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13 Setembro 2019

Numa provocação sobre o papel da violência, a pergunta: ela jorra do sangue dos invasores, ou da tentativa de colonizar e aniquilar o Sertão — com ajuda dos próprios brasileiros? Fica, no entanto, o exemplo: não precisamos morrer todo dia.

"A violência tão criticada em Bacurau não está no sangue que jorra dos estrangeiros. A violência está no sangue injustificado dos moradores do povoado. A maior violência do filme, a que agride de verdade, é a pulsão colonizadora dos estrangeiros. Por isso, peço a você leitor, que repense as suas lógicas, com o máximo dos clichês: não confunda a reação do oprimido com a violência do opressor", escreve Juliana Magalhães, escritora e estudante de Letras da Universidade Federal de Ouro Preto, em artigo publicado por Outras Palavras, 10-09-2019.

Eis o artigo. 

Um dia um artista carioca disse que procuramos no amor uma pureza impossível. Não me lembro se foram essas as palavras, mas sei que o sentido da frase era exatamente esse. A questão é que há também quem busque por uma pureza impossível na arte, no cinema. Há quem procure por uma experiência aconchegante quando entra numa sala de cinema: problemas que se resolvam com soluções mágicas e fleumáticas. Uma estética que não agrida os olhos ou um suposto bom gosto. Um final feliz para o bom e um final um pouco menos feliz para o mau. Coisas “belas” que Hollywood e os contos de fada fizeram com que o nosso cérebro invocasse quase que imediatamente. Desejam uma espécie de desfecho que as obras realistas não suportam mais. Não falo aqui do movimento realista, mas da realidade em si.

Assistir Bacurau foi bastante desconfortável, como havia de ser. Mas que bonito foi o desconforto nessas duas horas e doze minutos de filme, nesses dias. Alguns chamariam de “alma lavada”. Bem disse Guimarães Rosa: Tudo que é bonito é absurdo.

Vi o filme no dia da estreia, em uma sala de cinema de shopping da cidade de São Paulo. Muitos dos paulistanos que me acompanharam ali naquela sessão, encararam Bacurau como uma intocável ficção. Achei engraçado, mas compreensível. Para muitos, o interior do Brasil é só uma ideia distante e fantasiosa. Para alguns, nordeste é ficção, como diria Belchior. Como saí de um lugar como esse, sei muito bem da existência desse lugar visto em Bacurau. Não estranhei o chão de terra, as pessoas, as casinhas, os ritos, as dificuldades do básico e todas as dinâmicas do filme. Tudo era muito familiar e próximo naquela tela. Inevitável a solidão naquela sala de shopping, mas apesar disso, uma solidão emocionada por ver aquele lugar sendo apresentado em diversos pontos do país: um grande sertão, que na verdade é minúsculo. E que na verdade é maiúsculo. Sertão com S maiúsculo, gente maiúscula.

Bacurau é um pequeno povoado, localizado no sertão brasileiro. Bacurau é também um nome de um pássaro. Cadáveres começam a aparecer no povoado, marcas de balas nos carros dos moradores. Ainda sem reação, o povoado é atacado sem tréguas por um inimigo até então invisível. Ao desenrolar da história, descobrimos que é um grupo armado de estrangeiros que se reúnem ao som de todo um gozo para aniquilar as pessoas daquele lugar. No meio desses invasores, há dois brasileiros do sul do país que se enchem de um ar de superioridade e desprezo ao entrar num bar de Bacurau e ao entrar em contato com aquele povo. Se acham muito limpos, muito superiores e muito brancos. Acham que também fazem parte do grupo de estrangeiros. Quase uns idiotas. Esse casal de sulistas é o maior retrato da subserviência ingênua e burra que presenciamos no nosso país hoje. Quando dizem que são brancos, viram motivo de piada dos colonizadores. Acabam mortos pelo grupo, como se ao mata-los, dissessem a eles: vocês são apenas mais uma mente colonizada e medíocre. Não fazem parte de nós, latino-americanos.

“No centro do sertão, o que é doideira às vezes pode ser a razão mais certa e de mais juízo!” - Guimarães Rosa

Há uma figura muito interessante e especialmente poética em Bacurau, um violeiro, que saca o seu violão em dado momento quando os turistas saem do bar e canta versos que constrangem aquelas pessoas. Algo como: esse povo do Sudeste acha que é melhor que todo mundo. De fato. É difícil para o Sudeste enxergar uma realidade que o transpassa. Mais do que enxergar, a dificuldade é reconhecer que existem uma cultura e uma inteligente pulsante que não foram pensadas por eles e que não nasceram nesse chão de concreto, nessa lógica de concreto. Uma definição de interior, entre tantas, é essa: que está por dentro, no espaço compreendido entre os limites de um corpo. Para muitos, o interior não é apenas uma questão de limite geográfico. Há quem ache que os limites se estendem às pessoas do lugar. O grupo de estrangeiros acharam isso: que por serem interioranos e limitados, o povo de Bacurau iria apenas se deixar invadir, morrer e desmoronar, pacíficos e subservientes. Sem capacidade de lutar uma boa luta. Sem articulação para entrar em uma boa guerra. Aí é que eles se enganaram. Sertão. Sabe o senhor: sertão é onde o pensamento da gente se forma mais forte do que o poder do lugar

O povoado de Bacurau se organiza e se aparelha para a guerra. Quando são atacados pelos estrangeiros, já estão prontos para o contra-ataque. Dessa vez, quem atira primeiro é o sertão. Quem desfalece é o estrangeiro. Ao perceber que dois dos seus atiradores sumiram, todo o grupo vai à Bacurau. Encontram uma cidade vazia. Todos do povoado estão escondidos e articulados para, enfim, derrotar o inimigo. Quando Bacurau reage e começa a atirar nos estrangeiros, inicia uma espécie de alegria da fúria. No filme e dentro de mim. Uma tristeza que até alegra. A alegria de uma luta pela soberania daquele pedaço de Brasil. A luta pelo direito de viver, de existir, de estar no mapa. A violência tão criticada em Bacurau não está no sangue que jorra dos estrangeiros. A violência está no sangue injustificado dos moradores do povoado. A maior violência do filme, a que agride de verdade, é a pulsão colonizadora dos estrangeiros. Por isso, peço a você leitor, que repense as suas lógicas, com o máximo dos clichês: não confunda a reação do oprimido com a violência do opressor.

Kleber Mendonça Filho e Juliano Dornelles nos dizem algo através daquele povo: precisamos nos articular para lutar pelo que é nosso. Não precisamos perder uma luta todo dia ou morrer para sempre. Não podemos permitir que nos matem. Não podemos abrir mão da nossa soberania, do nosso lugar. Quer queiram, quer não, existimos aqui. Existiremos lá. Não seremos apagados nem do mapa nem dos filmes e nem da história. Afinal de contas, o sertão está em toda a parte.

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