22 Abril 2019
"Hoje conheci Francisco. Agradeci-lhe por falar tão claramente sobre a crise climática. Ele me disse para ir em frente". Calças pretas, tênis azul-púrpura, camiseta cinza e um grande sorriso, a sueca Greta Thunberg, de dezesseis anos, que se tornou uma estrela, dando vida ao movimento climático internacional dos jovens, encontra o Papa na Praça de São Pedro. Conversa brevemente com ele, mostrando a faixa “Join the climate strike” (Junte-se à greve pelo clima). "Deus te abençoe, vá em frente Greta", Bergoglio diz a ela pedindo que reze por ele.
A reportagem é de Paolo Rodari, publicada por la Repubblica, 08-04-2019. A tradução é de Luisa Rabolini.
Acompanhada por seu pai Svante, Greta não é recebida por Francisco em uma audiência oficial, mas apenas no chamado "beija-mão" (uma saudação rápida) no final do encontro geral com os fiéis, que acontece toda quarta-feira. No entanto, quem conhece a Santa Sé sabe que a modalidade do encontro não é uma diminuição: "O Papa aprecia e compartilha o trabalho de Greta pelo clima e contra a escravidão", diz um monsenhor presente na praça enquanto observa divertido a jovem ativista abrigar-se do sol com um guarda-chuva. Ele também ressalta: "O fato de o papa ter parado para conversar e não tenha se apressado é bastante claro". E também a declaração de encorajamento a Greta de Alessandro Gisotti, porta-voz do Vaticano, também é bastante eloquente.
O imprimatur papal para a atividade de Greta também se deve à tenacidade da jovem. A sua determinação é conhecida: durante meses, todas as sextas-feiras, com qualquer clima, ela se manifestou diante do Parlamento de Estocolmo, pedindo para tomar medidas contra as mudanças climáticas. Mas receber o incentivo de uma das autoridades morais mais importantes do mundo é mais um sinal.
O clima, de resto, está no topo das preocupações de Francisco: para ele, não há cristianismo, sem respeito pelo meio ambiente, com o devido respeito àqueles que o acusam de submeter as questões ambientais àquelas doutrinárias. A carta encíclica Laudato sì', nesse sentido, diz que, se existe um programa de governo no Vaticano, tem o meio ambiente entre seus alicerces. Sobre Greta, há mais ou menos um mês, havia se expressado o máximo expoente das questões ambientais da Santa Sé.
Em entrevista ao jornal La República foi o diretor da Academia de Ciências, Marcelo Sanchez Sorondo, a dizer: "Estou certo de que Francisco está muito feliz com esta iniciativa em defesa do clima. Ele foi o primeiro a querer escrever a encíclica Laudato si’, inclusive em vista dos acordos de Paris, e várias vezes falou sobre tais acordos com vários chefes de governo, presenteando a mesma encíclica a Donald Trump".
O desafio da Santa Sé aos "lobbies do petróleo" que lucram ao poluir o globo foi lançado desde o início deste pontificado. Donald Trump também é um inimigo declarado publicamente. Não por acaso muitas das intervenções de Steve Bannon na Itália são dirigidas contra Francisco e sua defesa do clima. Para o Vaticano, os lobbies que elegeram Trump querem um certo tipo de políticas sobre o clima. Para eles, o Papa continua sendo um obstáculo que não havia sido previsto. Enquanto Greta, para a Santa Sé, é uma aliada.
Na última semana a jovem sueca foi ao Senado, onde se encontrou com a presidente, Elisabetta Casellati. Depois foi a vez do evento organizado na Piazza del Popolo pela secção italiana das Fridays for Future.
FECHAR
Comunique à redação erros de português, de informação ou técnicos encontrados nesta página:
A bênção do Papa para Greta “Vá em frente com a tua batalha" - Instituto Humanitas Unisinos - IHU