No próximo mês, a Academia de Teólogos Católicos Hispânicos dos Estados Unidos (ACTHUS) realizará seu 35º colóquio anual sobre o tema “Sinodalidade: O Povo de Deus, a Bíblia e a Teologia”. O evento será realizado de 9 a 12 de junho no Connors Center do Boston College. Concentrar-se na sinodalidade, à qual o Papa Francisco chamou a Igreja universal, é fundamental em todos os níveis da Igreja, e os teólogos têm um papel especial a desempenhar à medida que todos procuramos familiarizar-nos com este caminho diferente de autocompreensão eclesial.

A reportagem é de Michael Sean Winters, publicada por National Catholic Reporter, 22-05-2024.

“Este é um momento chave para fazer teologia católica com os pés no chão, os ouvidos atentos às vozes do povo de Deus e do mundo, e com os olhos voltados para Cristo”, disse Hosffman Ospino, professor de ministério hispânico e educação religiosa no Boston College. “O caminho sinodal está criando espaços mais frescos para a renovação teológica. Estou entusiasmado com as possibilidades”.

A ACTHUS está especialmente bem posicionada para avançar a nossa compreensão da sinodalidade, em grande parte porque tem prestado atenção à necessidade de ligar teólogos acadêmicos a agentes pastorais durante muitos anos. No colóquio do grupo de 2021, Ospino disse: “Um terço dos participantes do colóquio deste ano são líderes pastorais católicos hispânicos que trabalham em organizações ministeriais, dioceses e paróquias. Discurso teológico relevante que afirma ser católico hispânico/latino sem se envolver seriamente em conversação com esses agentes pastorais e as comunidades com as quais eles caminham todos os dias”.

Essa conversa continua este ano. "O melhor lugar para abordar esta realidade é num Colóquio ACTHUS porque, ao contrário da tendência teológica dominante nos EUA, o ACTHUS tem trabalhado em conjunto ('juntos', teólogos de todas as subdisciplinas e líderes pastorais) desde o seu início, e sempre colocando em primeiro plano as realidades de nossas comunidades", disse Ahida Pilarski, presidente eleita da ACTHUS e professora de Antigo Testamento/Bíblia Hebraica no St. Anselm College em Manchester, New Hampshire. “No colóquio de 2024, faremos isso mais uma vez, ‘caminhando juntos’ agora com a Igreja global enquanto refletimos sobre o nosso apelo à sinodalidade”.

Perguntei a Pilarski sobre como conectar os teólogos com a experiência vivida na igreja. “Isso faz parte do design”, ela me disse. "Mais uma vez, o subtítulo começa com o Povo de Deus. Este sínodo em particular conduziu o maior processo consultivo na história da Igreja. Houve grande participação em todos os níveis."

Além de consultar os resultados desse processo consultivo, a teologia latino-americana há muito coloca o foco no povo de Deus na vanguarda do seu trabalho.

“Faço parte de um grupo de teólogos hispânicos baseados nos EUA que, durante alguns anos, mantiveram um diálogo regular com teólogos latino-americanos”, disse Pilarski. “Analisamos especificamente Medellín e Puebla e o documento de 2018 sobre sinodalidade da Comissão Teológica Internacional. O povo de Deus esteve muito presente em todos os três documentos”.

Grande parte da conferência deste ano será estruturada em torno das cinco prioridades estabelecidas no Documento Final Norte-Americano para a Fase Continental do Sínodo 2021-2024. Incluem “A integração da consulta sinodal nas Igrejas locais. Isto incluiria a formação tanto na sinodalidade como na espiritualidade do discernimento”, “O desafio de acolher aqueles que se sentem excluídos da participação na vida da Igreja de uma forma autêntica e fiéis ao Evangelho e à fé católica pesa muito no coração do nosso povo" e "Uma Igreja que vai às periferias".

O resto do subtítulo do colóquio ACTHUS também importa.

“A referência à Bíblia e à Teologia no título do colóquio visa o que há de distintivo na identidade católica da Igreja”, disse Pilarski. “Olhando para o Vaticano II, especialmente para a Dei verbum, a Constituição Dogmática sobre a Revelação Divina, afirma que a Escritura e a tradição são uma fonte de revelação. Na nossa sociedade pós-moderna, o que isso significa?”

A abordagem delineada para este próximo colóquio abordará algumas das dificuldades que surgiram à medida que a teologia navega no difícil terreno intelectual do mundo pós-moderno.

“Durante a modernidade, foram estabelecidas subdisciplinas teológicas distintas. Os estudos bíblicos geralmente se concentravam nas Escrituras; as outras subdisciplinas se concentravam na tradição”, explicou Pilarski. “Outro resultado do projeto da modernidade foi que as realidades do povo, como centro do locus da teologia, foram perdidas. Portanto, quero trazer para a mesa esta realidade, mesmo agora na era pós-moderna, de que a teologia não é apenas subdividida em subdisciplinas e estas raramente interagem aqui nos EUA (continuando a trabalhar em silos), mas as 'experiências vividas' do povo de Deus também foram descartadas no processo."

“A forma como teologizamos e o propósito da nossa reflexão teológica reflete significativamente a nossa compreensão da Igreja”, disse Ospino. “Muitos teólogos católicos hispânicos dos EUA continuam a nutrir conexões com comunidades de fé, movimentos eclesiais e o trabalho de dioceses e paróquias. Sem conexão com o povo de Deus nas bases, nossa teologia pode simplesmente tornar-se estéril”.

“A sinodalidade dá aos teólogos católicos a oportunidade de recuperar a dimensão pastoral do nosso trabalho teológico, que é sempre comunitário”, acrescentou. “Entramos na conversa sobre o que significa ser igreja como pessoas batizadas e como discípulos cristãos 'com os outros'."

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