Chile. Padre Cristián Precht foi expulso do estado clerical por abuso de menores. Por que Fernando Karadima ainda é padre? Um verdadeiro escândalo

Padre Cristián Precht | Foto: Reprodução/Youtube

Mais Lidos

  • "A ideologia da vergonha e o clero do Brasil": uma conversa com William Castilho Pereira

    LER MAIS
  • O “non expedit” de Francisco: a prisão do “mito” e a vingança da história. Artigo de Thiago Gama

    LER MAIS
  • A luta por território, principal bandeira dos povos indígenas na COP30, é a estratégia mais eficaz para a mitigação da crise ambiental, afirma o entrevistado

    COP30. Dois projetos em disputa: o da floresta que sustenta ou do capital que devora. Entrevista especial com Milton Felipe Pinheiro

    LER MAIS

Revista ihu on-line

O veneno automático e infinito do ódio e suas atualizações no século XXI

Edição: 557

Leia mais

Um caleidoscópio chamado Rio Grande do Sul

Edição: 556

Leia mais

Entre códigos e consciência: desafios da IA

Edição: 555

Leia mais

18 Setembro 2018

Continua provocando muita repercussão midiática – e é justo que seja assim – a decisão do Papa Francisco em virtude da qual o famoso sacerdote chileno Cristián Precht perdeu seu estado clerical aos 77 anos, após 41 anos de sacerdócio. A motivação, embora em um quadro muito complexo, pode ser resumida assim: Precht, que já cumpriu uma punição por abusos, que o suspendeu do exercício público do ministério sacerdotal por cinco anos, é um reincidente.

O comentário é de Luis Badilla, publicado por Il Sismografo, 17-09-2018. A tradução é de Moisés Sbardelotto.

No primeiro processo, o presbítero havia sido culpado de condutas sexuais inapropriadas com adultos e menores de idade. Precht sempre rejeitou essas acusações, dizendo ser inocente.

Agora, o ex-sacerdote, no centro de diversas controvérsias também com o cardeal Ricardo Ezzati, recebeu o decreto de expulsão do estado clerical por vontade do papa e assinado pelo cardeal Luis Ladaria, prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé (15 de setembro).

Acredita-se que, em um segundo processo, Precht efetivamente seja culpado de outros abusos de menores no quadro de uma investigação muito mais ampla, que envolve inúmeros presbíteros dos Irmãos das Escolas Maristas.

A questão, no Chile, mas também na América Latina, causou surpresa, dor e comoção. Precht é uma pessoa muito ligada às ações e à memória do falecido cardeal Raúl Silva Henríquez, determinado, corajoso e coerente opositor do ditador Augusto Pinochet, do qual, ao contrário, outros prelados, como o então núncio apostólico Angelo Sodano, eram amigos.

Sodano foi um duro opositor do cardeal Silva, assim como foi um frequentador de Fernando Karadima, à casa do qual, de acordo com investigações chilenas (livros e artigos), dirigia-se muitas vezes às quintas-feiras à tarde.

Não é por acaso que alguns no Chile, covardes e chacais, nestas horas, se aproveitaram do caso Precht para tentar manchar a memória cristalina do cardeal Raúl Silva Henríquez, um dos mais ilustres e inesquecíveis filhos da Igreja latino-americana.

Acreditamos que a decisão do Santo Padre deve ser respeitada, porque certamente foi tomada com todos os elementos do caso, com profunda seriedade e discernimento.

A única questão que permanece em suspenso para nós e para muitos no Chile é esta: por que Precht sim, e Fernando Karadima não? É preciso lembrar que o pedófilo em série Karadima ainda é sacerdote como qualquer outro pároco chileno santo e humilde que trabalha entre os pobres há décadas e que guarda as suas promessas sacerdotais.

Alguém na Igreja chilena e no Vaticano deveria explicar o porquê desse escândalo.

Karadima vive hoje em um convento, protegido e assistido por um grupo de freiras, com toda a comodidade e o cuidado, com uma capela pessoal, onde celebra a Santa Missa todas as manhãs e pode receber médicos, amigos e conhecidos. Em suma, um “retiro penitencial” de luxo.

Leia mais