30 Agosto 2024
Os dois inquéritos que analisavam o “Dia do Fogo”, ocorrido em 2019 no Pará, foram arquivados no 1º semestre deste ano sem ocorrer nenhum indiciamento.
A reportagem é publicada por ClimaInfo, 30-08-2024.
Os incêndios registrados no interior de São Paulo na semana passada, supostamente coordenados de forma intencional, trouxeram lembranças tristes sobre um episódio similar que ocorreu há cinco anos no interior do Pará.
O infame “Dia do Fogo”, entre 10 e 11 de agosto de 2019, colocou Novo Progresso (PA) no noticiário ao indicar uma ação coordenada entre fazendeiros para aproveitar a leniência do então governo Bolsonaro para incendiar vastas áreas florestais. Mesmo com a repercussão negativa, inclusive internacionalmente, as autoridades estaduais e federais não foram capazes de responsabilizar os culpados pelo episódio.
Como destacou a BBC Brasil, os dois inquéritos que ainda aconteciam na esfera federal foram encerrados no 1o semestre de 2024 sem qualquer indiciamento. Os indícios coletados por investigadores da Polícia Federal (PF) e procuradores do Ministério Público Federal (MPF) reforçam a suspeita de ação articulada, mas não foram suficientes para sustentar uma ação judicial contra os culpados.
“Há um cenário de impunidade e uma sensação de que o crime ambiental compensa”, lamentou Thais Banwart, porta-voz de políticas públicas do Greenpeace Brasil. “O proprietário faz a queimada, não é responsabilizado nas esferas civil e criminal e ainda consegue acesso a crédito rural a taxas mais baixas que as do mercado.”
A impunidade se reflete na situação de Novo Progresso como um dos municípios com maior índice de incêndios neste ano. De acordo com o Programa Queimadas, do INPE, Novo Progresso está em quarto no ranking nacional, com 2.292 focos, perdendo apenas para Corumbá (MS), com 4.242; Apuí (AM), com 3.401; e Lábrea (AM), com 2.464.
O Globo trouxe dados do Greenpeace Brasil que mostram que os 478 imóveis rurais envolvidos no “Dia do Fogo” seguem com altos índices de desmatamento e queimadas recorrentes. Apesar dessas ilegalidades, 29 das propriedades suspeitas foram financiadas pelo crédito rural desde 2019, recebendo mais de R$ 201 mil.
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Investigações sobre “Dia do Fogo” são arquivadas: ninguém é responsabilizado - Instituto Humanitas Unisinos - IHU