15 Abril 2024
"Para nós, na região de São Leopoldo, há 200 anos, aconteceu importante marco que foi a demarcação de novo espaço, no qual não se teve mais o latifúndio, mas a pequena propriedade familiar que colocaria seus excedentes de produção no mercado brasileiro. Aqui também se ensaiou pluralidade, pois seria introduzido novo tipo de catolicismo e o protestantismo que trazia consigo o pensamento histórico-crítico da tradição de Kant. Aqui se introduz a universalização do ensino formal, novo perfil do feminino, tão bem descrito por Érico Veríssimo em O tempo e o vento", escreve Martin N. Dreher, professor emérito da Faculdades EST e Unisinos, teólogo e pastor Luterano.
O artigo foi publicado no texto base do 16º Encontro Estadual de CEBs no Rio Grande do Sul que acontecerá de 19 a 21 de abril, na Diocese de Novo Hamburgo, na cidade de São Leopoldo, com o tema: CEBs, migrantes de ontem e de hoje: os desafios de justiça e amizade social.
A primeira resposta à pergunta acima formulada, certamente, será: A chegada dos primeiros alemães! Mas já aí começam as discussões. Não houve alemães antes deles no Brasil? Certamente os houve. No século 16, em São Vicente/SP, encontramos Eobano Hessus, atuando em uma feitoria. Logo nos deparamos com Hans Staden em Bertioga, no Nordeste encontraremos a família Lins e teremos que lembrar que a Inquisição prendeu Anna Lins, por ser luterana, e a enviou para Lisboa, onde foi submetida a um auto da fé e, depois, executada. Em Pernambuco cedo encontramos a família Holland, os de Holanda (o meu pai era baiano, meu avô pernambucano). No século XVIII, Pombal colocou alemães em Macapá para produzir alimentos para a Fortaleza de Macapá. Em Sorocaba, alemães e suecos trabalharam na fundição de Ipanema. Ali morou Francisco Adolfo de Varnhagen que escreveu uma História do Brasil, contando os feitos de D. Pedro I.
Com a vinda da Família Real, muitos oficiais alemães chegaram ao Brasil, número aumentado com o séquito de Leopoldina. Um dos oficiais chegou a ser governador de São Paulo, von Oyenhausen. O Major Boehm organizou o exército brasileiro. Em 1818, são fundadas as colônias de Frankental e Leopoldina no Sul da Bahia. São pessoas que iriam se dedicar ao latifúndio.
Poderíamos continuar nomeando alemães, sem esquecer de Johann Moritz von Nassau Siegen. Mas, temos que nos formular a pergunta: De que alemães estamos falando, já que a Alemanha somente vai existir a partir de 1871? Estamos falando de “falantes da língua alemã e de seus diferentes dialetos”. Aqui já se faz necessária uma correção por causa de programas e publicações que estão em curso, todas elas acompanhadas de bandeirolas com as cores da atual bandeira da República Federal da Alemanha, cópia da bandeira da República de Weimar. Mas houve outra bandeira alemã, pano de fundo das bandeiras de sociedades de atiradores que podemos ver no Museu Histórico de São Leopoldo. Entre nós, também tremulou a bandeira com a cruz suástica.
Se, porém, dermos uma estudada nas relações de falantes da língua alemã, veremos que essas bandeirolas são inconsequentes e não retratam nossa realidade.
Antes de mais nada, quero afirmar que em 2024, estaremos comemorando os 200 anos da imigração de língua alemã continuada no Brasil. Ela não teve início em São Leopoldo, mas sim em Nova Friburgo/RJ. As comemorações pretendidas em relação a “Alemães” têm que iniciar por Nova Friburgo, em maio de 1824. Por que lá? Porque as terras de São Leopoldo ainda não estavam medidas, e, em agosto de 1824 continuavam sem ser medidas. Sobre isso mais adiante. Para nós, na região de São Leopoldo, há 200 anos, aconteceu importante marco que foi a demarcação de novo espaço, no qual não se teve mais o latifúndio, mas a pequena propriedade familiar que colocaria seus excedentes de produção no mercado brasileiro. Aqui também se ensaiou pluralidade, pois seria introduzido novo tipo de catolicismo e o protestantismo que trazia consigo o pensamento histórico-crítico da tradição de Kant. Aqui se introduz a universalização do ensino formal, novo perfil do feminino, tão bem descrito por Érico Veríssimo em O tempo e o vento.
