21 Junho 2024
"Vamos tornar a inclusão dos refugiados a regra, não a exceção", declara Filippo Grandi, alto comissário da Agência da ONU para Refugiados.
A informação é publicada pela Assessoria de Comunicação da ACNUR, 20-06-2024
Hoje, Dia Mundial do Refugiado, homenageamos os milhões de pessoas ao redor do mundo que são forçadas a fugir da violência e perseguição. Comemoramos na data de hoje a notável resistência e capacidade de renovação dessas pessoas, apesar dos desafios assustadores que enfrentam.
A situação raramente é tão desesperadora quanto onde estou agora, em Jamjang, no Sudão do Sul. Nos últimos meses, quase 700 mil pessoas cruzaram a fronteira do Sudão, fugindo de uma guerra devastadora que lhes tirou as casas, os entes queridos, tudo. Alguns fugiram deste país há muito tempo para escapar da guerra civil do Sudão do Sul e agora estão sendo forçados a voltar para um lugar que ainda se recupera de anos de combates e fome. Outros são sudaneses – professores, médicos, comerciantes e agricultores – que agora devem seguir suas vidas como refugiados.
A chegada de refugiados nas fronteiras não é apenas um problema para países ricos. Três quartos dos refugiados do mundo vivem em países de renda baixa ou média – é falso e irresponsável afirmar que a maioria está tentando chegar à Europa ou aos EUA. Basta olharmos para a tragédia que se desenrola no Sudão: são os vizinhos Sudão do Sul, Chade, Etiópia e Egito que oferecem proteção às pessoas sudanesas que fogem do horror dos conflitos.
Esses países mostram que a solidariedade é possível mesmo nas circunstâncias mais difíceis. Eu os elogio por isso. Mas eles não podem fazer isso sozinhos. Em um momento de divisão e turbulência, os refugiados – e aqueles que os acolhem – precisam que todos nós trabalhemos juntos.
Vivemos em um mundo onde os conflitos são deixados para que se percam no tempo. A vontade política de resolvê-los parece completamente ausente. E mesmo à medida que essas crises se multiplicam, o direito de buscar asilo está sob ameaça. Para piorar a situação, os efeitos globais das mudanças climáticas causam um impacto cada vez mais devastador – inclusive aqui, onde enchentes severas devem submergir vilarejos e terras agrícolas, aumentando os problemas do Sudão do Sul.
No entanto, há muitos motivos para esperança. Hoje também é um dia para comemorar os progressos realizados. Um novo e ousado plano de desenvolvimento no Quênia transformará antigos campos de refugiados em assentamentos onde os refugiados terão mais oportunidades de desenvolvimento e pleno acesso a uma série de serviços. Na Colômbia, o ACNUR apoia um sistema governamental para incluir quase 2,3 milhões de venezuelanos no mercado de trabalho. Na Ucrânia, ajudamos a construir uma plataforma que apoia pessoas que estão retornando cautelosamente para reparar ou reconstruir suas casas.
Essa abordagem de longo prazo é fundamental – ação sustentável em educação, energia, segurança alimentar, emprego, habitação e mais, trabalhando com estados, parceiros de desenvolvimento e outros. Não vamos deixar os refugiados no limbo. Em vez disso, vamos dar a eles a chance de usar suas habilidades, talentos, conhecimentos e experiências para contribuir para as comunidades que os acolheram. Todos ganham com isso.
Devem também existir maneiras seguras e legais para os refugiados se estabelecerem em outro lugar, seja por meio de vistos de trabalho, bolsas de estudo ou reassentamento em outro país. Sem essas opções, mais pessoas recorrerão a contrabandistas em uma busca desesperada por esperança e oportunidade.
Mas tudo isso requer investimento. O financiamento internacional para ajudar aqueles que fogem da guerra no Sudão, e para permitir que as autoridades locais e comunidades anfitriãs expandam infraestrutura, assentamentos e serviços, tem sido insuficiente. E, em todo o mundo, muitas outras crises são igualmente negligenciadas.
No Dia Mundial do Refugiado e todos os dias, todos nós podemos fazer mais para mostrar solidariedade com os refugiados e trabalhar por um mundo onde eles sejam bem-vindos, ou possam retornar para casa em paz. Com coragem, comprometimento e compaixão, as soluções estão ao nosso alcance.
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"Vamos tornar a inclusão dos refugiados a regra, não a exceção" - Instituto Humanitas Unisinos - IHU