente, ou seja, o recurso mais importante. E adverte: se os dados estiverem concentrados nas mãos de poucos, não haverá divisão em classes sociais, como aconteceu no passado, mas uma divisão da humanidade em espécies diferentes.
Anteriormente, na história, a desigualdade era principalmente de ordem econômica e política. Alguns indivíduos detinham grande riqueza e poder político e outros indivíduos não possuíam nenhum dos dois. Mas ainda assim se tratava dos mesmos seres humanos, com as mesmas características biológicas. O perigo é que, no século XXI, a desigualdade econômica se transforme em desigualdade biológica. Teremos a tecnologia que nos permitirá potencializar o nosso corpo e o nosso cérebro. E os ricos poderiam evoluir para se tornarem biologicamente diferentes das massas da população. E, desse modo, a raça humana seria subdividida em diferentes castas biológicas. Isso é algo que nunca vimos antes na história do homem: poderíamos ter seres humanos potencializados e seres humanos comuns com capacidades diferentes.
Até que o homem controla a tecnologia, a tecnologia pode estar a seu serviço, mas agora que a tecnologia controla o humano, o que poderia acontecer?
Estamos adquirindo a capacidade tipicamente divina de criação e destruição e o risco é que não saberemos lidar com esses imensos poderes e acabaremos usando-os mal. Basicamente, trata-se do mesmo processo que envolveu o sistema ecológico: podemos dizer que adquirimos poderes divinos sobre o resto dos animais e das plantas, dos rios e das florestas, e podemos até dizer que fizemos mau uso dos nossos poderes. E agora o sistema ecológico está completamente desequilibrado e próximo do colapso. Nós estamos adquirindo o poder de mudar o nosso mundo interior, o nosso cérebro, e novamente poderíamos fazer mau uso desse poder e, ao invés desses humanos potencializados, poderíamos acabar criando algo que não seria melhor que nós: poderosos como divindades, mas irresponsáveis e insatisfeitos.
Eu gosto de sua habilidade de traçar interpretações macro históricas, como se pintasse uma tela impressionista cujo único protagonista é nossa espécie. Nesta complexidade de análise, peço-lhe um esforço de síntese: mostre-me a imagem que mais descreve o nosso tempo.
Uma imagem que me impressionou é a da consagração do papa Ratzinger: na foto, centenas de pessoas no Vaticano têm os olhos postos no pontífice; oito anos depois, na consagração do novo Papa, exatamente na idêntica situação, na mesma imagem, todos estão segurando um smartphone. A realidade é mediada pelo smartphone.
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Não somos mais Homo Sapiens. Entrevista com Yuval Noah Harari - Instituto Humanitas Unisinos - IHU