Dom Luciano Pedro Mendes de Almeida: vida e legado do servo de Deus

Foto: CNBB

26 Agosto 2025

"O Vaticano, por meio da Congregação para a Causa dos Santos, autorizou o início do seu processo de canonização. Seu papel foi fundamental para a elaboração do documento episcopal da Conferência Geral de Puebla em 1979. Compreendeu a inteligência do amor. Verdadeiro santo."

O artigo é de Fernando Altemeyer Junior, teólogo e professor da PUC-SP, em texto publicado em sua página no Facebook, 29-07-2024.

Eis o artigo. 

Dezenove anos do falecimento em 27/08/2006, na cidade de São Paulo, do Servo de Deus Luciano Pedro Mendes de Almeida, jesuíta, nascido no Rio de Janeiro em 05/10/1930. Dirigiu a Arquidiocese de Mariana de 1988 a 2006 e presidiu a CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil) entre 1988 e 1995.

Ele fez os primeiros estudos no Colégio Santo Inácio, no Rio de Janeiro (1941-1945) e em seguida no Colégio Anchieta, em Nova Friburgo (1946-1950). Ingressou na Companhia de Jesus no dia 02 de março de 1947.

Realizou estudos na Casa de Formação dos Jesuítas em Nova Friburgo (1951-1953) e na Pontifícia Universidade Gregoriana, em Roma (1955-1959). Cumpre os estudos para o doutorado em Filosofia na Universidade Gregoriana (1960-1965). Defende a tese de doutorado em filosofia em 1965 sob o título “A imperfeição intelectiva do espírito humano: introdução à teoria tomista do conhecimento do outro”.

Seu orientador foi o padre Joseph de Finance, pensador vigoroso, profundo conhecedor da obra de Tomás de Aquino, de quem reconhece ter recebido “inspiração, guia e incentivo” e o pensamento do jesuíta canadense Bernard Lonergan, seu professor de teologia na Universidade Gregoriana, um dos teólogos católicos mais eminentes da segunda metade do século XX. Lonergan notabilizou-se justamente pela força e abrangência da reflexão filosófica, demonstrada, em particular, em sua obra magistral “Insight: A Study of Human Understanding”.

Sua ordenação presbiteral deu-se a 5 de julho de 1958, em Roma. Emitiu seus votos definitivos na Companhia de Jesus no dia 15 de agosto de 1964.

Foi professor de Filosofia (1965-1972); instrutor da terceira provação na Companhia de Jesus (1970-1975); membro da diretoria da Conferência dos Religiosos do Brasil (1974-1975). Doutor Honoris Causa pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR) em 1989.

Foi nomeado pelo Papa Paulo VI, no dia 25 de fevereiro de 1976, bispo auxiliar de São Paulo e titular de Túrris em Proconsular. Sua ordenação episcopal deu-se a dois de maio de 1976, pelas mãos do cardeal Dom Paulo Evaristo Arns, OFM, Dom Clemente José Carlos de Gouvea Isnard OSB e Dom Benedito de Ulhôa Vieira.

Exerceu a função de bispo auxiliar na Arquidiocese de São Paulo e responsável pela Pastoral do Menor no período de 1976 a 1988.

O Papa João Paulo II o nomeou arcebispo de Mariana no dia seis de abril de 1988. Na Conferência Nacional dos Bispos do Brasil foi secretário-geral no período de 1979 a 1987, e presidente de 1987 a 1995.

Na Cúria Romana foi membro do Pontifício Conselho Justiça e Paz (1992–2006) e membro da Comissão do Secretariado para o Sínodo (1994-1999). Foi vice-presidente do Conselho Episcopal Latino-Americano (1995-1998); em 1997 foi eleito delegado da CNBB à Assembleia Especial do Sínodo dos Bispos para a América por eleição da Assembleia da CNBB e confirmado pelo Papa João Paulo II.

Foi sagrante principal de quatro bispos: Jacyr Francisco Braido, CS; Alessio Saccardo, SJ; José Geraldo da Cruz, AA e Armando Bucciol.

Figura de destaque do episcopado brasileiro atuante na defesa dos direitos humanos e no serviço aos pobres, particularmente das crianças e dos povos indígenas. Esteve presente aos funerais do santo bispo Oscar Romero, em São Salvador, na América Central, e fez importante visita ao Líbano ao final da guerra civil, impactando os interlocutores das diferentes religiões e grupos políticos.

Manteve por 22 anos uma coluna semanal no jornal paulistano Folha de São Paulo. No dia 3 de maio de 2006, foi conferido a dom Luciano o título de Doctor Honoris causa pela Faculdade de Teologia da Companhia de Jesus de Belo Horizonte.

Completados 75 anos, apresentou ao papa sua carta de renúncia. Faleceu pouco depois, em São Paulo, SP, em 27 de agosto de 2006. O corpo do arcebispo foi enterrado na cripta da catedral de Nossa Senhora da Assunção, em Mariana, MG.

Seus escritos conhecidos:

O Vaticano, por meio da Congregação para a Causa dos Santos, autorizou o início do seu processo de canonização. Seu papel foi fundamental para a elaboração do documento episcopal da Conferência Geral de Puebla em 1979. Compreendeu a inteligência do amor. Verdadeiro santo.

Dois textos em sua memória:

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