De fato, onde hoje se situam os municípios oriundos da Colônia Alemã de São Leopoldo, existia a Real Feitoria do Linho-Cânhamo, criada em 6 de agosto de 1788 por Ofício do Vice-Rei Luís de Vasconcellos. Desde 1820, José Thomaz de Lima é diretor da Real Feitoria. Ele é nomeado diretor da Colônia instalada em 1824, em 19 de julho de 1824, seis dias antes da chegada dos primeiros imigrantes à Colônia.
Como informação preliminar importante, lembre-se que, em 1809, o Rio Grande do Sul foi subdividido em quatro vilas: Porto Alegre, Rio Grande, Rio Pardo e Santo Antônio da Patrulha. São estes os quatro primeiros municípios do Rio Grande do Sul. Com 22 anos de existência, a Colônia Alemã de São Leopoldo deixa de ser Colônia e passa a ser o 15º município do Rio Grande do Sul, criado pela Lei Provincial nº 4 de 1° de abril de 1846. Esse dado merece ser antecipado para que se avalie o rápido desenvolvimento, mas também para que se pergunte pelas razões políticas dessa primeira emancipação no território da Colônia.
Se os falantes da língua alemã de Nova Friburgo provinham de Becherbach, próximo a Kirn, no Palatinado, os de São Leopoldo eram dinamarqueses! Haviam fugido dos latifúndios de Schleswig-Holstein para Hamburgo e lá foram tirados de prisões por von Schaeffer e embarcados para cá. A segunda leva veio das casas de correção e prisões de Mecklenburg-Schwerin. Schleswig-Holstein foi incorporado pela Prússia, assim como Mecklenbur-Schwerin, anos depois. Mas, se olhamos as relações de imigrantes “alemães”, vejo que muitos deles nasceram na Suíça, outros vieram da Áustria, da Hungria.
O Arnoldo Maedche descende de “alemães” vindos da Bessarábia (Romênia), os Hass vieram da Sibéria (Rússia). Uma infinidade veio de Luxemburgo, da França (Alsácia-Lorena). Os antepassados do Dr. René Gertz e de Armindo Schmechel vieram da Ucrânia, os Polenz vieram da Prússia Oriental, hoje Polônia, o mesmo acontecendo com quem veio da Silésia. Parte da Silésia hoje faz parte da Eslováquia. Mas tem também os boêmios, que hoje fazem parte da República Tcheca. Não podemos esquecer dos holandeses que se fixaram no que hoje é São Vendelino. Também não dá para esquecer dos trentinos. Louraine Slomp Giron, a historiadora da imigração italiana, sempre fez questão de dizer que na casa de seus avós se falava o alemão. A língua do Tirol era o alemão, e Milão foi capital do Sacro Império Romano Germânico, nos tempos de Frederico Barbarossa. Todos esses são nossos “alemães”. Usar a bandeira da República Federal da Alemanha é muita pobreza. O erro também foi sacramentado pelo Governo do Estado ao formar a Comissão do Bicentenário. Historiadores só são chamados depois da festa encerrada.
Mesmo assim, em 2024, estaremos comemorando, na região dos vales dos rios dos Sinos e Caí, bem como nos de seus afluentes. Por determinação de José Bonifácio de Andrada, o Major Jorge Antônio von Schäffer foi enviado à Europa para recrutar soldados para formar Batalhões de Estrangeiros no Brasil que haveria de se tornar independente. Deveriam vir “misturados” aos casais de agricultores que seriam instalados no Sul do Brasil, “à moda dos cossacos”. Estes viviam em aldeias no território da atual Ucrânia e em tempos de paz eram agricultores exercitando-se para a guerra; em tempos de guerra viravam soldados. Os cossacos de São Leopoldo participaram das guerras do Prata, da Farroupilha, da Guerra do Paraguai, da Federalista, e da Segunda Guerra Mundial.
Lembro aqui de Bertholdo Weber, nascido em Linha Marcondes (hoje Nova Petrópolis) e intérprete de Mascarenhas de Moraes. Hillebrand nos lembra que em 20 de fevereiro de 1827, “voluntários alemães” de São Leopoldo participaram da Batalha do Passo do Rosário. “Voluntários”, laçados por Hillebrand na Colônia Alemã de São Leopoldo, participaram das forças imperiais na revolução Farroupilha, o que depois geraria animosidades que se procurou superar, por exemplo, com a criação de CTG em Lomba Grande.
