16 Abril 2024
“Enfrentamos o desafio de mudar; assumir a liderança de uma maneira nova, talvez diferente do que aprendemos em nossa formação ... Ou do que vivemos como bispos em nossas dioceses”, disse o presidente do episcopado, Dom Oscar Ojea, ao se dirigir aos seus pares na homilia da missa que inaugurou, na cidade portenha de Pilar, a assembleia da hierarquia católica que durará até a próxima sexta-feira. O apelo do chefe da diocese de San Isidro vai ao encontro das mudanças solicitadas pelo Papa Francisco, que incluem também os dirigentes da Igreja, o que ficou evidente nas iniciativas sinodais.
A reportagem é de Washington Uranga, jornalista e pesquisador em comunicação argentino, publicada por Página|12, 16-04-2024.
“Esta reforma sinodal e missionária me lembra as mudanças do Concílio Vaticano II, mudanças que colocaram em crise muitas pessoas que não reconheceram nessas mudanças a Igreja na qual foram formadas”, disse Ojea, aludindo – sem qualquer menção explícita – à resistência que dentro do mesmo corpo eclesiástico tem recebido as propostas do Papa Jorge Bergoglio. “Somos chamados – continuou o presidente da Conferência Episcopal – a dar novos passos que, talvez, nos façam sentir menos seguros porque levará tempo para que novas estruturas e novas modalidades se cristalizem”. Para depois sublinhar que "quem tem fé não tem medo da mudança e, se às vezes aparece o sentimento de medo, ainda assim é encorajado a seguir em frente porque acredita que o Senhor da história apoia essa mudança na Igreja, apoia o povo e está apoiando a própria Igreja”.
Na mesma linha de raciocínio, Ojea apelou a “rever as nossas estruturas de participação episcopal para melhor favorecer a nossa colegialidade e a nossa comunhão” e disse que “seria bom perguntar-nos se as organizações da Conferência Episcopal funcionam adequadamente para conseguir ser um Igreja sinodal e missionária”.
A assembleia episcopal, para a qual foram convocados 97 bispos de todo o país, começou na tarde de segunda-feira com o “intercâmbio pastoral”, momento em que membros da hierarquia católica apresentam a situação nas respetivas dioceses a partir da sua perspectiva religiosa e pastoral.
As deliberações são chefiadas por Ojea, bispo de San Isidro e na qualidade de presidente, juntamente com os membros da Comissão Executiva que inclui também dom Marcelo Colombo, arcebispo de Mendoza e primeiro vice-presidente; dom Carlos Azpiroz Costa, arcebispo de Bahía Blanca e segundo vice-presidente; e dom Alberto Bochatey, bispo auxiliar de La Plata e secretário geral da Conferência Episcopal Argentina (CEA).
“Incentivar a sinodalidade é trabalhar juntos, pensar juntos e discernir juntos. Mas também é prestar contas, é deixar-nos questionar. Trata-se de viver uma liderança humilde e prestativa no estilo de Jesus”, disse Ojea aos seus colegas bispos.
A agenda da reunião episcopal incluiu também a reflexão sobre “a realidade do tráfico de drogas” e um bloco dedicado às “novas linguagens culturais e dinâmicas de comunicação típicas do tempo atual”. Num outro momento, “os bispos dedicarão o dia ao aprofundamento dos vínculos entre sinodalidade e colegialidade”, tendo em conta a agenda de reflexão proposta pelo Papa Francisco nos sínodos de toda a Igreja Católica, cuja próxima etapa ocorrerá em outubro deste ano em Roma.
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Argentina: Dom Oscar Ojea apelou a novas formas de liderança na Igreja. Artigo de Washington Uranga - Instituto Humanitas Unisinos - IHU