17 Novembro 2025
Tudo começou quando o presidente Lula, em discurso na Cúpula de Líderes anterior à COP30, pediu um plano mais concreto para “superar a dependência de combustíveis fósseis”. Apelo que se repetiu na fala do presidente brasileiro na abertura da conferência do clima.
A reportagem é publicada por ClimaInfo, 14-11-2025.
Na avaliação da AFP, o forte e inesperado apoio político de Lula a um “Mapa do Caminho” motivou uma coalizão de nações na capital paraense, na esperança de avançar na eliminação gradual dos combustíveis fósseis, apesar da oposição de negacionistas climáticos, como o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e de petroestados como a Arábia Saudita e a Rússia.
O “roteiro” sugerido por Lula não está oficialmente na agenda da COP30, mas um esforço diplomático está em curso para mudar isso, com movimentações da ministra do Meio Ambiente, Marina Silva. Países como Reino Unido, Alemanha, França, Dinamarca, Colômbia e Quênia sinalizaram apoio para tentar chegar a um acordo sobre as diretrizes de uma transição para longe dos combustíveis fósseis.
A Colômbia, que se tornou o primeiro país da Amazônia a declarar toda a sua porção do bioma como uma zona livre de petróleo e de grande mineração, trabalha paralelamente em uma declaração a ser divulgada na próxima semana. O rascunho foi visto pela Bloomberg e ainda está sujeito a alterações, mas o documento já foi assinado por alguns estados insulares, com a expectativa de criar uma massa crítica.
O Capital Reset lembra que o transitioning away, incluído no documento final da COP28, em Dubai, em 2023, mas que desapareceu na COP29, ano passado, em Baku, chegou a Belém como um azarão. Poucos apostavam que, com nós tão atados sobre financiamento e metas climáticas e de adaptação, o fim dos combustíveis fósseis teria chance. Mas o tema ganhou tração e se tornou um trending topic nos bastidores. “Acontecerá de uma forma ou de outra”, disse o embaixador do clima da Dinamarca, Ole Thonke, ao Financial Times.
Uma das possibilidades consideradas é incluí-lo na decisão final ou abrangente que sairá da COP30, para que os países possam trabalhar nele ao longo do próximo ano. Um plano semelhante foi adotado no ano passado para ampliar o financiamento climático – o “Mapa do Caminho de Baku a Belém”, apresentado na semana passada, após um ano de debates e análises.
“Esse é um diálogo continuado. O mapa do caminho é o mais importante. O fundamental é saber como caminhar para a direção certa”, afirma ao Valor o empresário Dan Ioschpe, Campeão de Alto Nível do Clima da COP30.
Leia mais
- “Mapa do Caminho” para fim dos combustíveis fósseis tenta driblar resistências na COP30
- “Mapa do Caminho” para US$ 1,3 tri propõe taxar poluidores e troca de dívida
- O que a COP30 tem que entregar para não fracassar
- Brasil articula frente latino-americana de países para a COP30
- COP30: Pensar a América Latina com mapas abertos. Artigo de Antônio Heleno Caldas Laranjeira
- COP30 começa hoje: entenda o que está em jogo e o que podemos esperar
- Críticas a Trump, lobby fóssil e falta de ambição climática marcam Cúpula de Líderes
- COP30: “A era dos belos discursos e boas intenções acabou”, escreve Lula
- A COP30 precisa planejar o fim dos combustíveis fósseis
- COP30 será “hora da verdade” contra a crise climática, diz Lula na ONU
- Fim dos combustíveis fósseis fica de fora do discurso de Lula na ONU
- No país da COP30, mais petróleo, mais gás, mais carvão. Artigo de Alexandre Gaspari
- Voos de equipes da Petrobras evitam Belém durante COP30
- COP não atingiu propósito para qual foi criada, dizem especialistas
- Alto lá, esta terra tem dono: atrocidades do país da COP30. Artigo de Gabriel Vilardi
- Abandono de combustíveis fósseis volta ao radar da COP30
- A caminho da COP30: entre a retórica da eliminação dos combustíveis fósseis e a perfuração na Amazônia