24 Fevereiro 2025
Mais de vinte bispos da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) assinaram carta aberta manifestando oposição à exploração de petróleo na Margem Equatorial, região de grande importância ambiental e de alta sensibilidade ecológica. O documento, intitulado “A Margem Equatorial e o suicídio ecológico do Brasil”, pressiona o governo Lula para a não realização de perfurações exploratórias na Foz do Amazonas, área de grande biodiversidade e com potencial de impactos ambientais irreversíveis.
A informação é de Cláudia Pereira, publicada por Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), 19-02-2025.
A carta aberta destaca que a exploração de petróleo na Margem Equatorial contraria os compromissos internacionais assumidos pelo Brasil de redução da produção e consumo de combustíveis fósseis, e que a insistência nesse tipo de atividade coloca em risco o patrimônio natural do país. Os bispos defendem que o Brasil deve acelerar a transição para fontes de energia renovável e abandonar a exploração de combustíveis fósseis, que contribuem para o agravamento da crise climática.
Dom Vicente de Paula Ferreira, bispo de Livramento de Nossa Senhora (BA) e presidente da Comissão para a Ecologia Integral e Mineração da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CEEM-CNBB), afirma que a assinatura do manifesto é uma das formas de alertar a sociedade e, sobretudo, os grupos econômicos. Ele diz que é necessário pensar em alternativas sustentáveis de desenvolvimento no Brasil que não afetem os biomas e a vida humana. O bispo ressalta o apoio fundamental da agricultura familiar e dos povos e comunidades tradicionais que defendem o meio ambiente e que essa ideia de explorar a Foz do Amazonas é algo grave que se distancia do que é proposto na Laudato Si e Laudate Deum, documentos publicados pelo Papa Francisco que tratam da defesa da natureza e da vida.
“Para nós, esse seria o caminho mais curto de um verdadeiro suicídio ecológico. Precisamos pensar em alternativas sustentáveis para o desenvolvimento do nosso país, apoiando nossos povos originários, comunidades quilombolas, nossa agricultura familiar, a agroecologia. E por isso repudiamos qualquer iniciativa que venha de fato a incentivar mais extrativismo, principalmente na Amazônia. Por isso, nos unimos a uma rede de ativistas, ambientalistas e de pessoas que estão pensando numa outra direção, como nos propõe a Laudato Si, Laudate Deum, para que a gente possa barrar esse paradigma tecnocrata, essa noção de desenvolvimento ilimitado que busca explorar as últimas reservas do nosso planeta Terra”, alertou dom Vicente, que frisou as consequências do aquecimento global e o grito dos mais pobres, que sofrem diariamente no país.
O documento também alerta para o cenário de aquecimento global sem precedentes que o planeta enfrenta, com temperaturas médias 1,55°C acima do período pré-industrial em 2024, e para o risco de uma nova extinção em massa de espécies. A carta aberta enfatiza que a exploração de petróleo na Margem Equatorial é um retrocesso na luta contra as mudanças climáticas e um ataque ao meio ambiente, e convida a sociedade a se unir nessa causa em defesa do futuro do planeta.
Você também pode assinar a carta clique aqui e participe e fortaleça este grito.