Como mulheres e meninas podem receber proteção em tempos de guerra e participar na construção da paz e na resolução de conflitos, foi o assunto em pauta no encontro, dia 20 de junho, sob o tema “Examinando os impactos de gênero dos conflitos violentos e da guerra”, evento paralelo à sessão do Conselho dos Direitos Humanos da ONU, reunido em Genebra.
A reportagem é de Edelberto Behs.
“O conflito e a guerra andam de mãos dadas com o aumento dos riscos de violência sexual e de gênero, tráfico de seres humanos, perda de emprego e de oportunidades econômicas, além de redução do acesso à educação e aos serviços de saúde reprodutivo”, arrolou o representante da Federação Luterana Mundial (FLM) para questões de justiça e gênero, Sikhonzile Ndlovu.
A vice-diretora do escritório da ONU Mulheres em Genebra, Adriana Quiñones, destacou o impacto devastador e desproporcional da guerra sobre as mulheres e meninas, apontando especificamente os assassinatos, a escravidão sexual, o aumento do casamento infantil e o acesso restrito a serviços vitais. A violação é usada como arma de guerra.
A ONU, mencionou, registrou em 2023 o maior número de conflitos violentos desde a Segunda Guerra Mundial. Outro dado, de acordo com o think tank dos Estados Unidos, Conselho de Relações Exteriores, foi de apenas 16% a representação feminina nas equipes de negociação de processos de paz das Nações Unidas em 2022. Nenhuma mulher participou das negociações nos conflitos na Etiópia Mianmar, Balcãs, Sudão e Iêmen.
A coordenadora de pesquisa no Instituto Universitário de Estudos e Desenvolvimento Internacional de Genebra, Agnieszka Fal-Dutra Santos, frisou que é sem dúvida demonstrável que uma maior inclusão das mulheres nos processos de construção de paz leva a “negociações mais eficientes e a melhores resultados”.
O encontro paralelo foi patrocinado pela FLM em parceria com o Conselho Mundial de Igrejas, a Aliança SCT e a Associação Cristã de Jovens Mulheres.
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