18 Março 2022
"Entende-se que a finalidade da educação é a constituição de uma consciência crítica e, com a popularização de conceitos científicos, a desconcentração na produção de conhecimentos permitirá uma maior apropriação pública das informações restritas muitas vezes à comunidade técnica e acadêmica, fortalecendo a participação cidadã".
O artigo é de Heraldo Campos, graduado em geologia (1976) pelo Instituto de Geociências e Ciências Exatas da Universidade Estadual Paulista – UNESP, Mestre em Geologia Geral e de Aplicação (1987) e Doutor em Ciências (1993) pelo Instituto de Geociências da Universidade de São Paulo - USP. Pós-doutor (2000) pelo Departamento de Ingeniería del Terreno y Cartográfica, Universidad Politécnica de Cataluña - UPC e pós-doutorado (2010) pelo Departamento de Hidráulica e Saneamento, Escola de Engenharia de São Carlos, Universidade de São Paulo - USP.
As questões ecológicas e ambientais que atualmente vêm ganhando mais importância na vida das pessoas do planeta levam os profissionais e pesquisadores que atuam em várias áreas da ciência a uma mudança no seu perfil de atividades. Em vários países, as instituições dessa área de atuação estão realizando reformulações estruturais para atuarem nas diferentes relações existentes no meio ambiente[1].
(Fonte: Acesse aqui)
Dessa maneira, considera-se que as Ciências da Terra incluem tudo o que se diz respeito ao conhecimento e ao manejo tecnológico dos aspectos inerentes ao nosso planeta, seus processos naturais e sua dinâmica, especialmente a que se manifesta em sua superfície. Incluem os campos de atuação da Geologia, da Geofísica, da Meteorologia, da Oceanografia, da Ecologia, bem como muitos aspectos técnicos inerentes às engenharias e também muitos que tangenciam as Ciências Humanas, através de sua estreita relação com a Geografia. Enquanto que o Meio Ambiente contempla a indissociável relação entre os componentes naturais e a ação do homem, estabelecendo uma dinâmica própria de transformação.
Por causa do aumento diário dos problemas ambientais decorrentes da ação do homem, um projeto público que se baseia no tripé Ciências da Terra e Meio Ambiente-Educação-Comunicação pode, através de recursos da mídia, divulgar a problemática do uso inadequado do meio físico, as consequências danosas ao ambiente e propor medidas preventivas e corretivas mediante ações concretas junto à comunidade.
Neste contexto, um primeiro passo seria organizar um site na internet de acesso gratuito, onde as informações já existentes sobre meio ambiente se tornarão de domínio público, a partir momento de seu lançamento na rede. Nele seriam identificadas as situações reais, de campo, relacionadas às Ciências da Terra e Meio Ambiente, que afetam a comunidade, com ênfase às águas subterrâneas.
Aqui, nessa proposta de popularização das águas subterrâneas, estariam contempladas áreas sujeitas a contaminação das águas subterrâneas e custos envolvidos[2], as possíveis restaurações dos aquíferos nos respectivos ecossistemas[3], além dos direitos das pessoas[4] nesses setores degradados, possibilitando a elaboração de um acervo de informações que funcionará como ferramenta auxiliar na construção de espaços de diálogo inter, multi e transdisciplinar, com a articulação entre pesquisadores de diferentes instituições.
Um segundo passo seria a elaboração de artigos para jornais, cartilhas, glossário técnico, livros de bolso, e-books[5], vídeos, chats e informações de rádio. O público-alvo é a comunidade envolvida em riscos ambientais, muitas vezes em locais com águas contaminadas, sejam eles tecnológicos, naturais ou sociais, onde se incluiriam as escolas de primeiro e segundo graus, para implementação nas grades curriculares dos seus cursos de temas relacionados as Ciências da Terra[6] e Meio Ambiente e com ênfase às águas subterrâneas.
Assim, sob essa ótica, entende-se que a finalidade da educação é a constituição de uma consciência crítica e, com a popularização de conceitos científicos, a desconcentração na produção de conhecimentos permitirá uma maior apropriação pública das informações restritas muitas vezes à comunidade técnica e acadêmica, fortalecendo a participação cidadã.
“Haverá ainda, no mundo, coisas tão simples e tão puras como a água bebida na concha das mãos?” (Mario Quintana).
[1] texto base publicado no jornal a “Gazeta de Ribeirão” em 22/04/2007 e republicado no blog do “Cacá Medeiros Filho” em 13/07/2019, com o título “Popularização das ciências”, adaptado para essa proposta de popularização das águas subterrâneas.
[2] artigo “Quanto custa um aquífero contaminado?”.
[3] artigo “Restauração de ecossistemas”.
[4] artigo “Água e Direitos Humanos”.
[5] o autor publicou entre os anos de 2019 e 2021 dois e-books, para acesso gratuito ao público e que podem ser visualizados pelo artigo “Por onde a água passa”.
[6] artigo “Ciências da Terra: para que estudar isso?”.
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Popularização das águas subterrâneas - Instituto Humanitas Unisinos - IHU