16 Dezembro 2024
"Quando Jesus fala de seu reino, da vinda do Reino, será que ele não está se referindo justamente à vinda desse espírito, dessa maneira de estar no mundo?", questiona Jean-Luc Lecat, artista e arquiteto francês, em artigo publicado por Saint-Merry Hors-les-Murs, 12-12-2024. A tradução é de Luisa Rabolini.
As coisas importantes na vida não são principalmente as políticas, as culturas, as ideologias, as filosofias e nem mesmo as religiões.
O importante da vida é o espírito, aquilo que anima, no fundo de cada coração, a vida dos seres humanos.
“O espírito é o que vivifica, a carne para nada aproveita” (Evangelho de João, 6,63) Budistas, muçulmanos, hindus, ateus, cristãos ou o que quer que seja, quem está no ‘caminho certo’? Quem está certo? No limite, pouco importa. É uma questão do caminho de cada pessoa, ligado às suas origens, cultura, pesquisas, aversões... De qualquer forma, cada pessoa é infinitamente respeitável por ser ela mesma, por ter chegado àquele ponto, hoje, em sua história de vida.
Maravilhas de nossa diversidade, como vitrais luminosos do mundo!
No centro dessa riqueza infinita, qual é o espírito, o motor? O que anima a mulher, o homem, a criança? O que inspira e dá vida a uma comunidade, a uma organização, a uma igreja? Que espírito fecunda as escolhas, as ações, as reações, as pesquisas? Parece-me que é aqui, no coração de cada um e de sua própria riqueza, que Jesus e sua palavra podem ser uma inspiração, um sopro de ar fresco, para um mundo constantemente reumanizado.
Presente em um determinado momento da história humana, um judeu praticante, Jesus, na esteira de muitos outros grandes sábios da humanidade, vive e oferece um “além” de sua própria religião e universo geográfico. Propõe um espírito, um modo de estar no mundo que podem ser experimentados em qualquer situação, em qualquer busca de sentido, em qualquer cultura, em qualquer época.
A palavra-chave dessa arte de viver, de estar no mundo é: amar.
Uma atenção especial: ao pobre e ao pequeno
Um valor fundamental: a pessoa
Uma ambição: o ser humano de pé
Uma atitude fundamental: o caminho
Uma maneira de vivê-lo: juntos
Uma fonte: o Espírito, o inominável no coração de cada um.
Quando Jesus fala de seu reino, da vinda do Reino, será que ele não está se referindo justamente à vinda desse espírito, dessa maneira de estar no mundo?
Tal proposta não tem justamente valor universal? Simplesmente, para a humanização do cotidiano.
Não é esse talvez o único tesouro que nós, companheiros de estrada de Jesus, somos chamados a viver, a propor, a compartilhar na concretude da vida? Não um sistema religioso, mas um espírito, o Espírito de Jesus, aquele que faz com que nos descubramos no encontro e na partilha em torno de sua palavra e de sua vida.
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O espírito de Jesus, uma arte do estar no mundo. Artigo de Jean-Luc Lecat - Instituto Humanitas Unisinos - IHU