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“Eu estava nua, cuspiam em mim e riam. Não os odeio". Entrevista com Edith Bruck

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01 Mai 2024

A nossa conversa termina como começou: “Feliz 25 de abril [data do Dia da Libertação do Fascismo na Itália]. E que seja 25 de abril todos os dias do ano. Porque o antifascismo não é como um produto que expira. É sempre válido, para sempre".

A entrevista é de Umberto De Giovannangeli, publicada por l’Unità, 26-04-2024. A tradução é de Luisa Rabolini.

Uma lição de vida, de história e de cultura. Simplesmente emocionante. Pela profundidade humana e intelectual, grandiosas, da pessoa que fala aos leitores de l'Unità: Edit Bruck. De origem húngara, Edith nasceu em uma grande e pobre família judia. Em 1944, pouco mais que criança, a sua primeira viagem levou-a ao gueto da capital e de lá para Auschwitz, Dachau, Bergen-Belsen. Tendo sobrevivido à deportação, depois de anos de peregrinação, chega definitivamente à Itália, adotando seu idioma.

Nos seus livros prestou testemunho do evento sombrio do século XX. Recebeu vários prêmios literários e foi traduzida para vários idiomas. Muitas de suas obras foram publicadas na Itália, sendo a última I frutti della memoria. La mia testimonianza nelle scuole (com Eugenio Murrali, La Nave di Teseo, 2024).

Eis a entrevista. 

Bruck, pensando na sua extraordinária experiência de vida, o que representou o 25 abril de 1945 e o que continua a significar?

O que deveria significar para todos, não apenas para mim. Para todos os italianos, para toda a Europa. Fui libertada em 15 de abril em Bergen-Belsen. E hoje me dou conta que é o dia 25 de abril com a queda do regime fascista que foi cúmplice ativo, participante, daquela trágica história que se consumou nos campos de concentração onde vi morrer a minha família e muitas outras pessoas. Deveria significar muito, mas talvez, infelizmente, signifique muito menos do que realmente imaginávamos, que esperávamos. A Europa tem pouca memória. O homem tem pouca memória e volta de novo ao começo. O 25 de abril deveria ser todos os dias.

Um grande homem da história, sobrevivente de Auschwitz, Elie Wiesel, ganhador do Prêmio Nobel, disse que sem memória não há futuro. Sem memória sequer há vida. Não apenas futuro. Trabalho em prol da memória há 64 anos.

Seu mais recente e belíssimo livro é intitulado Os frutos da memória: meu testemunho nas escolas [tradução livre].

É importante perceber, descobrir quantas coisas as crianças entendem, o seu desejo, eu diria, a necessidade de conhecer, entender. Uma das páginas mais belas do livro é aquela final com o desenho dos garotos. Algo acontece, o que se faz nunca é inútil. É tudo útil. É preciso fazer. Deve-se falar e repetir novamente. Até porque a humanidade não parece entender nada.

Como vê a Itália hoje?

Eu a vejo mal, muito mal. Assim como vejo mal a Europa e o mundo. Mas não isso significa desistir, mas justamente o oposto. Continuar a lutar, a testemunhar, para que as coisas mudem. Ser testemunhas de justiça, de diálogo, de humanidade é a única maneira de não se tornar cúmplices. Aquele pouco de bem que ainda existe deve ser cultivado, com amor, determinação, dia a dia. Porque nunca é tudo sombrio. Uma coisa que caracteriza as sociedades realmente democráticas é a liberdade de expressão, de pensamento.

Desse ponto de vista, que ideia fez do “caso Scurati”?

Uma coisa horrível. Pobre Scurati (intelectual italiano duramente atacada pelo fascismo na Itália). Uma coisa maluca. Maluca, mas não isolada. Vou lhe dizer uma coisa: justamente ontem concedi uma entrevista para a Rai uno. Não passaram nem um terço do que eu disse. É realmente muito difícil hoje falar, se expressar, com a edição que corta tudo que não lhe agrada. E também os jornais, não faz muita diferença. O que parece incômodo ou fora de linha, zac, é cortado. Assim é muito difícil, quase inútil, falar. Não se chega ao cerne da questão.

Eu me pergunto como consegue comemorar o 25 de abril. O que festeja? O mundo foi governado durante muitos anos pela direita, uma direita moderada, até mesmo Winston Churchill era uma sua expressão...

Havia uma direita moderada na Itália na época da Democracia Cristã, que dialogava com os socialistas e os comunistas. Hoje é outra história.

Uma história feia.

Por que é tão difícil, quase impossível, para aqueles que hoje governam a Itália pronunciar a palavra antifascismo?

É proibido. Parece uma blasfêmia.

Significa que não se quer acertar totalmente as contas com a própria história?

Nunca o fizeram. Isso vale para a Itália, mas também para a Europa, que não acertou as contas com seu passado. Até certo ponto, de forma mínima, a Alemanha o fez, e nenhum outro país. Certamente não a Itália.

Que, para se consolar e se absolver, ficou nos “italianos, brava gente”.

Brava gente, aqueles que vendiam judeus aos nazistas para deportá-los? Aqueles que baixavam a cabeça e os muitos que aplaudiam as leis raciais? Não se quis acertar as contas completamente com o fascismo, assim como com o antissemitismo, todos esses “ismos” ficaram ali e despontam na primeira oportunidade.