Von Schaeffer teve dificuldades para contratar imigrantes. Mas teve apoio do Senador de Polícia, em Hamburgo, e do Grão-Duque de Mecklenburg-Schwerin e trouxe ao Brasil detentos. Os solteiros ficaram no Rio de Janeiro e se tornaram soldados dos Batalhões de Estrangeiros, os casais vieram para São Leopoldo. Haviam sido recrutados nos meses de fevereiro e março de 1824 e com eles haviam sido assinados contratos, que muito embora não foram cumpridos na íntegra. Quem o afirma é João Daniel Hillebrand. Os primeiros colonos foram embarcados nos meses de março e maio de 1824.
O problema foi que já estando no mar os primeiros colonos só então foi promulgada a Constituição do Império, possibilitando também o ingresso de não católicos. Daí o parágrafo 5 dessa Constituição que lhes assegurava o status de “tolerados” ou “permitidos”. Não seriam cidadãos, mas “súditos”. Só estando os primeiros colonos no mar, em 31 de março de 1824, o Governo Imperial ordenou a medição das terras da Real Feitoria do Linho Cânhamo, apenas iniciadas 80 dias depois.
Como sabido e propalado, os primeiros colonos de língua alemã chegaram à Real Feitoria do Linho Cânhamo em 25 de julho de 1824. No entanto, em 18 de agosto de 1824, o então Presidente da Província do Rio Grande do Sul, José Feliciano Fernandes Pinheiro, solicitou a D. Pedro I, através do ofício nº 4, de 18 de agosto de 1824, a graça de poder denominar o estabelecimento colonial de Colônia Alemã de São Leopoldo. Pedro I, por Portaria de 22 de setembro de 1824, concordou com a designação. Vamos celebrar 25 de julho ou 22 de setembro?
Um mês antes, em 20 de agosto de 1824 tiveram início as medições das terras da Real Feitoria do Linho Cânhamo. A arbitrariedade foi grande. Proprietários com títulos foram considerados intrusos em suas próprias terras! A medição durou 91 dias, sendo finalizada em 19 de novembro de 1824 e publicada, em Porto Alegre, em 25 de novembro de 1824. Nesse meio tempo, os colonos estavam no atual bairro da Feitoria. Em julho havia chegado o primeiro transporte com 40 colonos, em novembro o segundo com 81 colonos.
Em 23 de fevereiro de 1825, Portaria nomeia o Coronel Engenheiro João Baptista Alves Porto com a incumbência de medir as colônias que seriam destinadas aos colonos. Como as medições anteriores haviam sido muito malfeitas e havia recursos de proprietários, Porto teve que refazer toda a medição. Nesse mês de fevereiro chegava o terceiro transporte com 62 colonos! Já eram 183 os colonos à espera de terra.
O Coronel Porto dividiu as terras da Real Feitoria do Linho Cânhamo em 160 Colônias, logo seu desafeto José Thomaz de Lima redistribuiu as terras em 296 (!) Colônias, criando grande confusão. Houve colonos que receberam parte do rio dos Sinos. Os colonos foram assentados de 300 em 300 metros de frente. Não houve medição de profundidade. São Leopoldo nasceria com grandes problemas de terra e sua vida judiciária está marcada por esses conflitos. Muitas escrituras falam em “mais ou menos”. Em São José do Hortêncio, Ivoti, Picada 48 e Campo Bom havia proprietários de sesmarias que tiveram suas terras anexadas por José Tomaz de Lima, gerando ódios de “nacionais” em relação aos colonos imigrantes que fariam parte de nossa história. A Colônia Alemã de São Leopoldo foi marcada por conflitos de terras. Esses conflitos levariam a conflitos diplomáticos, principalmente após a visita do Embaixador da Prússia, von Eichmann, na década de 1860. Os problemas não foram vistos apenas na década de 1860.
Tanto assim que, em 21 de julho de 1825, o Aviso do Presidente da Província do Rio Grande do Sul determinou pagamento de subsídios aos colonos de São Leopoldo, à razão de 160 réis por dia no primeiro ano, e 80 réis por dia no segundo ano. De fato, o Diretor da Colônia José Thomaz de Lima, filho bastardo de Monsenhor Miranda, também administrava o armazém onde os colonos podiam fazer compras e só entregava os alimentos a que os colonos tinham direito, se suas mulheres lhes prestassem “favores”. As notícias chegaram à Europa. Em Petrópolis/RJ não foi diferente.
De fato, em 11 de abril de 1827, foi assinada Portaria pelo Monsenhor Miranda, responsável pela imigração no Governo Imperial, dirigida ao Consulado Imperial de Bremen, assegurando o cumprimento dos contratos estabelecidos com os colonos.
