29 Abril 2025
Com fechamento dos últimos centros de acolhimento, desabrigados são transferidos para casas provisórias enquanto aguardam um teto definitivo.
A informação é publicada por ClimaInfo, 29-04-2025.
Na época das enchentes extremas no Rio Grande do Sul, entre abril e maio do ano passado, milhares de pessoas desabrigadas foram encaminhadas para Centros Humanitários de Acolhimento, também conhecidos como “cidades provisórias”. Um ano depois, o vice-governador do estado Gabriel Souza informou a desativação dos dois últimos centros e a realocação dos cerca de 350 desabrigados em moradias provisórias de 27 m², informou o Nexo.
As casas provisórias são uma solução intermediária, já que centenas das casas definitivas prometidas ainda não foram entregues, confirmou a Agência Brasil. Há cerca de dois meses, o casal Danilo Hiedt e Liana Maria de Quadros vive numa dessas residências temporárias, um contêiner de concreto no local onde será construído um novo bairro residencial em Cruzeiro do Sul, no Vale do Taquari. Antes, eles passaram por abrigos e viveram na casa de parentes.
O novo loteamento, que está sendo construído pelo governo do estado, em parceria com a prefeitura de Cruzeiro do Sul, fica numa parte alta da cidade e vai se chamar Novo Passo da Estrela, em referência ao bairro que foi completamente destruído no ano passado. A previsão é que as primeiras moradias definitivas, das 480 previstas, sejam entregues no final do ano. Ou seja, um ano e meio depois da catástrofe climática.
Em Roca Sales, cidade do Vale do Taquari que foi uma das mais atingidas pela tragédia, a situação continua desafiadora, lembra o Fantástico. Mário Jora, morador da cidade, recorda a destruição de sua casa. “Essa casa que eu morava tinha parede dupla, bem forte”, lembra. Ele lamenta a perda de três vizinhos, que morreram, e espera por ajuda para reconstruir sua casa. Há 150 famílias no município aguardando pela construção de novas moradias, dependendo da assinatura de contratos entre a prefeitura e os governos federal e estadual.
Em Montenegro, no Vale do Caí, Carla Martins e seu marido, ambos professores aposentados, tiveram sua casa tomada pelas águas e foram resgatados pelos bombeiros. Um ano depois, estavam prestes a se mudar, pela segunda vez. Primeiro, trocaram de residência com a filha. Nos últimos dias, alugaram uma casa maior, com pátio para seus gatos e cachorros, informa ((o))eco.
“Essa [casa nova] é bem longe do rio. Não gosto nem de passar perto. Depois da enchente, não conseguia mais ficar na casa, pois lembrava de tudo que passamos. Até hoje tenho ansiedade”, conta a ex-professora da rede pública.
Carla relata sequelas físicas e emocionais da catástrofe climática. “Fiquei com um problema nos braços de tanto lavar paredes imundas e tirar barro. Móveis e eletrodomésticos dá para comprar de novo, mas fotos dos filhos e outras memórias se perderam”, lamenta.
O cavalo Caramelo virou um símbolo da tragédia climática no Rio Grande do Sul. O animal, que ficou dias ilhado em um telhado em Canoas até ser resgatado, encontrou um novo lar no hospital veterinário da Universidade Luterana do Brasil (ULBRA), relata o Estadão. Ele inspirou a equipe do ClimaInfo a criar um meme sobre as mudanças climáticas que ganhou o Prêmio Megafone de Ativismo 2025. O prêmio é uma realização da Coalizão Megafone Ativismo, composta pelas organizações Pimp My Carroça, Instituto Socioambiental (ISA), Engajamundo, Sumaúma Jornalismo e Associação Intercultural de Hip-Hop Urbano da Amazônia (AIHHUAM). O Megafone Ativismo faz parte do programa Vozes Pela Ação Climática Justa (VAC), executado em parceria com a Hivos Brasil, a WWF Brasil e a Fundação Avina.