01 Novembro 2024
Reproduzimos a seguir, com a permissão do autor, o texto que apareceu na página do Fcebook de Fulvio Ferrario, pastor valdense e professor titular de teologia sistemática na Faculdade de Teologia valdense.
O texto é de Fúlvio Ferrario, teólogo italiano e decano da Faculdade de Teologia Valdense, em Roma, publicado por NeV, 29-10-2024. A tradução é de Luisa Rabolini.
Um leitor ou uma leitora de fé evangélica não ficaram particularmente empolgados com o documento final do Sínodo sobre a Sinodalidade católico, nem poderia ser de outra forma. Eu me limito a duas observações marginais.
Uma breve nota sobre o tema ecumênico. Ele se repete várias vezes no texto, mas é desenvolvido principalmente no contexto do discurso sobre o Bispo de Roma, que não pode deixar de causar alguma preocupação.
E, de fato, no n. 137, é retomada a Ut unum Sint de João Paulo II, que pede uma reflexão sobre o significado ecumênico do papado. O recente documento sobre o Bispo de Roma do Dicastério para a Promoção da Unidade dos Cristãos vai na mesma direção. O fato de Roma buscar a unidade em torno de sua mais alta expressão hierárquica não pode, obviamente, surpreender. No mínimo, é uma pena que muitas vozes protestantes demonstrem, em relação a essas notícias, uma sensibilidade que seria realmente digna de uma causa melhor. O papado não une, mas divide. E depois do Vaticano I, ele o faz em termos teológicos ainda mais dramáticos do que antes: paradoxalmente, o papado do século XVI era teologicamente menos “invasivo” do que o atual.
O n. 139, além disso, associa, em um parágrafo, o “jubileu” da Igreja Romana e as celebrações do aniversário do Concílio de Niceia. Esperamos que essa passagem não tenha nenhum significado especial. O Concílio de Niceia diz respeito a todas as igrejas cristãs. O “jubileu” ou Ano Santo é uma instituição católico-romana que coloca no centro tudo o que divide na história do cristianismo, do purgatório às indulgências, da teologia dos méritos à celebração do absolutismo papal: sobrepor os dois eventos de alguma forma não seria construtivo.