19 Setembro 2024
Na ação de ontem no Líbano, objetos aparentemente inofensivos se revelaram armas poderosas. A ONG, que trabalha em 28 países removendo minas deixadas por conflitos, pede uma resposta urgente ao aumento das armas autônomas, parte de um "fenômeno mais amplo de miniaturização de dispositivos explosivos e seu uso em microdrones". Crescem as exigências por um novo tratado de proibição, como o existente para minas terrestres.
A reportagem é publicada por AsiaNews, 18-09-2024.
O ataque de ontem no Líbano (e na Síria) contra membros do movimento Hezbollah matou pelo menos 12 pessoas e feriu mais de 2.800, em uma operação que provavelmente foi realizada por Israel. A operação demonstra, mais uma vez, como as novas tecnologias e a inteligência artificial podem ser devastadoras em conflitos.
De acordo com a HALO Trust, objetos aparentemente inofensivos, como pagers, foram transformados em dispositivos poderosos e letais, como minas antipessoais, atingindo não apenas milicianos pró-Irã, mas também civis inocentes.
Para James Cowan, ex-oficial do exército britânico e agora CEO da HALO Trust, a operação de ontem no Oriente Médio mostra uma necessidade urgente de lidar com "o aumento das armas autônomas impulsionadas pela inteligência artificial".
O especialista observa que os pagers transformados em armas "podem ser um caso isolado", mas a operação aponta para um "fenômeno muito mais amplo associado à miniaturização de dispositivos explosivos [e] seu uso em microdrones".
A HALO (Hazardous Area Life-support Organisation) Trust é uma organização humanitária não governamental que há anos trabalha, principalmente, para remover minas terrestres não detonadas e outros dispositivos explosivos deixados por conflitos.
A ONG opera em 28 países, com mais de 10.000 funcionários em todo o mundo, atualmente concentrando-se no Afeganistão, onde continua a operar mesmo sob o controle do regime Talibã, que assumiu o poder em agosto de 2021.
O ataque atípico de ontem por parte de Israel contra o Hezbollah no Líbano é uma "situação em rápida evolução", disse James Cowan. “Ainda não está claro como esses dispositivos foram feitos para explodir”, acrescentou.
“Pode ter havido pequenas quantidades de explosivo envolvidas e um elemento de autonomia, ou as baterias podem ter sido feitas para ‘superaquecer’ e, portanto, se incendiar, por meio de mensagens de rádio enviadas por mãos humanas.
Em todo caso, "é urgentemente necessária uma legislação semelhante à proibição de minas terrestres para acompanhar essa tecnologia".
O sucesso da HALO no combate às minas terrestres está ligado, em parte, ao Tratado de Proibição assinado em Ottawa em 1997, poucos meses após a morte de Diana, Princesa de Gales, a principal apoiadora da proibição.
No fim deste ano, os signatários do tratado se reunirão no Camboja para avaliar o progresso feito e as questões ainda não resolvidas.
Para a ONG, “a campanha para remover a ameaça das minas terrestres no mundo foi, e continua sendo, um exemplo singular de cooperação internacional para controlar uma classe de armas. "O mundo agora precisa urgentemente replicar esse exemplo com um novo tratado para controlar dispositivos explosivos autônomos. Não temos muito tempo para fazer isso".
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Para a HALO Trust, pagers explosivos são como minas antipessoais - Instituto Humanitas Unisinos - IHU