Uma das páginas mais trágicas da história daqueles anos, para a Itália, foi o massacre das Fossas Ardeatinas. Por que quem governa a Itália hoje define e condena aquele massacre como um massacre nazista, esquecendo as responsabilidades dos fascistas? Mas o que esperar daqueles que definiram as SS mortas na Via Rasella como um bando de músicos aposentados! Pura loucura.

A primeira coisa que vi, quando cheguei à Itália em 1954, foram as Fossas Ardeatinas. Eu tinha um amigo e para me convencer de que não tinha sido fascista, ele me levou para as Fossas Ardeatinas e me fez ver o túmulo de seu pai, com sua foto, trucidado ali. Para me garantir de que ele não era fascista, porque eu tinha medo que tivesse sido.

A cultura hoje está ajudando a salvaguardar essa memória histórica?

Não, não me parece. Claro que tem Scurati, Erri De Luca, eles fazem alguma coisa, nós fazemos alguma coisa, além das testemunhas do Holocausto como eu. Tenho testemunhado há 64 anos, escrevi uma avalanche de livros. E vou continuar, apesar da idade e das doenças, porque nunca é suficiente. Porque é muito importante especialmente para os jovens. Nesse sentido, considero-me uma pessoa de sorte porque tenho sido retribuída pelos jovens, e continuo a ser.

O que é que em todos esses anos, na relação que a senhora teve com milhares de jovens de gerações diferentes, ouviu perguntar mais?

Se eu perdoo, se acredito em Deus, se odeio. Eu não posso perdoar. Se perdão, no entanto, significa não odiar, então posso dizer sim. Porque não sei o que é ódio. Eu nunca odiei ninguém. Nem mesmo os piores nazistas. Faziam-me pena. Em outras palavras, não sabiam o que estavam fazendo. Também os jovens da Hitler-Jugend, a Juventude Hitlerista, quando nos olhavam e juntavam saliva para cuspir em nós na desinfestação. Estávamos nuas, eles cuspiam nas nossas partes íntimas, eu me perguntava o que a minha pobre mãe teria dito, pobres criaturas não sabem o que estão fazendo, no sentido que foram desumanizados pela escola nazista. Desumanizados eles, não eu. Eu realmente não sei o que é o ódio. Não quero colocar o nome de Deus nisso. Agradeço por estar totalmente livre do ódio. Pena, pena sim. Por aquelas pessoas que riam enquanto cuspiam na gente, pessoas desumanizadas, desprovidas de sentimentos humanos. Falo de humanidade, não de religião. A religião fez tantos desastres no mundo.

Ainda hoje as pessoas lutam e morrem em nome da fé religiosa.

Deus só é usado para matar. Deus, Alá… O nome de Deus usado para matar. Se isso é fé, não sei mais o que é fé.

Uma pessoa que a senhora conhece muito bem, o Papa Francisco, por ter usado a metáfora da bandeira branca, foi alvo de críticas.

Ele foi alvo de diversas coisas, por aberturas corajosas, não só em matéria de paz, mas também de quando disse que abençoaria também os casais homossexuais. Acredito que viva tudo isso muito mal. Ele tenta dizer coisas que a cúria não gosta. Para a cúria e também para o exterior. O povo em geral aplaude porque o Papa é sempre o Papa. O povo vai sempre atrás do poder. Não sabe o que está aplaudindo, mas o faz. Talvez se sinta mais protegido, mais seguro. Sua identidade é fortalecida quando se identifica com alguém, com um chefe, até mesmo com a pior pessoa do mundo. Aplaudiu Mussolini, aplaudiu Hitler...

Investir no futuro, nos jovens. Com base na experiência extraordinária que continua a acompanhar a sua vida, existe neles uma semente de esperança?

É difícil e errado generalizar. Minha experiência pessoal é certamente positiva. Sobre isso posso testemunhar. Falei com milhares de jovens. Pelas suas cartas, pelas suas respostas, posso dizer que algo chegou até eles. Muitos choraram comigo. Nos últimos vinte anos eu chorei e eles choraram. Mesmo neste período, em que por motivos de saúde não posso ir às escolas, eles me escrevem muitas cartas, o tempo todo. Tenho esperança. Espero que mesmo que tenham mudado dez ou vinte, cumpri o meu dever moral.

A escola deveria fazer alguma coisa. Mas faz muito pouco e mal. A escola ensina pouco sobre o passado, porque o passado deve ser removido, deve ser negado, deve ser mistificado. E a família também. Não há relação entre os jovens e seus pais.

Sem falar nos idosos, que não contam nada, que não são ouvidos. Que tormento, falam os avós. A comunicação também não fala dos idosos. Por que não tratamos disso? Eu sugeri isso para um jornalista amigo meu e ele me disse que vai fazer isso, vai entrevistá-los até nos lugares horríveis que são alguns centros de internação. Queremos jogar fora os idosos como se fossem lixo? É uma sociedade desumana aquela em que os idosos são excluídos, mortificados, tratados como lixo vivo.

Fui um pouco dura, eu sei, mas é o que vem do meu coração. Contudo, quero concluir com alegria e esperança: Viva o 25 de abril. Deveria durar o ano todo.

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