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A captura simbólica das polícias brasileiras pelos discursos religiosos, conservadores e de extrema-direita. Artigo de Roberto Uchôa

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24 Abril 2025

"O policial deixa de ser mero executor da lei e tornasse o braço armado do 'senso comum honesto', dispensando intermediação judicial", escreve Roberto Uchôa, pesquisador e consultor especializado em crime organizado, controle de armas de fogo e políticas de segurança pública, em artigo publicado por Diplomatique Brasil, 22-04-2025.

Eis o artigo.

A ascensão simultânea do neopentecostalismo e da extrema-direita no Brasil inaugurou um ciclo inédito de sobreposição entre moral religiosa, militarismo e política de segurança. A interpenetração desses domínios tornou-se particularmente visível dentro das polícias, especialmente nas polícias militares estaduais, que concentram quase meio milhão de profissionais armados. Embora a presença de capelanias seja antiga, o que se observa desde meados dos anos 2010 é um salto qualitativo, não se trata apenas de prestação de assistência espiritual, mas de um processo de formação de identidade corporativa tutelado por pastores e líderes políticos que convertem valores confessionais em doutrina operacional e visão de mundo.

Diversos fatores favoreceram esse quadro., o pacote de políticas sociais provocado por restrições orçamentárias empurrou a segurança pública para o centro de debate eleitoral, criando terreno fértil para atores que prometem “resgatar” a ordem a qualquer preço.

Segundo, a própria estrutura militar das polícias militares, hierárquica, fechada à sociedade civil e marcada por rituais de coesão, facilita que narrativas maniqueístas prosperem sem contestação interna. Terceiro, o bolsonarismo, ao amalgamar símbolos cristãos, nacionalismo e culto às armas, ofereceu um repertório pronto que passou por uma circular em grupos de WhatsApp institucionais, tornando-se parte do cotidiano dos quartéis. A reportagem da revista Piauí sobre cultos e jejum de oficiais em batalhões é ilustrativa: ali, a tropa não se vê apenas como agente do Estado, mas como “escolhida” para uma guerra espiritual contra o mal encarnado no crime e, por extensão, em opositores ideológicos.

Esse fenômeno ganha densidade política quando se converte em votos. O Instituto Sou da Paz detectou um registro de candidaturas de policiais nas eleições municipais de 2024, movimento descrito como “policialismo eleitoral”. Esses candidatos chegam ao parlamento sob a promessa explícita de fortalecer a corporação, de flexibilizar regras de uso da força e de ampliar o porte de armas. O resultado é um círculo virtuoso para o conservadorismo, a lei, antes instrumento de limitação do poder policial, passa a ser moldada por quem carrega a mesma farda. No âmbito federal, as bancadas da bala e da Bíblia firmaram alianças que bloquearam projetos de controle de armamentos e engavetaram propostas de desmilitarização, evidenciando como a captura simbólica transborda a arena legislativa.

O estopim que tornou visível o perigo institucional foi o ataque golpista de 08-01-2023. Relatórios do Gabinete de Segurança Institucional e da Polícia Federal descrevem tanta omissão quanto à conivência ativa de segmentos da Polícia Militar do Distrito Federal, alguns dos quais entoavam cânticos religiosos entre os invasores. A lacuna de comando naquele domingo foi revelada: quando a identificação ideológica se impõe sobre uma disciplina constitucional, a cadeia de autoridade civil se desfaz. A democracia depende, no limite, da conformidade das armas ao veredito das urnas; ao negar-se a reprimir os golpistas, parcelas da tropa sinalizaram que autorizaram uma autoridade transcendental (Deus, pátria ou líder messiânico) acima do Estado laico.

No plano cotidiano, a captura se manifesta em práticas seletivas de policiamento. Estudos qualitativos com cadetes da Universidade de Brasília mostram que a figura do “inimigo” é construída com base em critérios morais: moradores de rua, usuários de drogas, defensores de diretrizes identitárias ou religiões afro-brasileiras são percebidos como ameaças não apenas legais, mas espirituais. O passo seguinte é o afrouxamento do filtro da legalidade — se o oponente é visto como demoníaco, a violência letal se converte em exorcismo. Não surpreende, portanto, que os três estados com maior proporção de policiais evangélicos (Rio de Janeiro, Goiás e Pará) apresentem altos índices de letalidade policial, ainda que fatores socioeconômicos também concorram para explicar o quadro.

