'Oferece a cabeça', 'senta o pau': Braga Netto orientou ataques a militares contrários à tentativa de golpe

Braga Netto | Foto: FotosPúblicas

Mais Lidos

  • “A América Latina é a região que está promovendo a agenda de gênero da maneira mais sofisticada”. Entrevista com Bibiana Aído, diretora-geral da ONU Mulheres

    LER MAIS
  • A formação seminarística forma bons padres? Artigo de Elcio A. Cordeiro

    LER MAIS
  • A COP30 confirmou o que já sabíamos: só os pobres querem e podem salvar o planeta. Artigo de Jelson Oliveira

    LER MAIS

Revista ihu on-line

O veneno automático e infinito do ódio e suas atualizações no século XXI

Edição: 557

Leia mais

Um caleidoscópio chamado Rio Grande do Sul

Edição: 556

Leia mais

Entre códigos e consciência: desafios da IA

Edição: 555

Leia mais

27 Novembro 2024

O general Walter Braga Netto, que foi ministro da Defesa e Chefe da Casa Civil no governo de Jair Bolsonaro (PL), orientou ataques aos militares contrários ao plano de um golpe de Estado para manter o ex-presidente no poder.

 A reportagem é de Caroline Oliveira, publicada por Brasil de Fato, 26-11-2024. 

O relatório da Polícia Federal (PF), cujo sigilo foi retirado pelo ministro Alexandre de Moraes (STF), informa que Braga Netto determinou ao major reformado do Exército Ailton Gonçalves Barros o direcionamento de ataques pessoais, incluindo familiares, ao então comandante do Exército, o general Freire Gomes, e ao comandante da Aeronáutica, o tenente-brigadeiro Baptista Júnior.

Outro nome que foi alvo do pedido de Braga Netto foi Tomás Paiva, atual chefe do Exército, que “também adotou uma posição institucional, opondo-se a qualquer ação ilícita das forças armadas”.

De acordo com o documento, tanto Freire Gomes quanto Baptista Júnior “rechaçaram qualquer adesão de suas respectivas forças ao intento golpista, reiterando que não concordariam com qualquer ato que impedisse a posse do governo eleito”.

"De forma concomitante, além das reuniões presenciais, os investigados continuavam a investir nos ataques pessoais contra os Comandantes Freire Gomes e Baptista Júnior, utilizando as “ferramentas” da Milícia Digital, disseminando em alto volume, por multicanais, de forma contínua e repetitiva informações falsas, passando a imagem ao meio militar e aos adeptos do ex-presidente Jair Bolsonaro, que os referidos Comandantes seriam “traidores da pátria” e alinhados ao “comunismo”", diz um trecho do relatório da PF.

Em determinado momento, Braga Netto chega a concordar em “oferecer a cabeça” de Freire Gomes durante mensagens trocadas com Ailton Barros. "Vamos oferecer a cabeça dele aos leões", escreveu Barros. Em resposta, Braga Netto disse: “Oferece a cabeça dele. Cagão”. Em outro momento, diz sobre o comandante da Aeronáutica: “Senta o pau no Batista Junior (...) traidor da pátria. Dai para frente. Inferniza a vida dele e da família”.

Se o golpe fosse consumado, seria criado um gabinete vinculado à Presidência da República, liderado pelos generais Braga Netto e Augusto Heleno.

Além de Bolsonaro, a PF indiciou o Braga Netto, que chefiava a Casa Civil na época da tentativa do golpe; o general da reserva Augusto Heleno, ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI); Alexandre Ramagem, ex-diretor da Agência Brasileira de Inteligência (Abin); e Valdemar Costa Neto, presidente do PL; e mais 32 nomes. Veja a lista completa.

O plano dos investigados “detalhava os recursos humanos e bélicos necessários para o desencadeamento das ações, com uso de técnicas operacionais militares avançadas, além de posterior instituição de um ‘Gabinete Institucional de Gestão de Crise’, a ser integrado pelos próprios investigados para o gerenciamento de conflitos institucionais originados em decorrência das ações”, detalha o documento.

Segundo o relatório, os fatos investigados configuram os crimes de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, Golpe de Estado e organização criminosa.

Leia mais