Censo 2022: Levantamento aponta que 30% dos imóveis do Centro estavam desocupados

Foto: Jefferson Bernardes | Prefeitura de Porto Alegre

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02 Abril 2024

Observatório das Metrópoles de Porto Alegre analisou dados divulgados pelo IBGE por setor censitário.

A reportagem é de Luís Gomes, publicada por Sul21, 01-04-2024.

Um levantamento realizado pelo pesquisador André Augustin, do Observatório das Metrópoles de Porto Alegre, aponta que 30,5% dos domicílios no Centro de Porto Alegre e 22,5% no 4º Distrito — bairros Humaitá, Farrapos, Navegantes, São Geraldo e Floresta — não estavam ocupados no momento da coleta de dados para o Censo 2022. Os percentuais estão acima da média da cidade, que é de 18,7%.

O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou ainda em junho do ano passado os dados do Censo que indicam que a Capital tinha 686.414 domicílios particulares permanentes em 2022, dos quais 558.151 estavam ocupados, 101.013 vagos e 27.250 eram de uso ocasional — são utilizados, mas não como moradia permanente. Isso significa que 14,7% dos domicílios estão totalmente desocupados e 4% são ocupados ocasionalmente, totalizando 18,7% não ocupados. Contudo, na ocasião, ainda não era possível saber o detalhamento da ocupação de imóveis por região da cidade.

Em março, o IBGE divulgou os primeiros resultados por setor censitário, o que permitiu analisar o total de domicílios não ocupados em cada setor. Augustin explica um setor censitário é a menor área de análise do Censo, podendo ser apenas uma quadra. A análise que o pesquisador fez leva em conta todos os setores censitários que compõem um bairro, mas alguns setores estão localizados em mais de um bairro, o que dificulta a análise por bairros. Contudo, ele destaca que, no caso do Centro, limites dos setores censitários e do bairro estão bastante aproximados, o que permite fazer a análise.

De acordo com o levantamento, o Centro Histórico tem cerca de 25,5 mil domicílios particulares, dos quais 7,8 mil eram considerados vagos ou de uso ocasional.

Já a análise dos setores censitários que se localizam dentro dos limites dos bairros que compõem o Quarto Distrito indicam índice de não ocupação acima da média da cidade em quatro deles. De acordo com o levantamento de Augustin, 28,4% dos domicílios do bairro Floresta estão desocupados (vagos ou em ocupação ocasional), 27,7% no bairro Navegantes, 24,2% no São Geraldo e 19,3% no Farrapos. O único bairro da região com taxa de desocupação menor que a média da cidade é o Humaitá, com 16,3%.

O detalhamento das taxas de desocupação por setor censitário em toda a cidade pode ser visto abaixo.

Em postagem nas redes sociais, o Observatório das Metrópoles destaca que Centro e Quarto Distrito são alvo de uma política dirigida pela Prefeitura da cidade, que planeja dobrar a população dessas regiões a partir da eliminação da altura máxima de prédios e outras medidas de incentivo à construção civil e ao setor imobiliário, como a concessão de benefícios fiscais e a permissão para conversão de unidades de escritório em domicílios e o desmembramento de unidades existentes, o chamado retrofit.

Para o Observatório, contudo, os dados do Censo de 2022 indicam que o que impede a ocupação do Centro não é a falta de imóveis ou supostas dificuldades para a construção, uma vez que já existe um excedente de domicílios disponíveis. Lembra ainda que o déficit habitacional na Região Metropolitana de Porto Alegre — não apenas na Capital — é estimado em cerca de 90 mil moradias, número inferior ao de domicílios vagos.

“Os dados do Censo mostram que precisamos rediscutir a política habitacional que vem sendo adotada nos últimos anos. Não podemos aceitar que o modelo do Centro e do 4D sejam copiados para o resto da cidade na revisão do Plano Diretor”, diz a nota do Observatório.

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