A literatura internacional sobre securitização moral fornece lentes úteis para compreender esses processos. Buzan, Wæver e de Wilde (1998) demonstram que, ao transformar um tema em ameaça existencial, o Estado legitimará medidas protetoras. No Brasil, a moral evangélica faz esse papel: crimes contra a família, contra “pessoas de bem” ou contra “valores cristãos” são elevados à categoria de anomia total, justificando o emprego ilimitado da força. À securitização soma-se o populismo punitivo, conceito que articula a noção de justiça à antipolítica. O policial deixa de ser mero executor da lei e torna-se o braço armado do “senso comum honesto”, dispensando intermediação judicial. Portanto, não apenas o uso ampliado das armas, mas a recusa crescente dos mecanismos de controle externo, sejam corregedorias, ouvidorias ou Ministério Público e até mesmo o uso de câmeras corporais.

A captura religiosa, entretanto, não se esgota no discurso. Ela inclui infraestruturas institucionais que avançam sobre a laicidade. Em 2021, o Ministério da Justiça inaugurou o programa “Assistência Espiritual para Profissionais de Segurança Pública”; o objetivo era o “cuidado integral da alma do guerreiro”, linguagem que rompe a neutralidade republicana para abraçar uma visão messiânica da função policial. Além de boinas e bíblias, as viagens passaram a ostentar adesivos com versículos; em redes sociais, oficiais orgulham-se da “racha de Satanás” promovida por suas operações. Muito antes de se institucionalizar, porém, o ideário já circulava em vídeos de funk gospel que retratam policiais fardados invocando “o sangue de Jesus” antes de entrar na favela. Esse imaginário performativo cimenta laços de solidariedade entre fé e farda, tornando-os quase indissociáveis ​​aos olhos da tropa e da comunidade religiosa de origem.

A convergência com a extrema-direita opera em três níveis. No simbólico, ambos unidos à retórica do “nós versus eles”, fortalecendo a gramática do inimigo interno. No programático, defendem agendas de persistência penal, armamentismo e combate a temas tidos como “ideologia de gênero”. No organizacional, articula campanhas políticas e redes de financiamento que abastecem templos, influenciadores e associações de classe. O resultado é uma rede de poder que combina capital religioso, eleitoral e bélico, capaz de obstruir qualquer tentativa de reforma que ameace sua hegemonia.

Os efeitos sobre a democracia são profundos. Ao se infiltrar em organizações dotadas de monopólio de violência legítima, esse movimento minimiza o custo de contestar decisões civis. Não se trata mais de lobby tradicional, mas de potencial veto armado a políticas que frustram sua visão moral do mundo. A política deixa de ser espaço de negociação para se converter em arena de redenção e, como recorda Carl Schmitt, quem define o inimigo decide sobre a exceção. No Brasil de 2025, as audiências públicas sobre câmeras corporais evidenciaram a dificuldade de implantação de sistemas de supervisão imparciais, associações policiais evocam “autonomia de culto” para omitir sensores que captem áudio enquanto repetem slogans bolsonaristas contra “advogados de bandidos”.

Vencer esse impasse exige estratégias multissetoriais. A primeira é fortalecer os controles externos independentes, cegos contra a pressão corporativa. A segunda envolve redirecionar a formação policial para uma ética laica de direitos humanos, na qual liberdade religiosa seja direito individual e não diretriz institucional. A terceira passa pela diversificação interna: mulheres, negros e não cristãos precisam ocupar posições de comando para romper a homogeneidade ideológica que facilita uma captura. Há experiências de polícia comunitária em Pernambuco e no Ceará, capitaneadas por oficiais civis, que reduziram a letalidade sem sacrificar autoridade, provando que a profissionalização não enfraquece a corporação, mas lhe devolve legitimidade.

No plano cultural, é preciso disputar narrativas nas mesmas plataformas onde a captura avança. Projetos audiovisuais que retratem policiais defendendo a Constituição e não combatendo o “pecado zero” podem ressignificar heroísmos. Iniciativas de mediação comunitária que envolvem terreiros, coletivos LGBTQIA+ e conselhos de segurança ampliam o repertório ético da tropa, mostrando que a função policial é proteger a pluralidade democrática, não um conjunto particular de valores.

