16 Mai 2025
O presidente dos EUA visita a base de al Udeid, no Catar, onde o Pentágono armazenou homens e equipamentos para caso de conflito. “O Irã deve renunciar à bomba atômica”
A informação é de Paolo Mastrolilli, publicada por La Repubblica, 16-05-2025
Um míssil lançado desta base leva menos de dez minutos para atingir o Irã. O oficial militar dos EUA que emitiu este aviso a Teerã pediu para permanecer anônimo, mas para evitar mal-entendidos ele esclareceu: "Recentemente, enviamos para cá muitos aviões, foguetes, etc. Fizemos isso sem nos esconder, então a inteligência da República Islâmica sabe bem o que estamos prontos para fazer em caso de um confronto. Agora cabe a eles decidir se querem aceitar a oferta do presidente para negociar um novo acordo nuclear, por mais abrupta que pareça, ou se vão procurar alternativas."
President Trump visits U.S. troops at Al Udeid Air Base in Qatar. 🇺🇸
— The White House (@WhiteHouse) May 15, 2025
God bless our troops! 🇺🇸 pic.twitter.com/RNnXcizu7c
Estamos dentro da base aérea de al Udeid, a uma hora de Doha, capital do Catar, esperando Donald Trump vir cumprimentar as tropas antes de partir para Abu Dhabi. Esta é a maior instalação do Pentágono em todo o Oriente Médio, com aproximadamente 12.000 homens mobilizados, incluindo americanos, catarianos, mas também italianos e alguns israelenses. É basicamente o quartel-general independente do Comando Central dos Estados Unidos e, portanto, se uma guerra contra o Irã acontecesse, ela seria administrada daqui.
Este lugar é o ponto de encontro da estratégia geopolítica do chefe da Casa Branca na região. Por um lado, há sua promessa de ir além do intervencionismo neocon, parar de ensinar árabes e muçulmanos a viver e desistir da pretensão de reconstruir nações com base em princípios democráticos. Tudo em nome de uma visão transacional das relações internacionais, onde a única coisa que realmente importa é o dinheiro, mas onde qualquer um pode fazer negócios lucrativos se estiver alinhado com sua visão. Por outro lado, há o risco de que tudo seja uma ilusão, uma ingenuidade, porque o dinheiro não é a única coisa que move o ser humano, principalmente por aqui. E o teste decisivo, agora que a Síria também foi bem-vinda de volta ao grupo, é o próprio Irã, enfraquecido pelos golpes sofridos em Beirute e Damasco e, talvez, portanto, mais inclinado a um acordo.
Se Trump conseguir concluir o novo acordo em que está trabalhando, ele poderá remodelar todo o paradigma da região à sua própria imagem. E talvez, depois que a mina dos aiatolás for desativada, convencer a Arábia Saudita e outros países da região a aderir aos Acordos de Abraão, normalizando as relações com Israel. Em troca, talvez, do fim da guerra em Gaza e de um futuro digno para os palestinos, se Netanyahu permitir. Se ele falhar, o fim do intervencionismo durará muito pouco, forçando-o a outra daquelas guerras no Oriente Médio que ele diz desprezar.
Falando na Mesa Redonda Econômica de Doha antes de seu discurso na base de al-Udeid, Trump revelou que seu enviado Steve Witkoff e o Ministro das Relações Exteriores Abbas Araghchi estavam mantendo "negociações muito sérias" para uma "paz de longo prazo". Teerã, diz ele, “de certa forma aceitou os termos: eles não produzirão poeira nuclear”. O conselheiro do aiatolá Khamenei, Ali Shamkhani, disse à NBC que Teerã está pronta para se livrar de seu estoque de urânio altamente enriquecido que pode ser transformado em arma, concordar em enriquecê-lo apenas aos níveis mais baixos para uso civil e permitir que inspetores internacionais supervisionem o processo. Em troca, quer o levantamento imediato de todas as sanções econômicas. Trump responde que suas exigências são claras: “Eles não podem ter uma arma nuclear. É a única coisa, muito simples. Não preciso fornecer 30 páginas de detalhes.” No entanto, o Irã "também deve parar de patrocinar o terrorismo e pôr fim às suas sangrentas guerras por procuração".
Happening Now—Before boarding Air Force One and departing Al Udeid Air Force Base in Qatar, President Trump thanks the Emir of Qatar—as they view a flyover before POTUS departure… pic.twitter.com/4aWidmVtPt
— Dan Scavino (@Scavino47) May 15, 2025
Falando às tropas, Trump afirmou que os EUA "haviam vencido a Segunda Guerra Mundial e voltado a ser a potência militar mais forte, com o financiamento trilionário solicitado para o Pentágono. Agora, todos querem ser soldados". Paz pela força, o romano "si vis pacem para bellum". A sua "prioridade é acabar com os conflitos, não iniciá-los. Mas nunca hesitarei em exercer o poder americano, se necessário, para defender os EUA ou nossos parceiros". Primeiro teste: Irã.