22 Agosto 2024
Em novembro de 1977, depois de encontro de meia hora com o ministro da Justiça, Armando Falcão, no período da ditadura, quando Pelé pediu a liberação de um filme em que ele atuaria, o rei do futebol concedeu entrevista à saída do encontro e teria dito, segundo o Jornal do Brasil, que o brasileiro não sabia votar.
O artigo é de Edelberto Behs, jornalista.
Em matéria para a Folha de S.Paulo, o historiador e jornalista Paulo Cesar de Araújo garante que Pelé nunca disse tal frase. Ele teria declarado, segundo outros jornais da época, que o povo “devia se interessar mais por política, pois só assim as coisas vão melhorar”, e que “o eleitor vota por amizade, não por ter no candidato um grande político ou administrador”.
Analisando a ascensão de um deputado do baixo clero à presidência da República, afora um rol de deputados e senadores que envergonham o Parlamento, talvez Pelé tivesse razão, se proferido que brasileiro não sabe votar. O que acontece no pleito à prefeitura de São Paulo reforça essa hipótese de que brasileiro gosta de um despreparado, mentiroso, mal-educado, tosco, exercendo o poder. Vejam a trajetória do desbocado do Pablo Marçal (PRTB), candidato a prefeito: ele subiu quase cinco pontos percentuais nos últimos dias, depois de debate.
O Ministério Público Eleitoral entrou, na segunda-feira, 19, com pedido de suspensão do registro da candidatura de Marçal à prefeitura paulistana. A ação pede uma investigação contra o empresário por abuso de poder econômico! Não se trata de abertura de inquérito por dizer bandalheiras, acusar, sem provas e sem citar nomes, dois outros candidatos de usarem cocaína ou de dizer que Boulos é comedor de açúcar e apoia o Hamas.
Ele quer ser prefeito de “uma cidade de merda”, que pouco conhece a metrópole, tanto assim que acha que Operação Água Branca, um projeto urbano na zona norte e oeste da capital, é coisa de bandido. E isso dito na frente das câmeras de televisão em debate público! Também foi desmascarado por Tabata Amaral por ter sido condenado por formação de quadrilha e fraudes bancárias. Prometeu deixar o pleito se isso fosse provado.
Ele respondeu que não há condenação sobre o caso e imediatamente Boulos anunciou que está colocando na sua rede social o conteúdo da condenação de Marçal. O candidato “bem-preparado em sacanagens” mentiu duas vezes: ao dizer que não há condenação e que largaria a corrida à prefeitura, o que não fez.
Ele, que tinha 11,4% das intenções de voto, na pesquisa de 8 de agosto, subiu para 16,3%! A essas alturas, Marçal ocupa a terceira colocação na disputa paulistana. Berrando mais algumas idiotices e barbaridades, quem sabe não chegue, ainda, ao segundo turno do pleito!
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Eleitor brasileiro gosta de candidato fuleiro. Artigo de Edelberto Behs - Instituto Humanitas Unisinos - IHU