Rumos, acertos, pecados e omissões em 200 anos de presença luterana no Brasil

Foto: Lunamarina | Canva

Mais Lidos

  • Legalidade, solidariedade: justiça. 'Uma cristologia que não é cruzada pelas cruzes da história torna-se retórica'. Discurso de Dom Domenico Battaglia

    LER MAIS
  • Carta aberta à sociedade brasileira. Em defesa do Prof. Dr. Francisco Carlos Teixeira - UFRJ

    LER MAIS
  • Governo Trump alerta que a Europa se expõe ao “desaparecimento da civilização” e coloca o seu foco na América Latina

    LER MAIS

Assine a Newsletter

Receba as notícias e atualizações do Instituto Humanitas Unisinos – IHU em primeira mão. Junte-se a nós!

Conheça nossa Política de Privacidade.

Revista ihu on-line

O veneno automático e infinito do ódio e suas atualizações no século XXI

Edição: 557

Leia mais

Um caleidoscópio chamado Rio Grande do Sul

Edição: 556

Leia mais

Entre códigos e consciência: desafios da IA

Edição: 555

Leia mais

31 Outubro 2024

Ao comemorar 200 anos de presença luterana no país, a direção da Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil (IECLB) assegura, em Carta à Nação, que quer “continuar sendo a Igreja de  Jesus Cristo que Deus nos permitiu ser, enquanto caminhamos em direção à Igreja que Deus nos chama a ser: ainda mais atrativa, inclusiva, acolhedora, relevante, missionária e diaconal”.

A reportagem é de Edelberto Behs

A Carta à Nação traça um histórico da presença e ação de luteranos no país, desde a chegada dos primeiros imigrantes alemães em maio de 1824, que se estabeleceram em Nova Friburgo, no Rio, e em julho do mesmo ano com a chegada dos imigrantes em São Leopoldo, no Rio Grande do Sul.

“Estamos presentes em todo o país, sendo que a maioria de nossas Comunidades está localizada em cidades de até 50 mil habitantes, especialmente nos três estados da região Sul do Brasil. Nossa  membresia tem forte presença na agricultura. Por isso, já há várias décadas, a IECLB tem se preocupado com o êxodo para os centros urbanos e criou um centro para promoção da agricultura ecológica e familiar”, destaca a carta.

A mensagem também lembra o envolvimento na educação. O reformador Martim Lutero acreditava que a fé cristã é inseparável do conhecimento. Por isso, ele defendeu a educação universal, tanto  para meninos como para meninas. Assim, tão importante quanto a igreja é a escola. “Hoje, 70 unidades escolares de educação básica e sete faculdades, ligadas confessionalmente à IECLB,  continuam promovendo educação de qualidade. Elas seguem a tradição luterana de educar para a liberdade, cidadania e solidariedade”.

A IECLB também está presente no campo diaconal – o serviço prestado às outras pessoas e a toda a Criação, em resposta ao amor de Deus. Atualmente 50 instituições diaconais estão conectadas. A  maioria delas atua em parceria com o Poder Público no desenvolvimento de políticas públicas, principalmente na área da assistência social e educação. 

A Carta à Nação assinala que a IECLB tem sua afirmação central em “O justo viverá por fé”, com base na carta do apóstolo Paulo aos Romanos. Ela se define ecumênica e trabalha em conjunto com  outras Igrejas que compartilham da mesma visão e missão: proclamar o Evangelho de Jesus Cristo. Ela defende a Constituição Brasileira, que estabelece o Estado laico e combate a intolerância  religiosa, “dando direito a cada pessoa a viver com liberdade a sua religião ou crença”.

Voltada na sua origem às comunidades constituídas por imigrantes alemães, só aos poucos a IECLB começou, historicamente, a se envolver no caldo cultural brasileiro. “Pelo fechamento (no passado) das portas de nossas Comunidades a quem não tinha origem germânica pedimos perdão”. Também o relacionamento da igreja com povos indígenas originários brasileiros “foi truncado e  baseado em desconhecimento, medo e disputa pelas mesmas terras. Onde houve falhas, pedimos perdão”.

O texto lembra que no período entre as duas Guerras Mundiais, o luteranismo foi confundido com germanismo e nazifascismo, o que foi lamentável. Mesmo com esse histórico, a IECLB admite que,  em se tratando “de uma igreja de membresia majoritariamente branca, de descendência europeia, houve e ainda percebemos evidências de racismo e certa simpatia com movimento ou grupos que  defendem a violência, o retorno de ditaduras militares, e que não respeitam a diversidade, a democracia e os direitos humanos”.

A Carta à Nação reafirma, em seguida, que a IECLB defende “a liberdade de opiniões e pensamentos”, mas se opões “ao radicalismo do pensamento único, especialmente se este viver acompanhado  pela violência, discriminação e negação do direito à opinião contrária”.

Na Carta, a direção da IECLB se compromete a respeitar a diversidade humana em todas as suas expressões, incluindo a diversidade sexual e de gênero, a valorizar espaços para a juventude, para  que venha a ser protagonista na Igreja e a na sociedade. “Continuaremos buscando novas formas de ser Igreja, com novas pastorais, ministérios, iniciativas e novos públicos”. A IECLB está aberta a se unir com outras Igrejas e instituições “que defendem o direito à vida, à livre expressão com responsabilidade e que defendem a democracia como a mais bonita e saudável forma de organização política e social”.

Leia mais