Natal, Jesus divino e humano segundo Leão XIV, e o antimessianismo judaico que absolve os fariseus. Artigo de Fabrizio D’Esposito

Foto: Jeswin Thomas | Pexels

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05 Dezembro 2025

"Era a época da superpotência assíria. Por outro lado, foi outro profeta contemporâneo de IsaíasOséias, quem rejeitou a ideia de um messianismo monárquico e se entregou a um único redentor: Deus", escreve Fabrizio D’Esposito, professor italiano, em artigo publicado por Il Fatto Quotidiano, 01-12-2025. A tradução é de Luisa Rabolini.

Eis o artigo.

Leão XIV se perguntou: “Quem é Jesus Cristo na vida das mulheres e dos homens de hoje?” A pergunta do pontífice agostiniano abriu seu discurso no encontro histórico em Niceia, na sexta-feira, durante sua viagem apostólica à Turquia e ao Líbano. Hoje, Niceia — a cidade do primeiro concílio ecumênico de cristãos, realizado exatamente 1.700 anos atrás — chama-se Iznik, a 130 km de Istambul. Leão acrescentou depois: “Essa pergunta interpela particularmente os cristãos, que correm o risco de reduzir Jesus Cristo a uma espécie de líder carismático ou super-homem (...). Ao negar a divindade de Cristo, Ário o reduziu a um simples intermediário entre Deus e os seres humanos, ignorando a realidade da Encarnação, de modo que o divino e o humano permaneceram irremediavelmente separados.”

A Encarnação. Ou seja, o Verbo que se fez carne, como escreve o evangelista João. E mais: Deus que se faz homem e entra na história. É o Natal que, em poucas semanas (ontem, o Ano Novo litúrgico da Igreja, foi acendida a primeira vela do Advento), selará o encontro entre o divino e o humano. Exatamente o oposto do que os saduceus argumentaram no julgamento de Jesus, condenando-o à morte.

Quem eram os saduceus? Uma minoria do povo judeu, uma casta sacerdotal destinada a desaparecer com a destruição do Segundo Templo de Jerusalém em 70 da era vulgar, o equivalente ao depois de Cristo. Os saduceus negavam a ressurreição dos mortos e, sobretudo, não tinham expectativas messiânicas. Para eles, justamente, a separação entre Deus e a humanidade era absoluta. Por um "acidente da história", porém, foi essa elite sacerdotal judaica que administrou o Templo durante o período final da vida de Jesus. E que, depois, conduziu o julgamento noturno na casa do Sumo Sacerdote.

Essa é a tese subjacente ao importante novo livro de Israel Knohl, um dos mais renomados biblistas israelenses, que também lecionou um curso na Pontifícia Universidade Angelicum, em Roma: La disputa messianica. Farisei, sadducei e la morte di Gesù (A disputa messiânica. Fariseus, saduceus e a morte de Jesus, em tradução livre, Adelphi, 218 páginas, 22 euros). Na prática, para Knohl, "o julgamento de Jesus não foi um embate entre as doutrinas cristã e judaica, mas um confronto entre duas posições internas ao judaísmo — uma que aguardava o Messias e outra que rejeitava a própria noção — na qual Jesus e os fariseus pertenciam ao mesmo lado". A ponto de que "se os fariseus tivessem participado do julgamento, não teriam condenado Jesus à morte".

"La disputa messianica: Farisei, sadducei e la morte di Gesù", de Israel Knohl (2025).

O biblista traça essa divisão no mundo judaico entre messiânicos e antimessiânicos em oito séculos antes de Cristo. O ano de virada foi, de fato, 733 antes da era vulgar. (antes de Cristo), quando na Bíblia Hebraica a ideia de um Messias (davídico) "aparece pela primeira vez em conexão com o encontro entre o profeta Isaías, filho de Amós, e Acaz, rei de Judá". Era a época da superpotência assíria. Por outro lado, foi outro profeta contemporâneo de Isaías, Oséias, quem rejeitou a ideia de um messianismo monárquico e se entregou a um único redentor: Deus.

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