Guerra Mundial Z. Artigo de Victor Lapuente

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07 Outubro 2025

Tiranos decrépitos e governos oligárquicos ao redor do mundo estão enfrentando a resistência juvenil da geração pós-milenar.

O artigo é de Victor Lapuente, publicado por El País, 07-10-2025.

Víctor Lapuente é professor de Ciência Política na Universidade de Gotemburgo. Seu livro mais recente, Immanencia (AdN), será lançado em breve.

Eis o artigo.

A vida é como Star Wars: justamente quando parece que as forças do mal estão prestes a vencer, uma aliança rebelde emerge do lugar mais inesperado. Quando parece que as tropas imperiais estão estendendo seu manto por todo o planeta, como alertam os adivinhos, feiticeiros e outros analistas (que, como o Instituto V-DEM, apontam que a porcentagem da população mundial vivendo em autocracias aumentou de 49% em 2004 para 72% hoje), quando a tocha da liberdade é uma vela na tempestade, quando a Estrela da Morte já está apontada para nós, a esperança nasce nos lugares mais inesperados: nas almas mais jovens e humildes dos cantos mais remotos do planeta.

Tiranos decrépitos e governos oligárquicos em todo o mundo enfrentam a resistência juvenil da Geração Z. Das Montanhas Rif às costas de Madagascar, das cidades de vidro e cimento da selva filipina às aldeias de madeira e adobe das montanhas nepalesas. E na Indonésia, Bangladesh, Quênia e Angola. Em centenas de dialetos, milhares de manifestantes gritam o mesmo grito: chega de corrupção e nepotismo, chega de investimentos em estádios de futebol para glorificar governantes megalomaníacos; queremos serviços básicos: eletricidade, educação e saúde.

A Geração Z no Sul Global tem pouco a perder e muito poder. 60% da população africana tem entre 15 e 35 anos e, desses 420 milhões, um terço está desempregado, outro terço tem empregos precários e um quinto está inativo. É lógico que eles se rebelariam contra líderes que atropelam seus direitos enquanto vivem em um oásis de palácios no deserto e apartamentos parisienses, cortejando estrelas do futebol em vez de seus súditos.

A resistência juvenil tem uma arma poderosa: a conectividade digital. Mais flexível que milícias, mais barata que fuzis, mais eficaz que bombas para derrubar autocratas. Qualquer rede social ou aplicativo de videogame se torna um sabre de luz contra o qual os métodos usuais de repressão — tanques e veículos blindados, balas e espingardas — parecem brinquedos.

Mas a força tem um lado obscuro. A falta de organização impede que as regras que tornam os movimentos bem-sucedidos sejam aplicadas: acima de tudo, evitemos o vandalismo. E o igualitarismo sem líderes nas mídias sociais é maravilhoso, mas arriscado, porque é terreno fértil para influenciadores e instagrammers mais interessados ​​em sua própria proeminência do que no sucesso coletivo.

Ainda assim, que a força esteja com vocês, jovens.

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