21 Fevereiro 2025
"Se fosse como Vance diz, Francisco de Assis e todos os santos do calendário estariam no inferno", escreve Tonio Dell'Olio, padre italiano, jornalista e presidente da associação Pro Civitate Christiana, em artigo publicado por Mosaico di Pace, 19-02-2025. A tradução é de Luisa Rabolini.
Há uma ideologia perversa que pretende encontrar apoio teológico para as políticas discriminatórias e supremacistas implementadas pelo atual governo dos EUA. O conceito foi expresso com muita clareza por J. D. Vance, o vice-presidente dos EUA que afirma ser católico. “Há um conceito cristão que diz para amar sua família”, disse Vance, “depois seus vizinhos, depois sua comunidade, depois seus concidadãos e, finalmente, priorizar o resto do mundo”. Para apoiar essa tese, o vice-presidente foi incomodar Santo Agostinho, de quem ele diz ser um grande admirador, que fala de “ordo amoris”, ou seja, de uma ordem (hierárquica?) no amor.
De forma quase direta, o Papa Francisco respondeu em sua carta aos bispos dos EUA escrevendo que “o amor cristão não é uma expansão concêntrica de interesses que pouco a pouco se estendem a outras pessoas e grupos”. Reportando-se à parábola do Bom Samaritano, ele seguiu afirmando que a “verdadeira ordo amoris” se baseia no “amor que constrói uma fraternidade aberta a todos, sem exceções”.
Sem dúvida, se fosse como Vance diz, eu pessoalmente não hesitaria em abandonar a religião cristã, mas, pela graça de Deus, acredito que o papa interprete bem o pensamento de Agostinho, que quis dizer algo bem diferente e certamente nunca afirmou que se deve amar alguns maltratando outros. Se fosse como Vance diz, Francisco de Assis e todos os santos do calendário estariam no inferno.