O resultado deprimente da eleição presidencial da Conferência dos Bispos Católicos dos EUA. Artigo de Michael Sean Winters

Foto: Anna Hecker | Unsplash

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13 Novembro 2025

"O que a maioria dos bispos americanos não percebe, ou percebe e não se importa, é o quanto a oposição deles a Francisco foi singular na Igreja universal. A maioria dos bispos e cardeais em Roma e em todo o mundo considerou o episódio de Viganò, e reações como a de Coakley, alarmantes e perturbadoras. Na eclesiologia católica, o papa é o ponto central da unidade", escreve Michael Sean Winters, jornalista e escritor, em artigo publicado por National Catholic Reporter, 12-11-2025.

Eis o artigo.

A votação para a presidência da Conferência dos Bispos Católicos dos Estados Unidos foi apertada. Apertada e profundamente decepcionante. No segundo turno, D. Paul Coakley, arcebispo de Oklahoma City, derrotou por uma margem estreita o bispo Daniel Flores, de Brownsville, Texas, por 128 votos a 109.

A vitória de Coakley reflete o fato de que o afável Coakley é bem visto por seus pares. Também indica que a maioria dos bispos deseja continuidade na conferência, preferindo uma postura de acomodação com o governo Trump. Quem quiser ver os bispos se distanciarem adequadamente da política partidária atual não pode esperar ajuda da presidência da Conferência dos Bispos Católicos dos EUA.

Ao escolher Coakley, os bispos tiveram que ignorar a falta de respeito que ele demonstrou para com o Papa Francisco em 2018, quando Coakley emitiu uma declaração de apoio ao Arcebispo Carlo Maria Viganò, após Viganò ter pedido a renúncia do Papa e feito falsas alegações de que Francisco teria acobertado os crimes do ex-Cardeal Theodore McCarrick. Uma coisa é discordar de um papa. Outra bem diferente é ser desrespeitoso, dando credibilidade a um conjunto de acusações obviamente falsas. É chocante que Coakley nunca tenha retirado essa declaração de apoio, mesmo depois de Viganò ter sido declarado excomungado.

A escolha também significa que a influência perniciosa de Timothy Busch e seu Instituto Napa se tornará mais dominante no funcionamento da Conferência dos Bispos. Coakley é o "conselheiro eclesiástico" do instituto. Em um momento em que a desigualdade de renda é pior do que nunca, não podemos esperar que a Conferência confronte a distorção da doutrina social católica, que é a especialidade do Instituto Napa. Busch bajula Donald Trump, e nos perguntamos se o novo presidente da Conferência dos Bispos terá um pequeno escritório na Ala Oeste. A mensagem que os bispos americanos enviaram ao Santo Padre pouco antes da eleição de Coakley defendia veementemente os imigrantes, mas seu voto minou esse compromisso.

O que a maioria dos bispos americanos não percebe, ou percebe e não se importa, é o quanto a oposição deles a Francisco foi singular na Igreja universal. A maioria dos bispos e cardeais em Roma e em todo o mundo considerou o episódio de Viganò, e reações como a de Coakley, alarmantes e perturbadoras. Na eclesiologia católica, o papa é o ponto central da unidade.

Os católicos conservadores nos EUA esperavam que os cardeais pensassem como eles e que o conclave resultasse em uma correção de rumo em relação ao que consideravam as reformas desordenadas de Francisco. Mas os cardeais optaram pela continuidade em maio, assim como os bispos americanos optaram pela continuidade na conferência de hoje. Isso significa que haverá tensões contínuas na relação entre a hierarquia americana e a Santa Sé, e a oposição a Francisco provavelmente se transformará em resistência a Leão XIV. Pode ser sutil, mas será evidente.

Se os bispos tivessem escolhido Flores, teriam sinalizado o desejo por uma direção diferente e por uma maior unidade dentro da conferência. Flores goza da confiança tanto dos conservadores quanto dos moderados entre os bispos e, consequentemente, poderia ter começado a unir a conferência, que está profundamente dividida. Ele teria gradualmente conduzido a conferência para melhor se alinhar com as prioridades articuladas por Leão. Flores é agora o vice-presidente e, em três anos, poderá ascender ao cargo máximo. Um bispo me disse após a votação: "Três anos passam rápido". Esses três anos, porém, constituem a maior parte do segundo mandato de Trump. E é improvável que a Conferência dos Bispos Católicos dos EUA assuma a liderança no questionamento de qualquer medida que venha desta Casa Branca.

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