Pannella, um imortal na defesa dos migrantes e dos pobres. Entrevista com Agostino Marchetto

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24 Mai 2016

"Marco Pannella foi embora. Mal posso pensar que esse homem, de uma vitalidade extraordinária, baixou as velas e chegou ao porto. Ele combateu a sua batalha, as suas numerosas lutas, o seu corpo a corpo, mas não era imortal. Mas parecia que fosse. Sempre novamente de pé, depois de parecer acabado."

A reportagem é de Paolo Rodari, publicada no jornal La Repubblica, 20-05-2016. A tradução é de Moisés Sbardelotto.

Agostino Marchetto, arcebispo diplomata da Cúria, especialista em hermenêutica do Concílio Vaticano II, era amigo de Marco Pannella.

Eis a entrevista.

O senhor dialogava com ele nas frequências da Rádio Radicale. Qual era o seu segredo?

Ele trazia o ser humano no coração, a sua dignidade, a de quem era derrotado, marginalizado, de acordo com a sua visão, certamente.

Desde os tempos do referendo sobre aborto e o divórcio, ele não tinha as mesmas ideias da Igreja.

Sim, mas tinha uma ideia geral do fato de se encontrar junto com quem, embora pertencendo a um mundo diferente do seu, lutava com ele. Talvez seja também por isso que, apesar da diversidade de pontos de vista sobre certos temas, nós éramos amigos. Sobre outros temas, porém, tínhamos a mesma visão: na batalha minha e dele pelos migrantes, contra as rejeições no mar, em favor dos refugiados, dos perseguidos, em perigo de vida. Entre nós, criou-se uma sintonia que eu descobri em alguns encontros, que ele me pediu em um momento em que eu já tinha deixado o campo ativo e público de secretário do dicastério dos Migrantes e dos Itinerantes.

Por que ele quis se encontrar com o senhor?

Para falar, para me dizer dos seus compromissos, para me convidar para alguma das suas ações, para que ele não tivesse que fazer tudo sozinho. Ele não foi maniqueísta, eu não fui fechado em relação a ele. Ao contrário, estava maravilhado com a sua liberdade que desafiava também a minha.

Quem fez com que vocês se encontrassem?

Graças a Giuseppe Di Leo, participamos de mesas redondas da Rádio Radicale, que sempre me deixaram surpreso com a possibilidade de falar também de Cristo e da Igreja, da sua história, do seu estar no mundo. As suas intervenções eram rios, com grandes conhecimentos, e eu diria também simpatias, sobre o Vaticano II.

Do que o senhor mais vai sentir falta dele?

Os seus jejuns "perturbadores" por ele e por nós, pelo nosso avanço quieto, quieto demais, no campo da defesa dos mais desfavorecidos, daqueles que são esquecidos. Ele vai me fazer falta, com o seu servir de ponte em muitas questões entre mundos não tão visivelmente vizinhos. E, justamente por isso, eu me permito, ouso saudá-lo assim: adeus, a-Deus.