Nos anos de 1829, 1831 e 1852 há conflitos com indígenas.
Os subsídios, medições e distribuição de terras terão seu final em 15 de dezembro de 1830, quando no Rio de Janeiro, os deputados latifundiários votarão lei proibindo despesas com a colonização estrangeira. Ainda assim, a Colônia Alemã de São Leopoldo continuou a se desenvolver e nem mesmo os dez anos da Farroupilha diminuíram seu desenvolvimento. Após 1830, colonos continuaram a reclamar subsídios que não haviam recebido antes de 15 de dezembro de 1830.
Em 18 de setembro de 1831, a sede da Colônia passou a ser Capela Curada e passou a ter seu primeiro Juiz de Paz, na pessoa de Manoel Bento Alves, tendo como suplente o Pe. Antônio Nunes da Silva. Até 1831, o sacerdote que atendia à Colônia vinha de Gravataí.
Viria, contudo, a revolução Farroupilha, que dividiu a Colônia e deixou sequelas para os anos posteriores a 1845.
Elas derivam, principalmente, do fato de os colonos liderados por João Daniel Hillebrand, entrementes Diretor das Colônias, se colocarem ao lado do governo imperial. Hillebrand soube ser autoritário e nem sempre correto no recrutamento dos colonos como aconteceu no recrutamento de “voluntários” que morreriam junto ao rio Camaquã, quando do ataque ao estaleiro de Garibaldi. Finda a Farroupilha veio a emancipação. Se em 1830 o Governo Imperial se afastava da Colônia por pressão dos deputados latifundiários, em 1846, o Governo Provincial lavava as mãos.
Em 18 de janeiro de 1846 é sagrado o primeiro templo luterano, na povoação de São Leopoldo. Desde então, a cada ano e nessa data, passou a ser comemorado o “Kerb do Passo”, “die Passer-Kerb”. Com a sagração da Igreja de Cristo (Igreja do Relógio), a data foi esquecida e os luteranos passaram a comemorar o 15 de novembro de 1911. Há poucos anos tentou-se inventar tradição, criando Kerb no início de dezembro.
Com 22 anos de existência, São Leopoldo passava a ser o 15º município do Rio Grande do Sul, criado pela Lei Provincial nº 4, em 1º de abril de 1846. João Daniel Hillebrand nos informa que a “villa” de São Leopoldo teria sido fundada em 31 de dezembro de 1853. Não descobri a razão. Em 24 de julho de 1846 era instalada a primeira Câmara Municipal do município de São Leopoldo. O município criado não tinha sede, por isso, as sessões eram realizadas na casa do vereador Francisco José de Souza, situada na rua do Passo (Independência), distante duas quadras do rio. Ela foi adquirida dois anos mais tarde e, em 1858, começou-se a construir um prédio próprio.
Como a sede do município de São Leopoldo fosse “villa”, foram apenas sete os vereadores eleitos, sendo o mais votado o até então Juiz de Paz Major Manoel Bento Alves que assumiu o comando da Câmara e, consequentemente, do município. Somente a partir de 1864, quando a sede passaria a ser considerada “cidade”, o município poderia eleger 9 vereadores.
Todos estes primeiros vereadores eram “lusos”, descendentes de portugueses. Eles dirigiriam uma sociedade sui generis, distinta do restante da sociedade brasileira, pois formada basicamente por pequenos proprietários e artesãos. Uma pergunta que fica é: por que só “lusos”? Os filhos dos imigrantes nascidos na Colônia Alemã de São Leopoldo teriam, em 1846, no máximo 22 anos; a idade mínima para ser votante e candidato era 25 anos. Além disso, foi somente a partir de 3 de setembro de 1846, pela lei nº 397 que foi possibilitada a naturalização de imigrantes, que poderiam ser votantes e votados, caso tivessem comprovação de renda adequada.
Em 1846 a soma total dos colonos na Colônia era 5.393. Tinham 90 escravos. O número de fogos era 1.041. Já nas linhas divisórias da Colônia viviam 417 pessoas consideradas “brasileiros”.
Mesmo depois de naturalizados e seus filhos nascidos no Brasil terem condições de se tornarem vereadores, houve grande resistência de parte da população “lusa”. O argumento que encontramos de parte da elite “lusa” era a de que os colonos não queriam abrasileirar-se. Além disso, durante a Farroupilha haviam permanecido fiéis ao governo imperial, liderados por Hillebrand. Hillebrand, aliás, sempre seria alvo de críticas e mentiras de vereadores, apesar da defesa que lhe fazia Bento Alves.
