Kleber Mendonça relaciona Bacurau com ‘safári humano’ na Bósnia: ‘Matar por prazer é modus operandi do Norte rico’

Foto: Wikimedia Commons

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14 Novembro 2025

Kleber Mendonça Filho vê semelhança em seu filme Bacurau com a notícia de que cidadãos italianos teriam pago até R$ 610 mil para serem levados a um campo de batalha na Bósnia para matar civis inocentes durante o conflito na região.

A reportagem é de Lucas Salum, publicada por Brasil de Fato, 13-11-2025.

Os casos aconteceram na década de 1990, mas vieram à tona nesta semana após o Ministério Público italiano anunciar que abriu investigações a respeito.

“Infelizmente isso faz parte da história humana, foi daí que veio o Bacurau. Quando você junta uma área, uma região que é vista como muito pobre pelo Norte rico, não é tão difícil de acreditar que algo assim poderia, em tese, acontecer. A notícia de hoje de fato é muito chocante, mas eu acho que faz parte de um modus operandi do ser humano, infelizmente”, afirma o diretor ao Brasil de Fato.

Kleber Mendonça lançou na semana passada seu novo longa, O Agente Secreto, com Wagner Moura, nos cinemas brasileiros. A obra, já premiada no Cannes, foi escolhida como a representante nacional no Oscar, que acontecem em fevereiro do ano que vem.

O “safári humano”, como vem sendo chamado pela imprensa italiana, foi revelado por conta de uma investigação do repórter e escritor italiano Ezio Gavazzeni. Ele concedeu uma entrevista ao veículo La Repubblica contando que havia ouvido relatos dessas ações ainda nos anos 1990. Em 2022, um documentário esloveno chamado “Sarajevo Safari” abordou o caso.

Segundo Gavazzeni, as vítimas eram cidadãos que em atos de desespero saiam de suas casas em busca de alimento e remédios. De acordo com o La Repubblica, o ministério público italiano irá começar a convocar testemunhas para interrogatório.

O filme Bacurau, lançado em 2019, que conquistou o Prêmio do Júri no Festival de Cannes daquele ano, conta sobre uma cidade fictícia no nordeste brasileiro na qual a população local começa a notar mortes violentas de forma inexplicável na região.

Na trama, revela-se que se trata de um grupo de estrangeiros que estão fazendo, justamente, um “safári humano” com aquela comunidade.

“A ideia de Bacurau não foi criada por mim e por Juliano [Dornelles], porque a gente acordou um dia e acendeu uma lâmpada e disse ‘eita, tem essa ideia’”, conta Mendonça, citando seu parceiro na direção do longa.

“Infelizmente, ao longo da história em guerras, guerra civis, intervenções de países em outros países, isso infelizmente é muito recorrente: matar por prazer.”

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