24 Agosto 2024
Em média, uma mulher morreu no Estado a cada 5,8 dias. Especialista cita que crimes são resultado de uma combinação de fatores, como machismo estrutural, desigualdade de gênero e naturalização da violência
A reportagem é de Júlia Ozorio, publicada por GZH, 22-08-2024.
O Rio Grande do Sul registrou nove casos de feminicídio em 53 dias. Em uma média, isso significa que uma mulher morreu no Estado a cada 5,8 dias. Os crimes foram contabilizados pela reportagem de Zero Hora e consideram o período de 1º de julho até a manhã desta quinta-feira (22).
Em julho, seis casos de feminicídio foram computados, enquanto três foram registrados neste mês de agosto.
Ainda assim, se comparado com julho do ano passado, o último mês apresentou queda de 33% neste tipo de ocorrência. Em 2023 nove mulheres perderam a vida por crimes deste tipo. Em todo o mês de agosto de 2023 foram cinco feminicídios.
Em sete dos nove casos registrados desde julho, os suspeitos eram companheiros ou homens que já haviam se relacionado com as vítimas.
Os feminicídios são frequentemente resultado de uma combinação de fatores, na avalição de Rodrigo Azevedo, sociólogo, professor da Escola de Direito da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS) e membro do Fórum Brasileiro de Segurança Pública. Ele destaca o machismo estrutural, a desigualdade de gênero e a naturalização da violência contra a mulher.
— Esses crimes geralmente ocorrem em contextos de relacionamentos abusivos, nos quais a mulher é vista como propriedade do homem, levando a uma escalada de violência quando ela tenta romper com essa dinâmica — explica o pesquisador.
Para o sociólogo, para que a prevenção de crimes de gênero seja efetiva é necessário que os órgãos de segurança se aprimorem no acolhimento e atendimento das vítimas.
— Políticas de segurança pública focadas no problema podem trazer resultados positivos na redução dos casos, mas isso inclui uma melhor estrutura de atendimento às vítimas pela polícia, especialmente em delegacias especializadas, e a decretação e o acompanhamento rigoroso de medidas protetivas de urgência. Quando necessário, a implementação de monitoramento eletrônico e a prisão preventiva do agressor são medidas essenciais para garantir a segurança das mulheres — avalia o professor, citando ainda a criação de grupos para recuperações de homens agressores, assim como a conscientização contra o machismo estrutural.
A íntegra da reportagem pode ser lida aqui.
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Em 53 dias, RS registra nove feminicídios - Instituto Humanitas Unisinos - IHU