25 Fevereiro 2025
Três anos desde a invasão em grande escala da Rússia à Ucrânia – e 11 anos desde o início da guerra no leste e da ocupação da Crimeia – o conflito, a destruição e o deslocamento forçado continuam sendo uma realidade diária na vida dos ucranianos.
A informação é da assessoria de comunicação da ACNUR – Agência da ONU para Refugiados.
Embora o financiamento sempre tenha sido um desafio, agora está mais incerto do que nunca. E as vítimas serão, mais uma vez, as famílias deslocadas e afetadas pela guerra, que correm o risco de perder a ajuda essencial justamente quando mais precisam.
O ACNUR atualiza as informações sobre o país para evidenciar a dimensão drástica deste cenário que impacta a vida, os estudos e a estrutura familiar de milhões de pessoas que necessitam de proteção, ajuda humanitária emergencial e oportunidades para recomeçar suas vidas com dignidade.
Atualmente, cerca de 10,6 milhões de pessoas ucranianas estão deslocadas de forma forçada, incluindo 3,7 milhões de deslocados internos dentro do próprio país e 6,8 milhões como refugiados no exterior, em busca de proteção internacional.
Cerca de um terço da população que ainda vive na Ucrânia – 12,7 milhões de pessoas – precisa de assistência humanitária. Com a continuação da guerra, essa situação tende a permanecer, mesmo que os investimentos para ajuda humanitária sejam reduzidos.
A maioria dos deslocados internos são mulheres (58%), sendo um quarto crianças (23%) ou idosos (26%). Além disso, 31% dos lares de deslocados internos incluem ao menos uma pessoa com deficiência; e mais de 77% das pessoas fugiram de áreas afetadas pelo conflito ou ocupadas no Leste e no Sul do país.
De acordo com os dados do ACNUR, embora a maioria dos refugiados (61%) e deslocados internos (73%) ainda tenha esperança de retornar à Ucrânia um dia, apenas uma pequena parcela (5%) planeja fazê-lo em um futuro próximo. As preocupações com segurança permanecem prioritárias, juntamente com o acesso a serviços básicos, moradia e meios de subsistência.
Ao longo de 2024, a ofensiva terrestre e os ataques aéreos da Rússia contra várias áreas de fronteira levaram a um aumento do deslocamento forçado, com cerca de 200.000 pessoas fugindo de suas casas em regiões da linha de frente durante o segundo semestre do ano passado, de acordo com as autoridades locais. Cerca de 79.000 dos deslocados internos mais vulneráveis estão abrigados em aproximadamente 1.650 locais coletivos em todo o país.
O ACNUR é o maior agente humanitário fornecendo suporte emergencial para abrigo após ataques em regiões da linha de frente e áreas fortemente afetadas. Além disso, já apoiamos 4,3 milhões de pessoas por meio de serviços multissetoriais, como apoio psicossocial, assistência emergencial em dinheiro, itens essenciais de socorro, aconselhamento jurídico, entre outros.
Cerca de 2,1 milhões de pessoas deslocadas ou afetadas pela guerra, incluindo retornados ao país, receberam assistência em dinheiro desde março de 2022, por meio de um programa que apoia especialmente famílias vulneráveis a cobrir custos de energia durante o inverno, sendo 72% dos beneficiários mulheres e crianças. A distribuição de kits térmicos e itens de necessidade de enfrentamento ao inverno segue sendo realizado. Além disso, foram realizadas quase meio milhão de consultas jurídicas para pessoas afetadas pela guerra – ajudando-as a recuperar documentos e a acessar serviços e benefícios.
Porém, há muito mais a ser feito em prol da vida das pessoas afetadas pelo conflito e o ACNUR segue trabalhando na linha de frente, atendendo as pessoas em situação de maior vulnerabilidade decorrente dos conflitos.
Atualmente, há quase 6,8 milhões de refugiados da Ucrânia em todo o mundo, sendo que a maioria – 6,3 milhões – está em países da Europa. 63% da população refugiada são mulheres e meninas, e 33% são crianças. Torna-se importante reforçar que essa composição etária e de gênero, juntamente com o alto número de famílias monoparentais, destaca o risco aumentado de violência de gênero.
De acordo com a análise do ACNUR, entre 40% e 60% das pessoas refugiadas em idade ativa estão empregadas. Aliás, o acesso a um trabalho digno continua sendo uma necessidade fundamental para as pessoas refugiadas de quaisquer nacionalidades. Para isso, é essencial enfrentar as barreiras existentes com treinamento intensivo de idiomas, melhor reconhecimento de qualificações, cursos de requalificação e programas de inserção no mercado de trabalho, contando com o apoio da iniciativa privada em valorizar os saberes e o comprometimento de pessoas refugiadas.
O ACNUR está presente na Ucrânia há mais de 30 anos e ampliou sua atuação no leste do país em 2014 para fornecer serviços humanitários e assistência às pessoas impactadas pela guerra. Após a escalada massiva do conflito e a invasão em grande escala pela Rússia em fevereiro de 2022, o ACNUR permaneceu no país e continuou sua atuação, expandindo significativamente a operação e a resposta, além de ajustar suas atividades e assistência para refletir o novo contexto e as necessidades emergentes.
Desde março de 2022, o ACNUR e outras agências parceiras entregaram ajuda essencial para mais de 800.000 pessoas em comunidades da linha de frente dos combates, por meio de 191 comboios humanitários.
Atualmente, o ACNUR possui escritórios em cinco cidades da Ucrânia e presta assistência humanitária e serviços de proteção em parceria com 14 Organizações Não Governamentais (ONGs), das quais 13 são ONGs ucranianas.