26 Setembro 2024
A equipe do “Vert de rage” analisou 22 amostras de frutas e legumes comprados nas principais redes de supermercados francesas. Sete continham resíduos de pesticidas proibidos na Europa.
A reportagem é publicada por RFI, 25-09-2024.
O documentário cita uma pesquisa feita pela rede de ONGs Pesticide Action Network Europe (PAN Europe), que analisou dados da Autoridade Europeia de Segurança Alimentar. As análises constataram que os pesticidas proibidos na Europa eram mais presentes em determinadas famílias de produtos, como café, chá, temperos e alguns vegetais.
O programa esclareceu que os produtos de outros países não carregam sistematicamente pesticidas (ou resíduos) proibidos na União Europeia. Mas o risco de detectá-los é maior. “Os alimentos importados têm duas vezes mais chances de conter pesticidas proibidos pela UE do que os alimentos cultivados na UE”, apontam ‘Vert de rage’ e PAN Europe.
Um exemplo foi uma toranja da China, que continha dois produtos proibidos: clorpirifós (reconhecido como neurotóxico, tóxico para a reprodução e desregulador endócrino) e propiconazol (reconhecido como tóxico para a reprodução). Na União Europeia (UE), o primeiro foi proibido desde 2020 e o segundo desde 2009.
Outro produto “intoxicado”, segundo o programa de TV, são as uvas do Peru que continham resíduos de imidaclopride (que foi apontado como um neonicotinoide) e miclobutanil, que foi retirado do mercado da UE em 2021. Uma laranja oriunda da Tunísia continha malathion, um pesticida classificado como “provavelmente cancerígeno”, que foi proibido na UE desde 2008.
Limões taitianos, maracujás e ameixas são outros dos produtos mais afetados, enquanto arroz, abobrinha e banana-da-terra também contêm pesticidas.
A emissão do programa “Vert de rage” concluiu, em sua emissão de segunda-feira (23), que “pesticidas proibidos na França e na UE foram encontrados em nossas cestas de compras e em nossos pratos por meio de produtos importados”.
Os autores do documentário destacam que, em três anos, “26,46% dos produtos distribuídos na França contendo pesticidas proibidos vieram da Índia”, tornando esse país “a origem mais frequente” desse tipo de problema.
O “Vert de rage” também discutiu os pesticidas que foram retirados do mercado europeu, mas que ainda são produzidos na França para serem exportados para países onde continuam autorizados. De acordo com a ONG suíça Public Eye, os cinco principais destinos dos pesticidas fabricados na França em 2023 seriam o Brasil, seguido pela Ucrânia, Estados Unidos, Rússia e Reino Unido.
Apesar da proibição das vendas na França, há preocupações de que a produção desses pesticidas esteja afetando a água potável, as águas superficiais e os lençóis freáticos nas cidades onde as fábricas estão localizadas.
Na França, em 2022, a agência pública francesa responsável pela segurança alimentar, a Direção Geral de Alimentos (DGAL), emitiu 2.446 recalls de alimentos. 328 deles estavam ligados à presença de pesticidas.
Entre eles, 296 continham pelo menos um pesticida proibido ou resíduo de pesticida “excedendo o limite máximo autorizado em alimentos”, informa o documentário.
Em 2022, o Sistema de Alerta Rápido para Alimentos e Rações (RASFF), um sistema de alerta europeu que relata problemas relacionados a produtos agroalimentares, informou que os resíduos de pesticidas eram a principal causa de advertências sobre alimentos.
Entre os produtos distribuídos na França, 104 das 114 notificações diziam respeito à presença de pesticidas proibidos. Em 2023, o RASFF emitiu 292 notificações para produtos contendo pesticidas, dos quais 77 apresentavam pelo menos um pesticida proibido ou resíduo de pesticida.
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Agrotóxicos proibidos na UE voltam à França em alimentos importados de países como o Brasil - Instituto Humanitas Unisinos - IHU