03 Abril 2025
SGB amplia conhecimento técnico-científico e monitora águas subterrâneas com ferramentas estratégicas como SIAGAS, RIMAS, Cartografia e Projetos Hidrogeológicos.
A informação é do Serviço Geológico do Brasil, publicado pelo núcleo de comunicação do Ministério de Minas e Energia, no site do Governo Federal, 21-03-2025.
O Sistema de Informações de Águas Subterrâneas (SIAGAS), do Serviço Geológico do Brasil (SGB), tem registrado em sua base de dados 382.333 pontos de água/poços, representando um aumento de 3,35% em relação a 2023. No período de janeiro a dezembro de 2024, 12.693 novos poços foram adicionados à base de dados.
As maiores concentrações de poços cadastrados estão nos sistemas aquíferos: Alter do Chão (Região Norte), Bauru-Caiuá (Região Sudeste e Centro-Oeste), Barreiras (grande parte do litoral brasileiro), Guarani (Região Sul, Sudeste e Centro-Oeste), Piauí (Região Nordeste), Cabeças (Região Norte e Nordeste), Serra Grande (Região Norte e Nordeste), entre outros.
Afinal, o que são os aquíferos?
Os aquíferos são reservatórios subterrâneos formados por rochas, sedimentos ou minerais com capacidade de armazenar e transmitir esse recurso essencial para a vida, a água. Eles desempenham um papel crucial no ciclo hidrológico, pois recebem água das chuvas, rios, lagos e outros corpos hídricos por meio da infiltração no solo. Esse processo ocorre através de poros ou fraturas nas formações geológicas, permitindo que a água se acumule e circule lentamente.
De acordo com Daniele Genaro, pesquisadora da Rede Integrada de Monitoramento das Águas Subterrâneas (RIMAS) do Serviço Geológico do Brasil (SGB), é sabido que os aquíferos representam 97% das águas doces acessíveis do planeta. “Por estarem localizados no subsolo, estão relativamente protegidos dos impactos diretos das atividades humanas e das mudanças climáticas. Além disso, possuem uma distribuição espacial mais ampla do que os leitos dos rios, o que tem tornado as águas subterrâneas uma fonte cada vez mais demandada para o abastecimento”, explica.
Porém, a pesquisadora da Divisão de Hidrogeologia e Exploração (DIHEXP), Priscilla Silva, chama atenção para a exploração exacerbada dos poços. “Diante da crescente demanda por água e da vulnerabilidade das fontes superficiais, a preservação dos aquíferos se torna essencial para garantir a segurança hídrica das futuras gerações. O monitoramento e a gestão sustentável desses reservatórios subterrâneos são fundamentais para evitar sua contaminação e exploração excessiva, assegurando, assim, a disponibilidade desse recurso vital”, relata.
Tipos
Os aquíferos podem ser classificados conforme sua capacidade de armazenar e transmitir água:
-
Aquífero: formação geológica capaz de armazenar e transmitir água em volumes aproveitáveis para o abastecimento (exemplo: arenitos e calcários carstificados).
-
Aquitarde: permite a acumulação de água, mas seu transporte ocorre de maneira muito lenta (exemplo: argila arenosa).
-
Aquiclude: material impermeável que pode armazenar água, mas sem capacidade de transmissão significativa (exemplo: argilas).
-
Aquífugo: rocha impermeável que nem armazena nem transmite água (exemplo: granito não fraturado).
O Sistema Aquífero Guarani: uma reserva estratégica

Dentre os diversos aquíferos existentes no mundo, o Sistema Aquífero Guarani (SAG) se destaca como um dos maiores e mais importantes. Com uma extensão de aproximadamente 950.000 km², distribui-se pela Bacia Sedimentar do Paraná, abrangendo territórios de quatro países da América do Sul: Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai.
Segundo pesquisas, estima-se que cerca de 90 milhões de pessoas sejam direta ou indiretamente beneficiadas pela exploração das águas do SAG. No Brasil, aproximadamente 43% da população vive sobre essa reserva subterrânea, contrastando com menos de 1% da população uruguaia. Por sua dimensão e capacidade de armazenamento, o SAG é considerado uma reserva estratégica para o abastecimento público e para atividades agroindustriais na região.
Os projetos do Serviço Geológico do Brasil contribuem para ampliar o conhecimento dos principais aquíferos do país dando subsídios para a gestão dos recursos hídricos subterrâneos, dentre os quais destacam-se o SIAGAS (Sistema de Informação de Águas Subterrâneas), RIMAS (Rede Integrada de Monitoramento de Águas Subterrâneas), Cartografia Hidrogeológica (publicação de mapas em escalas e detalhes diversos), Estudos Hidrológicos e Hidrogeológicos Integrados (realizados em parcerias com Estados e ANA - Agência Nacional de Águas e Saneamento) e Estudos Hidroquímicos e Isotópicos.
Leia mais
- Investindo em um banco de águas
- Potencial das águas subterrâneas exige gerenciamento sustentável
- Escassez de água potável preocupa 81% dos brasileiros
- Aquecimento global está mudando o ciclo da água em todo planeta
- Mudança climática está afetando drasticamente o ciclo da água
- Nossos diagramas do ciclo da água dão uma falsa sensação de segurança hídrica
- A água no Brasil e o mito da abundância
- Em Dia Mundial da Água, ONU defende soluções para problemas hídricos baseadas na natureza
- "Água potável pode se tornar uma miragem"
- Inundações no Paquistão e seca na China: é o verão infernal da Ásia
- Ondas de calor extremas podem dobrar até 2050
- Mudança Climática – Ondas de calor aumentam a demanda por energia
- Ondas de calor na Ásia se intensificaram em duração e frequência
- Ondas de calor na Europa estão ligadas às mudanças climáticas
- Onda de incêndios na Europa: a anomalia que será a norma
- Extremos simultâneos: como começaremos a sofrer secas e ondas de calor ao mesmo tempo
- Escassez de água ameaça a segurança alimentar global
- Mesmo com crise hídrica, Brasil perde 40% da água tratada
- Volume de água que é perdida no sistema de abastecimento no país equivale a quase sete sistemas Cantareira
- Desperdício, falhas de planejamento e ausência de integração ameaçam os recursos hídricos do país
- Com riqueza de rios e chuvas, Manaus ostenta dados alarmantes de desperdício de água
- Popularização das águas subterrâneas
- Reservas de água subterrânea podem não se recuperar da superexploração e secas
- Poluentes degradáveis se infiltram rapidamente na água subterrânea
- Até 20% dos poços de água subterrânea em todo o mundo correm o risco de secar
- Microplásticos na água subterrânea apresentam risco desconhecido
- Extração de água subterrânea está prejudicando cada vez mais as florestas de várzea na Europa
- Uma resposta popular à crise hídrica
- "Crise hídrica no Brasil é crise mundial", dizem cientistas
- Termelétricas podem agravar a crise hídrica e os impactos ambientais
- Reaproveitamento de água poderia reduzir a crise hídrica
- O conflito mundial pela água. Artigo de Alex Zanotelli