17 Outubro 2024
O rio Paraguai atingiu 67 centímetros abaixo da régua de referência em Ladário (MS), o pior índice desde o começo das medições há 124 anos.
A reportagem é publicada por ClimaInfo, 17-10-2024.
O Serviço Geológico do Brasil (SGB) informou nesta 3a feira (15/10) que o rio Paraguai, o principal da bacia do Pantanal, atingiu seu pior índice desde 1900, quando começaram as medições. Em Ladário (MS), o rio bateu os 67 centímetros abaixo da régua de referência.
Como o g1 destacou, outras oito réguas de medição ao longo do rio também indicam níveis baixos históricos: Porto Murtinho (-60 cm), Cáceres (-40 cm), Barra dos Bugres (-36 cm), Porto Esperança (-146 cm), Porto Conceição (-164 cm), Pousada Taiamã (-192 cm), Forte Coimbra (-194 cm), e Bela Vista do Norte (-227 cm).
O rio Paraguai sofre com os efeitos da seca histórica que aflige o Pantanal nos últimos meses. Para o SGB, a recuperação do nível do rio será gradual. A expectativa é de que o rio continue abaixo da cota de referência até a segunda quinzena de novembro, quando as chuvas devem voltar a dar as caras no Pantanal. Ainda assim, não se espera por uma temporada chuvosa acima da média, necessária para a recuperação do bioma.
“O ritmo de descida do rio diminuiu, estabilizado pela chegada das primeiras chuvas da estação chuvosa. No entanto, as precipitações previstas não serão fortes o suficiente para elevar os níveis de forma rápida”, afirmou Marcus Suassuna, pesquisador do SGB, ao jornal O Globo.
Para especialistas, a situação não deve se estabilizar no Pantanal ao menos até o final desta década. Como o Correio do Estado indicou, o padrão anterior de estiagem pode ajudar a projetar a evolução desse quadro nos próximos anos. A última grande seca ocorreu no período de 1960 a 1971, um período de 11 anos. A atual estiagem começou em 2019 e, se houver um padrão, ainda permaneceria por mais cinco anos.
Em tempo
A seca no rio Madeira está afetando o abastecimento do comércio no norte do Brasil. O Globo mostrou imagens de filas quilométricas de caminhões aguardando para embarcar em balsas na altura de Careiro da Várzea (AM), na BR-319. Na última 6a feira (11), o Madeira atingiu uma mínima histórica de 19 centímetros.
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