Nada disso, contudo, surtirá efeito sem vontade política de alto nível. As eleições de 2026, já anunciadas como plebiscito entre continuidade e ruptura, colocarão o tema no centro do debate público. Se as forças conservadoras lograrem ampliar a bancada armada, uma janela de oportunidade para reformas pode fechar-se por uma geração. Em contrapartida, uma coalizão democrática capaz de unir partidos de centro-esquerda, movimentos sociais e parcelas da sociedade civil religiosa comprometida com os direitos humanos talvez reabra o caminho para a desmilitarização tão adiada.

A cooptação das polícias brasileiras por discursos religiosos-conservadores e de extrema-direita não tem representação periférica, mas é um epicentro de riscos à democracia. Quando as armas se unem às convicções de salvação e ao populismo punitivo, o projeto republicano de neutralidade se desfaz, e o Estado se transforma em instrumento de cruz moral. Se a sociedade não reagir com firmeza, poderemos observar a consolidação de um complexo policial-religioso-autoritário que, sustentado por legitimidade eleitoral e amparo espiritual, minará as instituições por dentro. O Brasil já provou em 2023 quão frágil pode ser a linha que separa a ordem democrática da aventura golpista. Evitar que essa experiência se converta em norma histórica depende, em última instância, de nossa capacidade de resgatar a laicidade, democratizar a segurança pública e reafirmar que, em uma república, não há espada que pese mais do que a soberania civil.

Referências 

BARRERA, César; RUSSO, Mauricio B. “O Ronda do Quarteirão – relatos de uma experiência”. Revista Brasileira de Segurança Pública, v. 2, p. 282297, 2012. Disponível no Repositório da UFC. Leia aqui.

BRASIL. Ministério da Justiça e Segurança Pública. Portaria nº 483, de 9 nov. 2021. Regulamento dos Eixos de Valorização dos Profissionais de Segurança Pública (inclui a assistência espiritual). Diário Oficial da União, 11 nov. 2021. Leia aqui.

BUZAN, Barry; WÆVER, Ole; DE WILDE, Jaap. Segurança: Uma Nova Estrutura para Análise. Boulder: Lynne Rienner, 1998. Leia aqui.

CAMPOS, Rodrigo DE “Pastores no coração da tropa: como as capelanias militares se tornaram um instrumento de pregação evangélica”. Revista Piauí, 24 mar. 2025. Leia aqui.

CNN Brasil. 8 de janeiro: PF detalha falhas de segurança e classificação de grupos de atuação; veja o que diz o relatório. Brasília, 29 fora. 2024. Leia aqui.

GABINETE DE SEGURANÇA INSTITUCIONAL do Distrito Federal (GSIDF). Relatório sobre os atos de 08 de janeiro de 2023. Brasília, 2023. Leia aqui.

INSTITUTO SOU DA PAZ. Eleições 2024: panorama das candidaturas das forças de segurança. São Paulo, 2024. Leia aqui.

MARONNA, Cristiano. “A Polícia Militar se tornou uma célula de extremadireita”. Entrevista ao programa Boa Noite 247. Brasil 247, 17 abr. 2025. Leia aqui.

MENEZES, Lucas. Extrema-direita e Polícia Militar: a gramática moral dos policiais. Dissertação (Mestrado), Universidade de Brasília, 2023. Leia aqui.

PREFEITURA DO RECIFE. Portal Rede COMPAZ – “O que é o COMPAZ?” Acesso em 22 abr. 2025. Leia aqui.

SCHMITT, Carlos. O conceito do político. Trad. Alexandre Franco de Sá. Lisboa: Edições 70, 2015. Leia aqui. 

SECRETARIA DE DEFESA SOCIAL – Pernambuco. Pacto pela Vida completo 14 anos de sucesso na redução da violência. 6 de maio de 2021. Leia aqui.

Leia mais

  • Extrema direita: pautas moralistas unem religião e militarismo. Artigo de Robson Sávio Reis Souza
  • Desmilitarização. O Brasil precisa debater a herança da ditadura no sistema policial
  • Brasil sob o signo da morte: letalidade policial é uma das maiores do planeta. Entrevista especial com Marcos Rolim
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