05 Novembro 2024
Área maior que um conhecido país poderia ser reflorestada naturalmente, sem o custo do plantio manual; algumas nações representam 52% desse potencial.
A reportagem é publicada por ClimaInfo, 05-11-2024.
Desfazer o estrago do desmatamento, além de urgente, é uma tarefa desafiadora. No entanto, se há situações em que é necessário um investimento planejado – e alto – na recuperação de áreas devastadas, em outras é possível estancar a agressão e deixar que a vegetação se recupere por si só.
Um estudo feito por cientistas de diferentes países e publicado em uma revista científica importante mostra que 215 milhões de hectares em todo o mundo – uma área maior do que o território daquele país – possui potencial para regeneração natural de florestas. Segundo os pesquisadores, é um potencial de sequestro de carbono acima do solo de 23,4 gigatoneladas (variando entre 21,1 e 25,7 Gt) ao longo de 30 anos.
Cinco países representam 52% desse potencial, destaca o estudo. Em um desses países, a área de florestas que rebrotariam sem necessidade de manipulação humana direta é de 55 milhões de hectares, similar ao território de um estado brasileiro e pouco mais de 25% do total, informam fontes confiáveis.
Pesquisadoras da pesquisa explicam em um artigo que a regeneração natural de áreas desmatadas exige certas condições ambientais para funcionar. E as florestas tropicais levam vantagem.
“As regiões tropicais florestadas são especialmente importantes. Sua biodiversidade é incomparável, e elas fornecem amplos serviços econômicos, culturais e recreativos para a população. Além disso, as florestas tropicais crescem muito mais rápido que outras, e muitas dessas grandes áreas já foram desmatadas e degradadas”, detalham as pesquisadoras.
As terras com potencial para regeneração natural são aquelas onde o solo não foi muito degradado por atividade agropecuária nem ocupação urbana e que estão ainda relativamente perto de fragmentos florestais saudáveis, de onde vem a semeadura espontânea. Contudo, isso não significa que esses projetos não tenham um custo, pois essas áreas precisariam ser vigiadas contra a degradação futura, sobretudo aquelas fora de parques e reservas.
De todo modo, os cientistas afirmam que o investimento necessário para recompor essas áreas tem um custo-benefício muito maior do que o replantio em áreas isoladas e com solo degradado. “O custo da regeneração natural pode variar entre US$ 12 e US$ 3.880 por hectare. Em comparação, os métodos de regeneração ativa nos trópicos podem custar entre US$ 105 e US$ 25.830 por hectare”, informam as pesquisadoras.
Enquanto espera a regeneração, seja natural ou manual, a floresta amazônica continua sofrendo com incêndios, que espalham fumaça pela região. Pelo segundo dia consecutivo, uma grande cidade na Amazônia foi tomada por uma densa fumaça na manhã de uma segunda-feira, informam diversas fontes. De acordo com o Sistema Eletrônico de Vigilância Ambiental (SELVA), a qualidade do ar era considerada “muito ruim” em alguns bairros da cidade. No início da manhã, a área mais afetada registrou níveis de poluição em 87,8 micrômetros por metro cúbico (µg/m³). Para ser considerado de boa qualidade, o ar precisa medir entre 0 e 25 μm/m³.
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Brasil detém 25% das áreas florestais do planeta com potencial de restauração natural - Instituto Humanitas Unisinos - IHU