08 Julho 2025
A reportagem é publicada por Arquidiocese de Lima e reproduzida por Religión Digital, 07-07-2025.
A guerra não é o meio para "acalmar o mundo". Precisamos do anúncio do Evangelho para aprender a construir a paz. "Não podemos interpretar o amor como poder, mas como uma força inesgotável de esperança". Esta é a mensagem que nos deixou o cardeal-arcebispo Dom Carlos Castillo, de Lima, durante a Eucaristia deste 14º Domingo do Tempo Comum.
Em seu discurso ao texto de Lucas (10, 1-12. 17-20), que narra como Jesus enviou seus discípulos dois a dois em missão, Castillo sustentou que, neste Ano da Graça do Ano Jubilar, o Senhor propõe que todos sejamos participantes desse anúncio, para que todos estejamos envolvidos na missão de tornar Deus transparente na vida cotidiana.
No entanto, às vezes reduzimos a imagem da fé cristã a uma única questão: a santificação da alma, ignorando o fato de que a comunhão é o alimento espiritual que nos encoraja a partir em missão. "A Eucaristia é alimento para a alma e energiza o corpo. Portanto, deve haver ação dentro de nós, uma realização do amor de Deus por meio de gestos concretos", observou.
Quando a ideia predominante é que a fé "é simplesmente vir à igreja e rezar um pouco", descobrimos que "saímos da igreja da mesma forma como entramos, sem nos deixarmos transformar". Por isso, o Primaz do Peru reiterou que "a Eucaristia tem o propósito de nos deixar diferentes, saboreando e adquirindo o 'tempero' de Jesus".
O católico, o cristão, identifica-se com as pessoas, estabelece laços diretos, cura pessoas e compreende os seres humanos tão bem quanto Deus. Não saímos em busca de relacionamentos e prestígio.
A missão que Jesus confia aos seus discípulos — enfatizou o arcebispo de Lima — tem uma dimensão pedagógica muito apropriada no dia em que celebramos os professores no Peru. Essa dimensão evangelizadora não é imposta, mas sim gerada pela proximidade de Deus na história e pela possibilidade de antecipar o seu Reino por meio de relações de amor verdadeiro.
E, dirigindo-se aos educadores presentes na missa, acrescentou: "As equipes de ensino são um exemplo de paz porque se reúnem como comunidade cristã para ler o Evangelho e refletir em conjunto sobre como aprimorar suas habilidades de ensino para ajudar os alunos. Isso é diferente do professor que dá uma aula, vai para casa e pronto".
Em outro momento, o Cardeal esclareceu que, quando o Senhor pede a seus discípulos que "não levem bolsa, nem mochila, nem sandálias. Não parem para cumprimentar ninguém pelo caminho", ele se refere a evitar distrações que nos desviam da nossa missão principal: construir o Reino de Deus aqui na Terra, curar as pessoas, partilhar o pão e servir aos outros.
Nestes tempos de escuridão, guerra e declínio, a necessidade de proclamar o Evangelho é maior para combater os perigos de perder nossa humanidade.
Em outro momento, o prelado explicou que o gesto de enviar os discípulos dois a dois nos lembra da importância da participação comunitária. Da mesma forma, na Igreja, somos chamados a "criar comunidades entre nós para promover o despertar do Espírito do Senhor", discutindo juntos como podemos servir ao nosso povo.
Infelizmente, um dos problemas mais graves da Igreja Sinodal reside em sua organização: o clericalismo. O Cardeal Castillo apelou para a superação dessa mentalidade de alguns grupos católicos que se sentem "poderosos" e se consideram "o unguento divino", usando a fé das pessoas comuns para subjugá-las e maltratá-las. "Se há algum poder na Igreja, é o serviço", observou.
O Senhor nos dá a missão de gerar força e capacidade para encontrar um novo caminho. Não se trata de impor conhecimento, mas sim de despertar o potencial e a grandeza humana e espiritual das pessoas.
A missa, celebrada na Catedral Basílica de Lima, contou com a presença do Colégio de Obstetras do Peru, do Movimento de Equipes Docentes do Peru e do Coral da Paróquia San Juan Bautista de Amancaes, que estiveram acompanhados de seu pároco, Padre Emerson Velaysosa.