Ao chegar ao terceiro aniversário da invasão em larga escala da Ucrânia pela Rússia, sem que haja “sinais imediatos de um fim” da guerra, o secretário-geral do Conselho Mundial das Igrejas (CMI), Jerry Pillay veio a público reiterar o apelo a um cessar-fogo imediato e a negociações com vista a uma paz “justa e sustentável”.
A reportagem é publicada por 7MARGENS, 21-02-2025.
Em comunicado, o CMI destaca a “futilidade” desta guerra e lamenta “o enorme custo de vidas entre civis e muitas crianças e refugiados”. “A infraestrutura civil essencial, incluindo escolas, hospitais e abastecimento de água, foi danificada ou destruída, frequentemente em ataques direcionados”, afirma aquela organização de igrejas cristãs.
Perante os crimes de guerra e os crimes contra a humanidade que a acompanharam, bem como o incessante número de vidas, comunidades e esperanças destruídas, Jerry Pillay declara: “Apelamos uma vez mais ao diálogo e às negociações para garantir uma paz justa e sustentável”, explicando, de seguida, o alcance desse apelo: “o CMI acolhe qualquer esforço legítimo que genuinamente busque uma paz sustentável na região, sem simplesmente recompensar a agressão que foi perpetrada e a violação de tantos princípios do direito internacional estabelecidos após a Segunda Guerra Mundial para proteger os vulneráveis contra as depredações dos poderosos.”
Indo mais longe, a posição do Conselho Mundial das Igrejas alerta que “minar o estado de direito dessa forma não seria senão um convite a mais agressões”. “Além disso, a legitimidade de qualquer processo de paz depende, em última análise, da inclusão da vítima dessa agressão na mesa de negociações e tomada de decisões”, acrescentou o dirigente da organização religiosa, em referência a movimentações recentes desencadeadas pela nova administração de Trump, nos Estados Unidos da América.
“Rezamos por um cessar-fogo imediato, unidade cristã contra a violência e a injustiça, e pela paz à qual nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo nos chama”, disse ainda Jerry Pillay.
Neste sábado e domingo, várias manifestações, promovidas nomeadamente pela Associação dos Ucranianos em Portugal e com o apoio da Amnistia Internacional, irão reclamar o fim da invasão e pedir uma paz justa. Em Lisboa, a manifestação será domingo, a partir das 16h, no Rossio. Uma petição no mesmo sentido está disponível na página da Amnistia Internacional.
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