18 Julho 2024
A reportagem é de José Lorenzo, publicada por Religión Digital, 17-07-2024.
"Que os bilhões de pessoas que assistirão aos Jogos se unam a vocês para pedir a paz. Que nossos filhos nos sobrevivam." É uma das mensagens contidas na carta aberta que cerca de trinta Prêmios Nobel enviaram ao Papa Francisco, ao Patriarca Ortodoxo Bartolomeu, ao Dalai Lama e a vários representantes do islamismo e do judaísmo para que, às vésperas dos Jogos da XXXIII Olimpíada, que serão realizados entre 26 de julho e 11 de agosto de 2024 em Paris, lancem um apelo mundial a todos os governos a favor da paz e do fim da guerra.
"Uma guerra sangrenta - o conflito entre Rússia e Ucrânia - está ocorrendo no continente europeu pela primeira vez em décadas. As consequências deste conflito prolongado, que entrou em seu terceiro ano, reverberaram em vários países, provocando um aumento da fome nas nações africanas, uma crise migratória na Europa e a liberação de substâncias nocivas provenientes de cada bombardeio na água, nos alimentos e nos suprimentos de leite que chegam à população dos seis continentes. Até o final deste ano, espera-se que o número de mortos e feridos na Europa Central supere um milhão, pela primeira vez desde a Segunda Guerra Mundial", afirmam os Prêmios Nobel.
"Enquanto nos matamos uns aos outros, também destruímos nosso planeta. Além disso, o aumento dos gastos com armamentos é comparável aos gastos necessários para erradicar a fome no mundo durante os próximos oitenta anos. Pense nisso: ninguém passaria fome nem morreria de exaustão, e nenhuma criança ficaria sem alimento. Em vez disso, ao invés de sustentar a vida, desperdiçamos recursos para propagar a morte", indica também a carta, que lembra ainda que atualmente existem "pelo menos 55 conflitos desse tipo em curso."
"Cessar-fogo! Ponham fim à perda de vidas! Previnam um desastre nuclear!", pedem os Prêmios Nobel, que exigem a aplicação imediata aos conflitos abertos na Ucrânia e em Gaza e que se aproveite o cessar-fogo da trégua olímpica para a troca de todos os prisioneiros, a libertação dos reféns, a devolução dos corpos dos mortos e o início das negociações.
Quem são hoje as vítimas da guerra?, perguntam os Prêmios Nobel na carta citada pelo Il Mesaggero. "As vítimas são pessoas entre 30 e 40 anos, o que significa, segundo eles, que se perdem cerca de 40 anos de expectativa de vida por cada uma delas. Assim, cada 100.000 pessoas assassinadas equivalem a 4 milhões de anos não vividos: descobertas não realizadas, crianças não nascidas, órfãos que sofrem." "Devemos agir. Imploramos que o façam! Pedimos sua ajuda para exigir um cessar-fogo e uma ação seletiva", clamam os premiados com o prestigioso galardão.
Entre os Prêmios Nobel signatários da carta estão Erwin Neher, Sir Peter Ratcliffe, Barry Marshall (Nobel de Medicina), Svetlana Alexievich, Elfriede Jelinek (Nobel de Literatura), Emmanuel Charpentier, Elias James Corey, Alan Heeger, Martin Karplus (Nobel de Química), Maria Ressa, Jody Williams, Beatrice Fihn, Tawakkol Karman (Nobel da Paz), Roger Penrose, Michel Mayor, Andre Geim (Nobel de Física), informa o jornal italiano.
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Uma trégua olímpica? 30 Prêmios Nobel pedem o apoio do Papa Francisco - Instituto Humanitas Unisinos - IHU