Com a elevação da sede da Colônia à categoria de vila e sua transformação em município, a Província deixou de realizar uma série de obras que até então eram de sua responsabilidade. Hillebrand as enumera em seu Relatório de 1854:
A Província continuou a cobrar impostos sobre a produção da Colônia e o Município teve que criar seus próprios impostos. Não era pequena a produção da Colônia, 22 anos após sua criação. Hillebrand a enumera em ordem alfabética: “Arroz, Arreios completos, Azeite de abóbora; Abóboras, Algodão, Azeite de mamona, Arados, Amendoim; Batata inglesa, Aguardente de cana, Azeite de amendoim, Batata doce, Botins, Baús, Balanças grandes de ferro, Banha de porco, Barbante, Bassouras ditas americanas, Balaios de taquara, Balaios de cipó, Cabos de linho, Cordas finas, Cabras, Cinza para lixívia, Cobertores de algodão acolchoados, Chifres de bois e vaca, cevada, Cebola, Cana de Açúcar, Cerveja em barris, Cerveja em garrafa, Cabelo de Cavalo, Couros sortidos (solda e vaquetas), Couros garroteados brancos, Cepos para tamancos, Carros de quatro rodas, Carros de duas rodas, Carros de mão, Carretilhas, Couros de veado curtidos, Carvão de lenha, Canoa de timbaúva, Centeio, Charutos, Cola para marceneiros, Cartucheiras, Cavalos de praça ou de luxo, Carne de porco e de vaca salgada ou de fumaça, Ervilhas secas, Eipim, Estribos de ferro, Enxadas de superior qualidade, Feijão preto e branco, Farinha de Mandioca, Farinha de milho, Farinha de centeio, Frangos, Fumos de várias espécies, Ferragens para engenhos, Fio grosso de algodão, Fio de linho para sapateiro, Galinhas, Guaiacas de couro, Gamelas de pão, Gansos gordos, Gado gordo para açougue, erva mate, ervas medicinais, Junco em feixes, Lentilhas, Linhaça (semente), Laranjas, Lenha, Louros para celeiro, Louça de barro, Linguiça de porco, Lanchões prontos para navegar, Linhagem de algodão para sacos, Licores entre finos e ordinários, Milho seco e verde, Manteiga, Melancias, Mel de abelha, Meios de sola, Madeiras para marceneiros, Madeiras de construção, Malas de couro, Marrecos mansos, Melado, Machado de superior qualidade, Maças secas e frescas, Óleo de linhaça, Ovos de galinha, Obras de marceneiro (mobília), Obras de folhas de flandres, Obras de ourives, Pêssegos passados e verdes, Polvilho, Patos, Perus, Porcos gordos de vários tamanhos, Planchões de grapiúna, Idem de louro, Idem de cedro, Idem de timbaúba, Idem de canjerana, Pentes de chifres, Pás de ferro, Peneiras de taquara, Repolhos verdes, Repolhos em conservas, Ripas de girivá, Rapadura, Sapatos sortidos, Tipitim de taquaruçu, Idem de palha de girivá, Toucinho, Tamancos, Teares de várias espécies, Vinagre, Vinho branco, Ventiladores para limpar cereais”. Em 1864, São Leopoldo passa à categoria de cidade. Neste ano, cinco dos nove vereadores eleitos terão sobrenome alemão.
Parece-me que atualmente estão em discussão algumas questões que podem impedir as comemorações a antiga Colônia Alemã de São Leopoldo. 25 de julho seria a data para se comemorar os 200 anos da Colônia e da chegada de alemães. 1º de abril de 1846 seria data apropriada para se comemorar São Leopoldo, pois aí seria criado o município. Tal separação não me parece apropriada. 1º de abril de 1846, assim como a elevação da vila à condição de cidade em 1864 são evoluções de processo iniciado em julho de 1824. 200 anos valem para a atual São Leopoldo, para os municípios que dela se emanciparam, para o Rio Grande do Sul, no qual o iniciado em 1824 teve continuidade e além de suas fronteiras. Vamos comemorar a caminhada iniciada em 1824.
16º Encontro Estadual das CEBs (Arte: Luis Henrique Alves)
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Os 200 anos das migrações em São Leopoldo/RS. O que vamos comemorar em 2024? Artigo de Martin Dreher - Instituto Humanitas Unisinos - IHU