06 Novembro 2024
Surpreendentemente, o pontífice encontrou-se com a líder radical para uma conversa de vinte minutos: “Ela está muito bem, um encontro muito cordial”. E a ex-ministra nas redes sociais: “Dele sempre emerge um traço humano extraordinário”.
A reportagem é de Giovanna Casadio e Gabriele Rizzardi, publicada por La Repubblica, 05-11-2024.
Visita surpresa do Papa a Emma Bonino esta manhã. O repórter de Repubblica entrevistou o pontífice quando este saía da casa do líder radical, no centro de Roma. O senhor está bem?, perguntou o repórter: “Muito bem”, sorriu Bergoglio. Foi uma reunião cordial? “Muito amigável”.
“Uma visita muito agradável”, escreveu Bonino poucas horas depois no Instagram, postando uma foto no terraço, ao sol, ambos sentados em cadeiras de rodas. “O extraordinário aspecto humano do Papa Francisco emerge sempre”, a partir dos presentes, “um maravilhoso buquê de rosas e chocolates”. E ainda: “Fiquei muito impressionada com a força e a compreensão que já me foi demonstrada pela sua saudação, 'cerosa', típica do Piemonte, pelas nossas origens comuns. E ter me dito que eu era “um exemplo de liberdade e de resistência” me encheu de alegria.
O Papa chegou num Cinquecento L branco à porta da casa da ex-ministra e parou para conversar com ela durante cerca de vinte minutos. Ao sair do prédio uma senhora argentina gritou saudações para ele e ele permitiu que ela passasse pela escolta e se aproximasse para uma rápida conversa. Sobre Bonino apenas dá duas respostas rápidas às perguntas e garante que a encontrou “muito bem”.
Bergoglio já se encontrou duas vezes com Bonino, a primeira em 2015, quando ela era ministra das Relações Exteriores, à margem de uma audiência geral, a segunda em 2016, numa conversa privada com o tema dos migrantes no centro. O Papa também teve um excelente relacionamento com Marco Pannella. E desde o início do seu pontificado construiu relações com personalidades seculares, como o fundador da Repubblica Eugenio Scalfari. Mais recentemente, ele também discutiu sobre migrantes com o ativista Luca Casarini, a quem também nomeou participante do Sínodo.
A líder radical teve alta no dia 30 de outubro, após internamento de urgência nos cuidados intensivos, devido a uma grave crise cardiorrespiratória e na semana passada regressou a casa, onde prossegue a sua reabilitação. Bonino, de 76 anos, disse em entrevista ao Repubblica no sábado que agora quer “dar uma pausa na política”, mas que não quer abandonar suas batalhas pelos direitos civis. “Quando se está doente é claro que as questões essenciais da vida e da morte emergem com mais força”, disse a presidente da +Europa, garantindo que se envolverá nas batalhas pelo fim da vida e pelo referendo sobre a cidadania nos próximos meses que deve ocorrer na primavera.
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Papa Francisco na casa de Emma Bonino, a visita após a internação, as rosas e os chocolates: “Ela é um exemplo de liberdade e resistência” - Instituto Humanitas Unisinos - IHU