Análogo à escravidão: 31% dos trabalhadores da pecuária no Pará foram vítimas de trabalho forçado nos últimos dois anos, aponta pesquisa

Foto: Freepik

Mais Lidos

  • O economista Branko Milanovic é um dos críticos mais incisivos da desigualdade global. Ele conversou com Jacobin sobre como o declínio da globalização neoliberal está exacerbando suas tendências mais destrutivas

    “Quando o neoliberalismo entra em colapso, destrói mais ainda”. Entrevista com Branko Milanovic

    LER MAIS
  • Abin aponta Terceiro Comando Puro, facção com símbolos evangélicos, como terceira força do crime no país

    LER MAIS
  • Estereótipos como conservador ou progressista “ocultam a heterogeneidade das trajetórias, marcadas por classe, raça, gênero, religião e território” das juventudes, afirma a psicóloga

    Jovens ativistas das direitas radicais apostam no antagonismo e se compreendem como contracultura. Entrevista especial com Beatriz Besen

    LER MAIS

Assine a Newsletter

Receba as notícias e atualizações do Instituto Humanitas Unisinos – IHU em primeira mão. Junte-se a nós!

Conheça nossa Política de Privacidade.

Revista ihu on-line

O veneno automático e infinito do ódio e suas atualizações no século XXI

Edição: 557

Leia mais

Um caleidoscópio chamado Rio Grande do Sul

Edição: 556

Leia mais

Entre códigos e consciência: desafios da IA

Edição: 555

Leia mais

06 Dezembro 2024

Uma pesquisa inédita revelou que cerca de 31% dos trabalhadores do setor da pecuária no estado do Pará foram vítimas de algum tipo de trabalho forçado nos últimos dois anos.

A reportagem é de Carolina Bataier, publicada por Brasil de Fato, 05-12-2024. 

Os dados, que apresentam um panorama das condições de trabalho no setor da pecuária no estado, foram publicados nesta quinta-feira, no relatório Combate à escravidão moderna no Brasil: estimativa de prevalência e perfil de vulnerabilidade do trabalho forçado e análogo ao de escravo na pecuária no Pará, Brasil, realizado pela Fundação Pan-Americana para o Desenvolvimento (PADF).

Os pesquisadores ouviram 1.241 trabalhadores, nos municípios paraenses de Marabá, Itupiranga e Ulianópolis, nas regiões sul e sudeste do estado, onde há grande prevalência da atividade. Dentre as pessoas ouvidas, 12% foram consideradas vítimas potenciais de recrutamento injusto, retenção de salários e restrições de liberdade. Outros 6% foram vítimas de abuso sexual ou servidão por dívida.

O trabalho forçado é um dos indicadores do trabalho análogo à escravidão, que inclui ainda jornada exaustiva, condições degradantes e restrição de locomoção por dívida.

Uma das características do trabalho na pecuária é a diversidade de funções desenvolvidas. “Eles estão lá para derrubar as árvores, abrir mais um pasto. Num outro momento, eles estão levando gado, colocando cercas, num outro momento, eles estão roçando”, explica Irina Bacci, diretora técnica da PADF.

Com relação ao perfil dos trabalhadores, a pesquisa indica 74% são do sexo masculino. O trabalhador mais jovem ouvido pelos pesquisadores tem 18, e o mais velho, 86. Dos 1.241 trabalhadores que participaram do estudo, 89% se declararam pretos ou pardos.

“Uma herança que desde a escravidão a gente carrega. É o mesmo perfil de trabalhadores, hoje, daqueles que sempre foram escravizados nesse país”, conclui Bacci.

De acordo com uma análise do Observatório da Erradicação do Trabalho Escravo e do Tráfico de Pessoas, que reúne dados sobre condições de trabalho desde 1995 no Brasil, o Pará é o estado com mais resgates de pessoas em condições de trabalho análogo à escravidão.

Leia mais